domingo, 10 de fevereiro de 2013

NATASHA E O 'ESTADO DITATORIAL MILITAR'


NATASHA E O 'ESTADO DITATORIAL MILITAR'

Madame Natasha estudou na Faculdade de Direito do largo São Francisco e abandonou o curso para fumar maconha em paz. Ela se lembra de três professores, todos diretores da escola. Um, Luís Antônio da Gama e Silva, foi ministro da Justiça no governo do marechal Costa e Silva. Em junho de 1968, ele propôs que o governo baixasse um Ato Institucional. Em dezembro, redigiu o AI-5. "Gaminha", como os alunos o chamavam, foi substituído por outro ex-diretor da casa, o professor Alfredo Buzaid, cujo secretário-geral, Manoel Gonçalves Ferreira Filho, ocupou o mesmo cargo.
A partir dessa lembrança, Natasha decidiu oferecer uma de suas bolsas de estudo ao doutor Cláudio Fonteles, coordenador da Comissão da Verdade, pelo uso do conceito de "Estado Ditatorial Militar" em suas bulas.
Ela crê que Fonteles poderia dizer "Estado Ditatorial", botando civis na roda, pois sem eles não haveria atos institucionais e teria sido mais difícil manter as centrais de torturas montadas em quartéis.
Natasha sabe que há uma tendência para se atribuir aos militares os malfeitos, varrendo-se para baixo do tapete (persa) o integral apoio de civis a todas as ditaduras do mundo.
O doutor Fonteles já deve ter visto a famosa fotografia de Adolf Hitler em Paris, com a torre Eiffel ao fundo. Nela o Führer, de quepe, está ladeado por outras duas pessoas fardadas. Ele era cabo reservista da Guerra de 1914. Os outros dois, paisanos fantasiados. O da esquerda era o arquiteto Albert Speer, e o da direita, o escultor Arno Breker. (No seu ofício, Breker era melhor que Speer.)
O "generalíssimo" Stálin e o Duce Benito Mussolini também gostavam de usar farda. Um nunca entrara em quartel, o outro chegou a cabo em 1916.

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