terça-feira, 20 de setembro de 2011

Palestinos acreditam em maioria no Conselho da ONU; Cisjordânia e Tel Aviv veem protestos

O ministro de Relações Exteriores da ANP (Autoridade Nacional Palestina), Riad al Malki, afirmou nesta terça-feira (20/09) de que a organização deverá obter a maioria de nove votos no Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) pelo reconhecimento do Estado palestino na entidade. Para que a votação chegue ao Conselho, ela precisará primeiro ser aprovada por maioria na Assembleia Geral. As informações são das agências EfeReutersAssociated Press e France Presse.

Também nesta terça-feira, a China, membro permanente do Conselho, manifestou seu apoio e disse compreender e apoiar as aspirações palestinas. "A China acredita que o estabelecimento de um Estado é um direito legal que não pode ser negado ao povo palestino. E é base e pré-condição para a coexistência pacífica entre a Palestina e Israel", disse o porta-voz Hong Lei. Para serem aprovadas no Conselho de Segurança, serão necessários nove votos entre os quinze integrantes.

Caso isso ocorra, os Estados Unidos, que também com assento permanente no órgão, serão obrigados a exercer o direito a veto à resolução, o que já prometeram fazer anteriormente. Os norte-americanos e israelenses são aliados históricos e os principais opositores à entrada dos palestinos no órgão. "Esperamos que os norte-americanos revisem sua posição e fiquem do lado da maioria das nações ou países que querem o apoio ao direito palestino de obter autodeterminação e independência", disse Malki. Os EUA, porém, querem evitar o desgaste do veto e tentam barrar a votação ainda na Assembleia Geral.

Agenda

Após cerca de um ano de negociações congeladas, o premiê israelense, Benjamin Netanyahu, pediu para se reunir com Abbas em Nova York, antes da Assembleia Geral. O líder palestino, por sua vez, disse que não teria qualquer objeção ao encontro, desde que o Estado judeu apresentasse reais alternativas, ou seja, "aceitando primeiro a (legitimação) das fronteiras de 1967 e interrompendo de forma completa os assentamentos. (...) Se for assim, não temos problema em reunir-nos com ele em Nova York, Palestina, Israel ou em qualquer parte do mundo para começar imediatamente as negociações políticas", declarou Malki.

Em defesa ao pedido palestino, Malki chegou a apresentar dados do FMI (Fundo Monetário Internacional), Banco Mundial e União Europeia para demonstrar que os territórios palestinos poderão ter viabilidade econômica. "Por que temos que ser diferentes e sermos tratados como inferiores ao resto? Não aceitamos ser menos, somos iguais e, às vezes, melhores que outros países", argumentou.

Medo

"Os Estados Unidos nos disseram de forma muito clara que não querem nossa ida nem ao Conselho de Segurança nem à Assembleia porque, para as duas opções, nos abririam as portas a sermos membros de distintas organizações e agências. Além disso, poderíamos assinar tratados como no TPI (Tribunal Penal Internacional) e levar Israel (a esse órgão) por sua ocupação", afirmou. "Não haverá necessidade de a Palestina ir ao TPI se Israel ceder em sua ocupação e deixar de agir como uma força de ocupação. A pressão não deve ser voltada à Palestina, que é uma vítima, mas voltada a Israel", afirmou.

Protestos 

Na Cisjordânia, colonos israelenses e camponeses palestinos trocaram pedradas após funcionários da ANP terem denunciado que os ocupantes judeus queimaram dezenas de hectares de terras cultivadas e cortaram centenas de plantações. A Cisjordânia é ocupada e colonizada por israelenses depois de 1967.

"Esta é a nossa terra e nenhum Estado palestino será estabelecido aqui", disse o organizador de uma das manifestações, Boaz Haetzni, que vive no assentamento de Kirytat Arba, perto da cidade palestina de Hebron, a maior da Cisjordânia.

Nas ruas de Tel Aviv, sob os gritos de “A Terra de Israel para o Povo de Israel”, colonos israelenses também protestaram contra o pedido palestino. 

Já em Ramallah, centenas de palestinos organizaram um protesto bem-humorado colocando uma poltrona gigante na praça de Al Manara em apoio à reivindicação pelo assento  nas Nações Unidas. A peça, de 6,5metros de comprimento e 3,5metros de largura, foi pintada em azul e branco, semelhante às dos países-membros.

"A poltrona simboliza o apoio do povo palestino à iniciativa do presidente Abbas para pedir sua plena adesão na ONU, um direito que os palestinos merecem", declarou Ayman Shteih, funcionário da OLP (Organização para a Libertação da Palestina). 





Notícia do Opera Mundi

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