quinta-feira, 13 de outubro de 2016

Morre italiano Dario Fo, prêmio Nobel de Literatura em 1997

Morre italiano Dario Fo, prêmio Nobel de Literatura em 1997

Escritor ganhou fama com a peça "Mistério Bufo"

 O italiano Dario Fo, prêmio Nobel de Literatura em 1997, morreu aos 90 anos, informou nesta quinta-feira a imprensa de seu país. "A Itália perde um dos grandes protagonistas do teatro, da cultura, da vida civil de nosso país", afirmou o primeiro-ministro Matteo Renzi ao prestar homenagem ao escritor.
"Sua obra satírica, sua busca, seu trabalho cênico, sua atividade artística de múltiplas facetas são a herança de um grande italiano do mundo", completou Renzi. Inconformista e observador de sua época, Fo, que também era ator, ganhou fama em 1969 com a peça "Mistério Bufo", uma epopeia sobre os oprimidos inspirada na cultura medieval. Na obra, o herói, um malabarista, estimula a rebelião com o sorriso.
A convocação à rebelião contra os poderosos e os hipócritas, com uma linguagem criativa, é um tema constante da obra Dario Fo. Entre suas obras teatrais mais conhecidas estão "A Morte acidental de um anarquista" e "Ninguém Paga, Ninguém Paga", entre outras.

Dario Fo pregou a criação de um teatro libertário

Ao lado de sua principal colaboradora, a mulher Franca Rame, Fo valorizava a importância do ator em cena, apontado não apenas como meramente um intérprete mas especialmente um criador.
Cada palavra dita em cena tem seu peso, pois os textos de Fo têm um face política, fortemente ligada à sua personalidade, e uma artística, renovadora e voltada ao passado. Autor de peças como Morte Acidental de Um Anarquista (sucesso no Brasil com Antonio Fagundes, Sérgio Britto e, ainda em cartaz, Dan Stulbach), Um Orgasmo Adulto Escapa do Zoológico (montagem-chave de Denise Stoklos), Brincando em Cima Daquilo (primeiro encenado por Marília Pêra) e Pegue e Não Pague (outro sucesso, com Gianfrancesco Guarnieri), Dario Fo ganhou o Nobel "porque seguiu a tradição dos trovadores medievais criticando o poder e restaurou a dignidade dos humilhados", segundo comunicado da academia sueca.
De fato, por conta de sua irreverência, ele foi processado mais de 40 vezes por "delito de opinião" e ainda censurado pela direita. Franca Rame foi sequestrada e estuprada por um grupo fascista em 1973. Mesmo assim, no ano seguinte, ele montou seu teatro (Coletivo Teatrale da Comuna) em Milão, em um edifício abandonado - o Palazzina Liberty. Lá, sempre pregou a criação de um teatro libertário, que tratasse de temas muito próximos do cotidiano, como sexualidade, violência e dignidade.


Reprodução do Correio do Povo.

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