quinta-feira, 3 de novembro de 2016

Não é necessário esperar a velhice para ser você mesmo

Perguntei a homens e mulheres de 40 a 65 anos: "O que você quer ser e fazer quando envelhecer?".
As respostas mais frequentes foram:
1. Ter mais tempo para cuidar de mim mesmo e fazer as coisas que eu gosto;
2. Voltar a estudar (inglês, francês, filosofia, psicologia, história...);
3. Aprender uma coisa nova (tocar um instrumento, fotografar, surfar, dançar...);
4. Fazer coisas que sempre quis fazer, mas nunca tive coragem (escrever um livro, pintar um quadro, cantar...);
5. Viajar e sair mais com os amigos;
6. Curtir mais o marido, esposa, namorado, namorada, filhos, netos;
7. Caminhar, nadar, fazer ginástica e ir à praia todos os dias;
8. Ler muito mais e ir mais vezes ao cinema, teatro e shows;
9. Reformar e decorar a casa;
10. Simplificar a vida (guardar só o que uso, preciso e gosto).
É fácil perceber que eles desejam coisas que poderiam ter em qualquer fase da vida. Por que então esperar envelhecer?
Eles disseram que só mais velhos terão mais tempo e liberdade para fazer o que realmente gostam e querem.
Uma professora de 63 anos disse: "Tenho uma certa urgência de aproveitar o tempo da melhor forma possível. Não deixo mais para amanhã o que quero fazer hoje. Sei que a vida é muito curta, o tempo passa muito rápido. Não quero desperdiçar o meu tempo ou simplesmente deixar o tempo passar. O tempo para cuidar de mim passou a ser uma prioridade e, para isso, precisei me libertar e me desapegar de muitas coisas, pessoas e obrigações".
Ela disse que somente "depois de velha" descobriu como ser mais verdadeira, livre e feliz.
"Depois dos 60 anos passei a ter a coragem de ser eu mesma, de fazer o que eu tenho vontade de fazer. Me arrependo profundamente de não ter começado a minha libertação mais cedo. Perdi muito tempo da minha vida tentando agradar e cuidar de todo mundo e me esqueci de mim mesma".
Muitos acreditam que só mais velhos irão conquistar a liberdade e a sabedoria para aproveitar melhor o tempo e, assim, parar de tentar responder desesperadamente às expectativas e demandas dos outros.
Aprendi com meus pesquisados a me fazer duas perguntas fundamentais:
O que eu quero ser e fazer quando envelhecer? Por que não posso ser mais livre para "ser eu mesma" desde agora?


Texto de Mirian Goldenberg, na Folha de São Paulo.

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