quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

Triste Brasil

O IBGE entregou o jogo: um em cada quatro brasileiros vive na miséria. Dá em torno de 50 milhões de pessoas. Dá quantos países europeus? Três quartos dos miseráveis brasileiros são negros ou pardos. Mais de 13 milhões vivem abaixo da linha da miséria. Chafurdam. Pode um país dar certo assim? Claro que não. Nem sonhando. Falemos claramente: a elite brasileira é burra, insensível, cínica e ultraconservadora. Nada faz para mudar essa situação. Só pensa em manter o seu quartel. Acha que se resolve desigualdade com repressão.
Sejamos ainda mais diretos: O Brasil é racista até a medula. Ponto.
Uma das mais contundentes expressões do irrealismo brasileiro é dizer que a população não bate panelas contra Michel Temer por estar cansada, desiludida, anestesiada. As panelas não batem porque a corrupção do governo Temer não incomoda tanto quanto incomodava a do PT. No Brasil, até a corrupção é seletiva. Tem corrupção e corrupção. O corrupto chega nas altas instâncias e diz: “Você sabe com que ladrão está falando? E sai voando. Com Temer a turma dos camarotes vai se ajeitar nas poltronas de grife e continuar assistindo ao triste espetáculo da miséria nacional. Que importa a esse pessoal sofisticado se negros patinam na pobreza? Temer é herói nacional para o mercado, que ansiava pela reforma trabalhista, mesmo se ela está produzindo demissões em cascata em alguns setores. Era esse mesmo o objetivo.
Outra pesquisa, comandada pelo economista francês Thomas Piketty, mostra que o Brasil é o primeiro país do mundo em crescimento da desigualdade, o que mais concentra riqueza no 1% mais rico. O Brasil é uma máquina de perversidade, injustiça, crueldade e exclusão. A elite viaja de primeira classe ou de classe executiva e se encanta com o mundo desenvolvido, chegando a cometer a excentricidade de andar de metrô nas capitais europeias, mas não quer pagar o preço para ter em casa a qualidade de vida do chamado primeiro mundo. Quer ter padrão sueco pagando menos impostos e mantendo o nível escravista de desigualdade. Por aqui, deputado que defende ladrão público e notório é recompensado com cargo de ministro. Somos um lugar muito especial.
A corrupção é um grave problema brasileiro. Uma chaga. Um câncer. Maldita sina de uma nação com políticos e empresários desonestos. Mas a corrupção não é o nosso maior problema. A violência é outro problema gravíssimo. Apesar de devastadora, a violência tampouco é o nosso maior gargalo. Qual é então o nosso maior problema? A desigualdade. Tudo vem dela: incapacidade de controlar a corrupção, violência, miséria, subdesenvolvimento, jeitinho, cinismo e golpismo. A reforma da Previdência vai tirar milhões da miséria? Recebe visita do Papai Noel quem acredita nisso. O problema do Brasil também não é o populismo. É o elitismo. Temos uma elite do século XIX, pré-abolição, ociosa e convencida de que escraviza pelo bem do escravizado. Simples.

Do blog do Juremir Machado da Silva, no Correio do Povo

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