sexta-feira, 25 de setembro de 2020

Fui vítima de patriotismo reverso por essa loja comunista de departamentos

 Patriotas, prestem atenção!

Tem uma loja aí com nome de “Magazine” querendo contratar pessoas negras. A empresa ainda teve a cara de pau de publicar um manifesto que diz o seguinte: “Todos sabemos sobre o passado ancestral da população negra no Brasil, a escravidão por décadas foi uma história que deixou reflexos sociais que excluem pessoas negras. Precisamos caminhar juntos nesse processo histórico que só pode ser reparado quando entendemos o impacto do que é estrutural e hoje queremos derrubar essa barreira através da oportunidade repaginando essa história”.

Em primeiro lugar, “Magazine” é uma palavra francesa. “Luiza” tem origem germânica. Nem sequer são patriotas a ponto de botar uma Estátua da Liberdade na frente das lojas.

Ou seja: não entendem nada de Brasil.

Eu, que sou homem branco conservador, que ando vestido de verde e amarelo e sonego meus impostos em dia, eu sou o VERDADEIRO PATRIOTA.

E me senti excluído pela primeira vez na vida. Então o verdadeiro patriota não pode virar trainee numa loja de departamentos? Pela primeira vez me senti como um negro ou (pior) como um travesti, que são excluídos dos processos seletivos desde sempre. E o verdadeiro patriota não pode se sentir como um negro ou um travesti.

Por isso, cidadãos de bem, prestem atenção! O que essa loja comunista de departamentos quer, na verdade, é o patriotismo reverso.

Que país esse “Magazine” quer construir? Um país onde negros, mulheres, travestis tenham igualdade de condições para competir com os VERDADEIROS PATRIOTAS?

Só pode ser piada. Eles não conhecem o Brasil! Não estudaram a nossa história!

Desde o descobrimento, passando pelas capitanias hereditárias, pela Independência, pela política do café com leite, pela eleição do Bolsonaro, os VERDADEIROS PATRIOTAS sempre lutaram como  verdadeiros bandeirantes para impedir que isso acontecesse. E vamos continuar lutando.

O Brasil nunca chegará nem perto da igualdade social, racial ou sexual. Nem da liberdade! Nem dessa frescura de fraternidade! Isso é coisa de maconheiro comunista que importa essas ideias da França e vem chamar loja de “Magazine” e roubar nossos empregos.

Patriotas! Vamos defender a nossa Pátria! Eles não amam o Brasil como nós! Anauê!


Texto do blogue de Renato Terra na Folha de São Paulo

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