sábado, 12 de dezembro de 2015

Impeachment em Palomas

Umbigo do mundo, pólis irmã da grega Delfos, Palomas não poderia ficar fora da discussão do impeachment da presidente brasileira Dilma Rousseff. Foi em Palomas que tudo começou. Assim.
– Pegamos a guerrilheira.
– Que guerrilheira?
– A anta. A presidanta.
– O que ela fez?
– Um crime bárbaro, hediondo, absurdo, revoltante.
– Matou, roubou, recebeu propina?
– Isso certamente também, mas não podemos provar ainda.
– Se não podem provar, como podem ter certeza?
– É lógico. Ela tinha que saber…
– Isso é chute, ilação, especulação ou o quê?
– É a teoria do domínio do fato. Mas não importa. O que conta mesmo, por enquanto, é que pegamos a anta com a mão na botija. Flagrante. Desta vez, ela não escala. Flagrante.
– De quê?
– Mandou bancos públicos adiantarem o bolsa-família, seguro-desemprego, Minha Casa Minha Vida e outros programas assistencialista do seu governo populista e demagógico.
– Isso é crime?
– Crime terrível. Pedalada. Dá impeachment. É pior que matar a mãe.
– Mas todo mundo pedalou desde 1937. O TCU nunca rejeitou contas.
– Não justifica. Não é porque a direita roubou no passado que a esquerda pode roubar agora. E o volume de recursos era diferente. Uma coisa é uma pedaladinha. Outra, essa vergonha.
– O crime então depende do volume dos recursos?
– Acontece que o PT se dizia ético e apontava o dedo para os outros.
– Então é ressentimento?
– O PT pediu o impeachment do Itamar e do FHC.
– Então é vingança? E vocês disseram, na época, que era golpe.
– Acontece que ela cometeu estelionato eleitoral. Mentiu na campanha.
– Então vocês vão pedir o impeachment de todos os governadores? Geraldo Alckmin, em São Paulo, prometeu que não haveria racionamento de água. Sartori jurou que não aumentaria impostos a não ser que o povo pedisse. Não ouvi o povo pedir, mas o aumento já aconteceu.
– É que o quadro mudou. Vai ser melhor para o Brasil trocar.
– Então é recall? Mas não está previsto na Constituição.
– Tchê, para com esse legalismo todo que só serve para defender um governo corrupto, essa quadrilha que tomou conta do país como  nunca se viu antes. Até parece que tu tens ficha no PT. Nós queremos derrubar a Dilma. Compreendeu? É isso que interessa ao país.
– Nem que tenham de se aliar com o Eduardo Cunha das contas na Suíça?
– Precisamos respeitar a presunção de inocência do Eduardo Cunha. O que a Dilma fez é muito mais grave. É crime pavoroso e imperdoável. O Brasil não pode conviver com isso.
– Acho que me convenceste. Como ela pôde fazer uma coisas dessas?
– Não sei. Fere mortalmente a Constituição. É crime doloso.
– Que horror! Adiantar dinheiro público para miseráveis.
– Nossa posição é técnica.
– Eu estava achando que era golpe.
– A ideologia cega. Precisamos de racionalidade, isenção e justiça.

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