Escritor Eduardo Galeano morre no Uruguai
Jornalista tinha 74 anos e faleceu em Montevidéu
O jornal El País, do Uruguai, noticiou na manhã desta segunda-feira a morte do escritor Eduardo Galeano, aos 74 anos. Segundo o periódico, Galeano faleceu na sua cidade natal, Montevidéu. A informação do falecimento foi confirmada pelo ensaísta e tradutor Eric Nepomuceno, cujo irmão é casado com a filha do uruguaio.
De acordo com o jornal, Galeano estava internado no hospital del Casmu há vários dias e seu estado de saúde era considerado grave. No dia 1º de março, ele recebeu o presidente da Bolívia Evo Morales em sua casa, mas para atender a visita teve que fazer um grande esforço já que não estava bem de saúde.
Jornalista e ensaísta, Galeano começou a vida no jornalismo como caricaturista e cronista. Seus primeiros trabalhos eram assinados com pseudônimo Gius, que seria a pronúncia do seu sobrenome Hughes, excluído dos seus trabalhos literários.
Autor de obras referenciais, como "As Veias Abertas da América Latina' (1971) e "Memória de Fogo" (1982-86), Galeano gostava de transcender gêneros ortodoxos, combinando narrativa documental, jornalismo, análise histórica e política. O que os une é sua obsessão pela memória, "sobretudo a dos condenados ao esquecimento".
Galeano, será principalmente lembrado por sua principal obra, "As Veias Abertas da América Latina', que marcou a literatura e a resistência do continente. Ali, ele impunha uma questão primordial naqueles anos 1970: o subdesenvolvimento é uma etapa no caminho do desenvolvimento ou é consequência do desenvolvimento alheio? "Uma criança e um anão se parecem, mas não são a mesma coisa", disse ele ao Estado em 2005, quando refletiu sobre aquela obra. "Não estamos vivendo a infância do capitalismo, somos um produto deformado do desenvolvimento alheio. Não há nenhuma riqueza que seja inocente da pobreza dos outros. O abismo que separa os que têm dos que necessitam é hoje muito maior do que quando eu escrevi o livro."
As Veias Abertas analisa a história da América Latina desde o período colonial até a contemporaneidade, argumentando contra o que considera como exploração econômica e política do povo latino-americano primeiro pela Europa e depois pelos Estados Unidos. O livro tornou-se um clássico entre os membros da esquerda latino-americana.
Apesar de sempre ser badalado por esse livro, Galeano revelou-se cético diante da própria obra. "Depois de tantos anos, já não me sinto mais ligado a esse texto", disse o escritor em 2014, em Brasília, durante a 2ª Bienal do Livro e da Leitura. "O tempo passou e descobri diferentes maneiras de conhecer e de me aprofundar na realidade. Considero uma etapa superada. Se eu relesse a obra hoje, cairia desmaiado, não iria aguentar", completou, em tom de brincadeira. "Para mim, essa prosa da esquerda tradicional é extremamente árida, e meu físico já não a tolera."
De acordo com o jornal, Galeano estava internado no hospital del Casmu há vários dias e seu estado de saúde era considerado grave. No dia 1º de março, ele recebeu o presidente da Bolívia Evo Morales em sua casa, mas para atender a visita teve que fazer um grande esforço já que não estava bem de saúde.
Jornalista e ensaísta, Galeano começou a vida no jornalismo como caricaturista e cronista. Seus primeiros trabalhos eram assinados com pseudônimo Gius, que seria a pronúncia do seu sobrenome Hughes, excluído dos seus trabalhos literários.
Autor de obras referenciais, como "As Veias Abertas da América Latina' (1971) e "Memória de Fogo" (1982-86), Galeano gostava de transcender gêneros ortodoxos, combinando narrativa documental, jornalismo, análise histórica e política. O que os une é sua obsessão pela memória, "sobretudo a dos condenados ao esquecimento".
Galeano, será principalmente lembrado por sua principal obra, "As Veias Abertas da América Latina', que marcou a literatura e a resistência do continente. Ali, ele impunha uma questão primordial naqueles anos 1970: o subdesenvolvimento é uma etapa no caminho do desenvolvimento ou é consequência do desenvolvimento alheio? "Uma criança e um anão se parecem, mas não são a mesma coisa", disse ele ao Estado em 2005, quando refletiu sobre aquela obra. "Não estamos vivendo a infância do capitalismo, somos um produto deformado do desenvolvimento alheio. Não há nenhuma riqueza que seja inocente da pobreza dos outros. O abismo que separa os que têm dos que necessitam é hoje muito maior do que quando eu escrevi o livro."
As Veias Abertas analisa a história da América Latina desde o período colonial até a contemporaneidade, argumentando contra o que considera como exploração econômica e política do povo latino-americano primeiro pela Europa e depois pelos Estados Unidos. O livro tornou-se um clássico entre os membros da esquerda latino-americana.
Apesar de sempre ser badalado por esse livro, Galeano revelou-se cético diante da própria obra. "Depois de tantos anos, já não me sinto mais ligado a esse texto", disse o escritor em 2014, em Brasília, durante a 2ª Bienal do Livro e da Leitura. "O tempo passou e descobri diferentes maneiras de conhecer e de me aprofundar na realidade. Considero uma etapa superada. Se eu relesse a obra hoje, cairia desmaiado, não iria aguentar", completou, em tom de brincadeira. "Para mim, essa prosa da esquerda tradicional é extremamente árida, e meu físico já não a tolera."
Reprodução do Correio do Povo.
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