O desabamento do prédio de uma fábrica de roupas em Bangladesh que matou mais de 1.100 pessoas é um desses acontecimentos que parecem unir trabalhadores, governos e empresas no empenho para evitar outros desastres.
Grandes lojas europeias, como Carrefour, H&M e Marks & Spencer, concordaram com um plano para melhorar a segurança das confecções em Bangladesh. Mas elas vão enfrentar uma desvantagem competitiva de gigantes do varejo americanas, como Gap e Wal-Mart, que se recusaram a participar da iniciativa, citando temores de obrigações legais.
Alguns dizem que esses temores são exagerados e refletem a obsessão pelas indenizações legais nos Estados Unidos em detrimento dos trabalhadores cujas vidas correm perigo.
Advogados trabalhistas afirmam que as empresas deveriam ter adotado mais cedo um plano de segurança no trabalho, especialmente depois do incêndio em uma fábrica em Bangladesh que matou 21 trabalhadores, em 2010.
"Essa era a coisa certa a fazer três anos atrás -mas eles não fizeram", disse ao "Times" Ineke Zeldenrust, coordenador da Campanha Roupas Limpas, que combate as chamadas "sweatshops" -oficinas com péssimas condições de trabalho.
As empresas relutam em gastar dinheiro para tornar as fábricas mais seguras, apesar de a despesa com isso ser apenas uma fração dos US$ 18 bilhões em roupas exportados anualmente por Bangladesh, relatou o "Times".
A luta para proteger trabalhadores em Nova York se concentrou em uma lei que exigia que mais companhias privadas oferecessem licença de saúde para seus empregados. Embora a medida se destinasse a oferecer uma rede de proteção para os trabalhadores mais vulneráveis da cidade, na maioria imigrantes que trabalhavam como faxineiros e funcionários de restaurantes, a presidente da Câmara Municipal, Christine C. Quinn, bloqueou a votação durante três anos, relatou o "Times". Quinn afirmou que a economia estava "frágil demais para impor novos custos às pequenas empresas".
Quinn, que é candidata a prefeita, está trabalhando agressivamente para reforçar suas ligações com a comunidade empresarial. Ela finalmente chegou a um compromisso com os defensores do projeto, depois do "rufar de tambores constante de entrevistas na imprensa pedindo que ela permitisse a votação e apelos emocionados de sindicatos, autoridades e ativistas".
Regulamentos de segurança fracos não são apenas um assunto de países em desenvolvimento como Bangladesh. Uma aversão ao poder regulatório no Texas contribuiu para a enorme explosão em uma fábrica de fertilizantes na pequena cidade de West. Catorze pessoas morreram, 200 ficaram feridas e a explosão arrasou grande parte da cidade. Ela colocou sob um novo foco os perigos que representam os setores industriais do Estado, que já tem um triste histórico de mortes em locais de trabalho.
Mas a reação foi mista. "A atitude de 'laissez-faire' sobre a supervisão e a regulamentação do governo tem de ter algum impacto nas medidas de segurança", disse ao "Times" o senador estadual Rodney Ellis, democrata.
Outras autoridades, como Tommy Muska, prefeito de West, disseram ao "Times" que maior rigidez nas regras de segurança contra incêndio ou no zoneamento não teriam salvo sua cidade. O governador Rick Perry também insiste que não há necessidade de mais regulamentos. Os texanos, disse ele, "estão satisfeitos com esse nível de supervisão".
Texto de Nadia Taha, para o The New York Times, reproduzido na Folha de São Paulo.
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