Segundo o relato de Barbosa, os policiais queriam revistá-lo e ele se negou. Diante da insistência da Brigada, muitas pessoas que circulavam pela Redenção se juntaram ao redor do representante da Rede Mocambos em apoio, quando mais três viaturas chegaram ao local. O objetivo da polícia era levar o ativista para uma delegacia, o que foi evitado graças aos populares que presenciaram a situação e os demoveram da ideia.
Em seguida, Barbosa mostrou sua carteira de identidade para os policiais e, após a intervenção do 9º Batalhão, foi liberado. Depois do episódio, ele seguiu para a palestra na mesa “Direitos Humanos, Comunicação e Juventude”, sob gritos de participantes que repetiam “não acabou, tem que acabar, quero o fim da Polícia Militar”.
“Precisamos de mais movimentos como o que fizeram agora, defender os nossos. O negro é sempre suspeito, atravessando a rua, andando no parque, indo no banheiro; a polícia sempre nos considera suspeitos. Suspeitos de quê? Vemos na polícia uma herança escravocrata e racista. A gente precisa desmilitarizar a policia, que todo o dia mata jovens negros nesse país”, avaliou Barbosa, que é gaúcho de Pelotas, mas mora em Pernambuco. A polícia no Rio Grande do Sul, na opinião dele, “é muita racista e truculenta.”
Nas redes sociais
Logo após a ocorrência, o caso já circulava nas redes sociais, onde o vereador Alberto Kopittke (PT) postou fotos e escreveu um registro da situação: “Uma situação simbólica para reflexão: agora na Redenção um jovem negro foi abordado pela Brigada Militar. Ele entregou sua identidade e se identificou. O policial ordenou que ele o acompanhasse até a delegacia. O rapaz se recusou porque disse que não havia motivo algum para ele ser conduzido. O Brigadiano deu voz de prisão a ele. Dezenas de pessoas que participavam das atividades do FSM foram até ali para evitar que o rapaz fosse levado sem motivo algum. Em 5 minutos, mais de 40 Brigadianos estavam no local. Após minutos de tensão, já com meios de comunicação presentes, o Tenente Coronel Marcus Vinicius chegou ao local e estabeleceu o diálogo e liberou o rapaz. Ele aguardava para palestrar sobre racismo, juventude e direitos humanos no Fórum Social Mundial”.
“Acredito que não houve motivação racista”, diz BM
Conforme a Brigada Militar, Barbosa foi abordado por dois policiais do 4º Regimento de Polícia Montada em uma operação considerada regular, quando eles pediram que ele se identificasse. Ele inicialmente se negou, mas após ser informado de que poderia ser conduzido à delegacia, forneceu sua carteira de identidade, segundo a Brigada. Com o tumulto, o 9º Batalhão da Polícia Militar foi chamado para mediar o conflito. “Enquanto estava sendo feita a abordagem, chegou o pessoal do Fórum e nisso se iniciou o tumulto. Mas em seguida os policiais disseram que já estava tudo certo, não teria mais problemas. Então entreguei a carteira de volta e falei que ele estava liberado e liberei também os policiais”, relata o tenente-coronel Marcus Vinícius Oliveira.
Apesar de não estar presente no momento da abordagem, ele aponta que a polícia geralmente a realiza quando suspeita de alguém. “Os policiais que abordaram eram negros, acredito que não tenha havido motivação racista. Até porque a Brigada não tem essa motivação e sempre que há desvio de conduta nesse sentido adotamos procedimentos para que isso não ocorra mais”, afirmou, dizendo também que tanto os policiais quanto as pessoas que interviram na situação se comportaram de forma regular, não causando maiores problemas.
Reportagem de Débora Fogliatto, para o Sul 21, via Jornal GGN.
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