quinta-feira, 6 de outubro de 2016

Dias piores virão

É impossível minimizar o tamanho da derrota eleitoral de Eduardo Paes e do PMDB na eleição municipal do Rio. Seu candidato, Pedro Paulo, foi o campeão do país em arrecadação de pessoas físicas (R$ 6,7 milhões). Teve uma coligação de 15 partidos que lhe garantiu mais tempo na TV do que qualquer outro.
E teve uma Olimpíada bem-sucedida, além de incontáveis obras inauguradas na maior reforma urbana que a cidade experimentou em mais de meio século. Paes estava tão seguro de que elegeria qualquer poste que bancou um candidato sem carisma e totalmente queimado pelas acusações —que não prosperaram na Justiça— de ter agredido a mulher. Sustentou-o mesmo contra a opinião da maioria do partido, mesmo quando o próprio Pedro Paulo quis desistir.
Não chegar sequer ao segundo turno contando com toda essa vantagem foi o maior "esculacho" que um prefeito poderia levar de seus governados. Paes era invejado pelos demais governantes por sua sorte de estar à frente do Rio em uma fase de ouro. Era visto como potencial presidenciável.
Agora, vai terminar seus oito anos de mandato mais pato manco do que nunca, com um oposicionista eleito bombardeando os pontos fracos de sua prefeitura e advertindo a população para a herança maldita. A derrota de Paes e do PMDB na capital marca o fim de uma década em que os três níveis de governo estiveram alinhados em prol do Rio. Iniciada no tempo de Lula e de Sérgio Cabral, essa sinergia foi muito benéfica à cidade.
Doravante, o futuro se anuncia sombrio: os peemedebistas que levaram o Estado à calamidade financeira já sinalizaram que vão se opor ao novo prefeito e torcer para o circo pegar (mais) fogo, até para terem alguma chance nas eleições de 2018. Se a situação do Rio já estava péssima quando havia alguma união, imagine-se o que vem por aí.


Texto de Marco Aurélio Canônico, na Folha de São Paulo

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