segunda-feira, 29 de julho de 2013

Ao negar golpe, EUA enviam mensagem confusa ao mundo

Ao negar golpe, EUA enviam mensagem confusa ao mundo
MATTHEW LEEDA ASSOCIATED PRESS

Por décadas, Exércitos estrangeiros que recebem ajuda dos Estados Unidos souberam que derrubar seus líderes eleitos significaria suspensão dessa ajuda.
Depois do Egito, isso parece não ser mais verdade, apesar de uma lei exigir que assim ocorra se Washington determinar que houve golpe.
O governo Obama fez uma manobra legal para não decidir que a expulsão pelo Exército egípcio de seu primeiro presidente livremente eleito foi um golpe.
Isso abriu uma brecha para driblar a lei. O caso envia uma mensagem confusa, que terá impacto, além do Egito, em outras democracias frágeis, ou nem tão frágeis, com soldados infelizes com os resultados das urnas.
"A lei não nos obriga a determinar formalmente se um golpe aconteceu, e não é do interesse nacional fazer tal discriminação", disse Jen Psaki, porta-voz do Departamento de Estado, na sexta.
Essa interpretação da lei pode surpreender militares.
Exceções já foram feitas antes, notavelmente no caso do Paquistão. Ajuda ao país foi suspensa em 1999 quando o Exército derrubou o premiê Nawaz Sharif, agora de volta ao posto. A ajuda foi retomada por um decreto do Congresso em 2001 por questões de segurança nacional.
Essa solução no Egito exigiria admitir que houve um golpe, o que levaria ao corte da ajuda anual de US$ 1,5 bilhão dos EUA ao país. Mas negar o golpe contrasta com fatos incontestáveis de que o Exército removeu Mohammed Mursi do poder.
Aplicar seletivamente a lei põe em dúvida o compromisso dos EUA com essa causa mundo afora.


Reprodução da Folha de São Paulo.

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