Mais seguro com biografias, mercado editorial prepara novidades para 2016
Após decisão no STF, editoras devem publicar biografias de Roberto Carlos, Silvio Santos, entre outros no ano que vem
A melhor notícia de 2015 na área cultural será levada para 2016 e já se reflete no dia a dia de pesquisadores e editores, que se sentem mais seguros para tocar adiante projetos de biografias ameaçados, até a vitória por unanimidade no Supremo Tribunal Federal, pelos biografados e seus herdeiros. Desde junho, não é mais necessário pedir autorização prévia dos biografados ou dos detentores de seus direitos. A responsabilização por erros, injúria ou difamação segue garantida.
Na esteira da vitória da liberdade de expressão – a ministra Carmen Lúcia, do STF, chegou a usar a expressão “Cala a boca já morreu” em seu parecer – livros estão saindo da gaveta. O lançamento mais emblemático, previsto para 2016, será o da biografia de Roberto Carlos, escrita por Paulo Sérgio de Araújo, pelo Grupo Record. Não se trata, dizem autor e editora, daquele mesmo título tirado de circulação em 2007 depois de acordo entre o cantor e a editora Planeta.
Para o segundo semestre, a Companhia das Letras planeja obras sobre Silvio Santos, por Ricardo Valadares; Roberto Civita, por Carlos Maranhão, e Roberto Marinho, por Leonêncio Nossa, repórter do Estado. A editora também pensa numa biografia de Renato Russo. Esses são apenas alguns dos títulos planejados para o próximo ano.
A decisão do STF foi, possivelmente, o único motivo de alegria para o mercado editorial em 2015. Cada vez mais dependentes das compras governamentais, as editoras viram a crise que vinha se desenhando nos últimos anos se agravar agora, com adiamentos e cancelamentos de editais de compra de prefeituras, Estados e governo federal e com atrasos no pagamento. Editoras e gráficas demitiram, e o horizonte é sombrio.
Com base nos dados da mais recente pesquisa Produção e Venda do Mercado Editorial (Fipe), é possível dizer que o caminho leva à recessão. "Estamos diante de um ano muito desafiador e me preocupo com a saúde dos canais de venda", diz Marcos da Veiga Pereira, presidente do Sindicato Nacional de Editores. Por isso, a política do preço fixo do livro voltou a ser bandeira. E, com a alta do dólar, que interfere nos adiantamentos, muitas editoras foram às redes sociais em busca de best-sellers. Entre os destaques, dois nomes que estão na lista da Nielsen dos 10 autores brasileiros que mais venderam e que levaram uma pequena multidão à Bienal do Rio: Christian Figueiredo de Caldas e Kéfera Buchmann.
Livro de colorir foi o mais vendido no ano em que a Cosac Naify fechou
Com 1,2 milhão de exemplares vendidos, segundo a Sextante, Jardim Secreto foi o livro (aliás, discutiu-se muito sobre essa denominação) mais vendido do ano, de acordo com a Nielsen. Dezenas de editoras aproveitaram o embalo e lotaram as livrarias com livros para colorir. A moda fica em 2015.
Neste cenário, causou enorme comoção o anúncio do encerramento da Cosac Naify quase 20 anos depois de sua criação. Ironicamente, enquanto Charles Cosac tornava pública sua decisão - pessoal - um de seus livros, Tempo de Espalhar Pedras, de Estevão Azevedo, ganhava o Prêmio São Paulo de Literatura.
A Cosac Naify fez escola e elevou a qualidade da produção gráfica no País. Fará falta. Mas é importante registrar o esforço, com resultados (basta ver a lista do Jabuti), que as independentes têm feito no sentido de apresentar novos nomes. E é importante destacar duas estreias: da Carambaia, que lança obras em domínio público em boas traduções e edições caprichadas, e da Zazie Edições, idealizada para fazer da produção editorial um meio de intervenção no debate crítico, teórico e artístico contemporâneo. Ela só publicará obras digitais e a distribuição será gratuita.
Cancelamento da Jornada de Passo Fundo foi sentida
Além do fim da Cosac Naify, outra notícia que causou consternação foi o cancelamento da Jornada de Literatura de Passo Fundo, mais importante projeto de formação de leitores do País, e do afastamento da idealizadora Tânia Rösing da organização. R$ 2,5 milhões pagariam o evento, mas não houve apoio.
Em 2015, celebramos o centenário de A Metamorfose, de Kafka, os 150 anos de Alice No País das Maravilhas, de Carrol e os 50 anos da editora Perspectiva. E nos despedimos de Eduardo Galeano, Günther Grass, Nicolau Sevcenko, Peter Gay, Oliver Sacks, Ruth Rendel, Tomas Transtromer, Hélio Pólvora, Herberto Helder, Francisco Gonçalvez Ledesma, Carlos Urbim, Assia Djebar, Fausto Castilho, Pedro Lemebel - e do Museu da Língua Portuguesa, destruído por um incêndio.
Na esteira da vitória da liberdade de expressão – a ministra Carmen Lúcia, do STF, chegou a usar a expressão “Cala a boca já morreu” em seu parecer – livros estão saindo da gaveta. O lançamento mais emblemático, previsto para 2016, será o da biografia de Roberto Carlos, escrita por Paulo Sérgio de Araújo, pelo Grupo Record. Não se trata, dizem autor e editora, daquele mesmo título tirado de circulação em 2007 depois de acordo entre o cantor e a editora Planeta.
Para o segundo semestre, a Companhia das Letras planeja obras sobre Silvio Santos, por Ricardo Valadares; Roberto Civita, por Carlos Maranhão, e Roberto Marinho, por Leonêncio Nossa, repórter do Estado. A editora também pensa numa biografia de Renato Russo. Esses são apenas alguns dos títulos planejados para o próximo ano.
A decisão do STF foi, possivelmente, o único motivo de alegria para o mercado editorial em 2015. Cada vez mais dependentes das compras governamentais, as editoras viram a crise que vinha se desenhando nos últimos anos se agravar agora, com adiamentos e cancelamentos de editais de compra de prefeituras, Estados e governo federal e com atrasos no pagamento. Editoras e gráficas demitiram, e o horizonte é sombrio.
Com base nos dados da mais recente pesquisa Produção e Venda do Mercado Editorial (Fipe), é possível dizer que o caminho leva à recessão. "Estamos diante de um ano muito desafiador e me preocupo com a saúde dos canais de venda", diz Marcos da Veiga Pereira, presidente do Sindicato Nacional de Editores. Por isso, a política do preço fixo do livro voltou a ser bandeira. E, com a alta do dólar, que interfere nos adiantamentos, muitas editoras foram às redes sociais em busca de best-sellers. Entre os destaques, dois nomes que estão na lista da Nielsen dos 10 autores brasileiros que mais venderam e que levaram uma pequena multidão à Bienal do Rio: Christian Figueiredo de Caldas e Kéfera Buchmann.
Livro de colorir foi o mais vendido no ano em que a Cosac Naify fechou
Com 1,2 milhão de exemplares vendidos, segundo a Sextante, Jardim Secreto foi o livro (aliás, discutiu-se muito sobre essa denominação) mais vendido do ano, de acordo com a Nielsen. Dezenas de editoras aproveitaram o embalo e lotaram as livrarias com livros para colorir. A moda fica em 2015.
Neste cenário, causou enorme comoção o anúncio do encerramento da Cosac Naify quase 20 anos depois de sua criação. Ironicamente, enquanto Charles Cosac tornava pública sua decisão - pessoal - um de seus livros, Tempo de Espalhar Pedras, de Estevão Azevedo, ganhava o Prêmio São Paulo de Literatura.
A Cosac Naify fez escola e elevou a qualidade da produção gráfica no País. Fará falta. Mas é importante registrar o esforço, com resultados (basta ver a lista do Jabuti), que as independentes têm feito no sentido de apresentar novos nomes. E é importante destacar duas estreias: da Carambaia, que lança obras em domínio público em boas traduções e edições caprichadas, e da Zazie Edições, idealizada para fazer da produção editorial um meio de intervenção no debate crítico, teórico e artístico contemporâneo. Ela só publicará obras digitais e a distribuição será gratuita.
Cancelamento da Jornada de Passo Fundo foi sentida
Além do fim da Cosac Naify, outra notícia que causou consternação foi o cancelamento da Jornada de Literatura de Passo Fundo, mais importante projeto de formação de leitores do País, e do afastamento da idealizadora Tânia Rösing da organização. R$ 2,5 milhões pagariam o evento, mas não houve apoio.
Em 2015, celebramos o centenário de A Metamorfose, de Kafka, os 150 anos de Alice No País das Maravilhas, de Carrol e os 50 anos da editora Perspectiva. E nos despedimos de Eduardo Galeano, Günther Grass, Nicolau Sevcenko, Peter Gay, Oliver Sacks, Ruth Rendel, Tomas Transtromer, Hélio Pólvora, Herberto Helder, Francisco Gonçalvez Ledesma, Carlos Urbim, Assia Djebar, Fausto Castilho, Pedro Lemebel - e do Museu da Língua Portuguesa, destruído por um incêndio.
Reprodução do Correio do Povo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário