quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

Morre o diretor de fotografia Vilmos Zsigmond, o "poeta da imagem"

Morre o diretor de fotografia Vilmos Zsigmond, o "poeta da imagem"

Ele ganhou importantes prêmios por seu trabalho no cinema
Morreu na última sexta-feira o diretor de fotografia Vilmos Zsigmond. Ele tinha 85 anos e estava em sua casa, em Big Sur, na Califórnia. A causa da morte ainda não foi divulgada.

Ele nasceu em 30 de junho de 1930 em Budapeste, filho de um célebre jogador de futebol da época. Herdou o nome do pai (Vilmos) mas não o seu talento com a bola. Desde cedo interessou-se pelo cinema. Cursou a Academia, mas, ao invés de tornar-se diretor, optou pela fotografia.

Em 1962, tornou-se cidadão norte-americano. Estabeleceu-se em Los Angeles, foi técnico em laboratórios de imagem e começou a fotografar filmes de baixo orçamento, nos quais, muitas vezes, era identificado com "William" Zsigmond. Em 2003, a International Cinematographers Guild colocou-o na lista dos dez maiores e mais influentes diretores
de fotografia de todos os tempos.

Foi em 1963, com "The Sadist", que Zsigmond obteve seu primeiro crédito como diretor de fotografia em Hollywood. Ele seguiu fotografando nos anos seguintes, mas só em 1971 ganhou a projeção que mudou tudo em sua vida (e carreira). Naquele ano, fotografou "McCabe & Mrs. Miller", western de Robert Altman que foi lançado no Brasil como "Onde os Homens são Homens". 

Ninguém, em sã consciência, esperaria um western tradicional de Altman e o diretor de Mash não apenas filmou uma paisagem gelada como boa parte da ação se passa 'indoors', num bordel. Também em 1971, Peter Fonda chamou-o para fotografar "Pistoleiro sem Destino". A lista de diretores importantes com quem trabalhou inclui Altman (de novo, "Um Perigoso Adeus"), Michael Cimino ("O Franco Atirador" e "Portal do Paraíso"), Brian De Palma ("Trágica Obsessão" e "Um Tiro na Noite"), Woody Allen ("Melinda e Melinda" e "Você Vai Conhecer o Homem dos Seus Sonhos").

Como diretor de fotografia, não apenas gostava de usar filtros como desenvolveu a técnica chamada de flashing ou pre-fogging. Basicamente, ela pode ser definida como a exposição do negativo a uma emissão controlada de luz que cria uma nova paleta de cores, além de dar textura à imagem. Por isso mesmo, muitos críticos - e diretores com quem trabalhou - o chamavam de "poeta da imagem". 

Como seu amigo Laszlo Kovacks, que também fez carreira brilhante em Hollywood - fotografando B movies e, em 1969, dando o grande salto com "Sem Destino", de Dennis Hopper -, Vilmos foi decisivo na deflagração daquilo que se chamou de "Nova Hollywood". Ele próprio dizia que gostaria de ter ousado muito mais e reconhecia - quando se está do lado fraco da trincheira, como ele, em 1956, você carrega pela vida afora o desejo de mudar. Foi o que fez. 

Aos 68 anos, em 1999, Vilmos Zsigmond ganhou o Life Achievement da Associação Norte-Americana de Cinematografistas. Em 2015, aos 84, foi a vez de o Festival de Cannes lhe outorgar um prêmio de carreira. Como parte da homenagem, foi exibido o documentário "Laszlo & Vilmos - No Subtitles Necessary". 

Nos anos 1950, Vilmos Zsigmond e Laszlo Kovacks eram dois jovens formandos em Budapeste quando irrompeu o movimento popular de protesto contra a dominação soviética. A (então) URSS reprimiu o movimento com violência. Eles ão apenas testemunharam os eventos com os filmaram. "Hungarian Revolution in Budapest 1956" foi o passaporte de ambos, que fugiram para a Áustria e, dali, para os Estados Unidos.

Reprodução do Correio do Povo
Comentário rápido: tantos filmes vistos, e eu não sabia da existência deste camarada.

Nenhum comentário:

Postar um comentário