Acabou a semana e a gente ficou sem saber ao certo se patriotismo é MASSA ou PAIA, pra usar os termos de um amigo que divide a vida, o universo e tudo o mais nessas duas categorias. A vitória da seleção foi massa, a pancadaria com os manifestantes fora do Maracanã foi paia --e é meio complicado isso de torcer com uma das mãos, protestar com a outra, ficar deitado no berço esplêndido e ao mesmo tempo fazer gol, que nem o Fred. Haja habilidade multitarefa pra ser brasileiro-com-muito-orgulho-com-muito-amor (e o salário, ó).
De todo modo, tendo a concordar --com ressalvas-- com o Samuel Johnson, que dizia que o patriotismo é o último refúgio dos canalhas, e com o Millôr argumentando que, no Brasil, é o primeiro. Sou patriota apenas socialmente, quando a seleção disputa torneio importante ou quando a causa é boa, o que é raro (por exemplo, eleições diretas em meados dos anos 80 --sim, amiguinhos, eu já existia nessa época; sou uma espécie de Oscar Niemeyer das redes sociais). E olhe lá. "Meu país, certo ou errado" nunca foi a minha.
Hoje, porém, quero falar da bandeira do Brasil, que já ostentava essas cores carnavalescas bem antes de haver Carnaval por aqui. Espero estar errado, mas minha sensação é que uma bandeira com coisas escritas é receita certa pra zica. Nem falo do latim errado da bandeira mineira ("libertas quae sera tamen" é "a liberdade que, embora tardia"; falta um pedaço do verso do poeta Virgílio), e sim do ÓRDI e POGREÇO mesmo.
Como vocês devem saber, o lema positivista é "amor, ordem e progresso" (o amor por princípio, a ordem por base, o progresso por fim). Há alguns anos, o compositor Jards Macalé defendeu a volta do "amor" aos dizeres da bandeira. Se isso tiver o mesmo efeito da "ordem" e do "progresso" que já estão lá há tanto tempo, só posso prever que os brasileiros vão se TRUCIDAR uns aos outros. Sim, ainda mais.
Mas pode ser só uma questão de adaptar a frase da bandeira pra que ela retrate melhor o nosso Bananão amado, e não de apagar o que está escrito. Sempre vi com simpatia o "trabalha e confia" da bandeira do Espírito Santo (embora trabalhar canse e seja sempre melhor desconfiar) e o "nego" da bandeira da Paraíba (apesar da minha decepção infantil ao descobrir que era nego do verbo negar, e não "nêgo").
Assim, resolvi fazer uma coluna INTERATIVA e peço a colaboração de vocês. Vote na enquete abaixo e escolha a frase que você acha que deve constar do auriverde pendão da nossa terra, por combinar mais com o país. Não ofereço prêmio, mas o que é um reles prêmio em dinheiro diante da sensação de ajudar a fazer um país melhor e, sobretudo, do prazer de apertar botãozinho na internet? Vamos lá, cidadãos, exerçam aí.
Reprodução do blog Factoides, do "F5", na Folha de São Paulo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário