quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

Morre o diretor italiano Ettore Scola

Morre o diretor italiano Ettore Scola

Cineasta estava em coma desde domingo em Roma
O diretor Ettore Scola, um dos nomes mais importantes do cinema italiano, morreu nesta terça-feira, aos 84 anos. Ele faleceu no departamento cardiológico do hospital Policlino, em Roma, onde estava em coma desde domingo.

Scola nasceu no dia 10 de maio de 1931, em Trevico, e estudou Direito em Roma. Estreou no cinema em 1964 com a comédia "Fala-se de Mulheres". Após 10 anos, ele ganhou o Prêmio César de melhor filme estrangeiro com "Nós que Nos Amávamos Tanto". No Festival de Cannes, Scola venceu na categoria de melhor diretor por "Feios, Sujos e Malvados" e por melhor roteiro com "O Terraço".

O primeiro-ministro italiano, Matteo Renzi, lamentou a morte de Scola. Segundo ele, Scola dominava a "incrível capacidade de leitura da Itália, desde sua sociedade até suas mutações, sentimentos ao longo do tempo e consciência social", afirmou o premier. 

Trajetória

Aos 16 anos, Ettore Scola começou a colaborar em uma revista satírica da época, "Marco Aurelio", primeiro como cartunista e, depois como jornalista que escrevia pequenos "quadros" da vida italiana. Lá conheceu aquele que seria um de seus grandes amigos, Federico Fellini.

A partir de 1950, trabalhou no cinema, escrevendo vários roteiros, antes de passar para o outro lado da câmera em 1964 com seu primeiro filme, "Fala-se de Mulheres", com a participação de Gassman, Mastroianni e Manfredi. Um de seus longas mais famosos foi "Nós que nos amávamos tanto", em que Manfredi, Gassman e Stefano Satta Flores se apaixonam pela deslumbrante Stefania Sandrelli.

Três anos depois, em 1977, dirige "Um dia muito especial", produção mais política e de grande sensibilidade, em que Marcello Mastroianni e Sophia Loren se descobrem em um amor incipiente, mas impossível, tendo como pano de fundo o fascismo triunfante. Com um filme anterior de Scola, "Ciúme à italiana" (1970), Mastroianni ganhou a Palma de melhor ator no Festival de Cannes. 

A Cidade Eterna é a protagonista de "Gente de Roma", sua penúltima obra, filmada em 2003, um passeio aparentemente sem rumo de ônibus para descobrir aspectos pouco conhecidos do povo. Esquerdista convicto, ligado ao Partido Comunista de Enrico Berlinguer e, mais recentemente, ao Partido Democrata, o cineasta também explorou com brio a história revolucionária da França, em "La Nuit de Varennes" (1982).

Ettore Scola militou no Partido Comunista Italiano (PCI) e foi ministro da Cultura de um "gabinete sombra" formado em 1989 pelos dirigentes comunistas italianos. Seu último filme "Que estranho chamar-se Federico - Scola conta Fellini" foi um nostálgico documentário sobre Fellini, lançado em 2013.

Reprodução do Correio do Povo

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