segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Onde está o dr. Wally?


Onde está o dr. Wally? 

VOCÊ VIU O VOVÔ SMURF por aí, aquele que de tanto tomar Viagra acabou ficando azul? Ou melhor, alguém sabe do paradeiro do dr. Roger Abdelmassih, médico especializado em reprodução assistida, condenado a 278 anos de prisão por estupro e atentado violento ao pudor?
Na véspera do Natal de 2009 o doutor recebeu um habeas corpus, bênção que rapidamente deve ter se convertido em tormento. Uma pessoa na situação dele, imagino, terá de gastar todas as horas do dia e da noite pensado no momento fatídico em que será recolhido para iniciar o cumprimento da pena.
No caso do dr. Roger, considerando os seus 67 anos, mesmo que computemos os descontos que a lei tapuia concede aos apenados de bom comportamento, os prognósticos de uma vida produtiva depois de completada a sentença não são dos mais animadores.
No início deste ano, o doutor foi surpreendido tentando renovar o passaporte. Mau indício para alguém na sua condição, e a juíza, avaliando as péssimas intenções embutidas no gesto e agindo com presteza e no melhor interesse da coletividade, imediatamente tratou de decretar contra ele uma ordem de prisão preventiva.
Está achando que somos todos otários, dr. Roger? Olhaí a onipotência que o mandou para trás das grades dando as caras novamente.
Do mesmo jeito que pensou que nunca seria chamado a prestar contas por colocar seu pênis na boca de dúzias de mulheres que estavam sob efeito de anestésico ou a se explicar sobre os métodos pelos quais conseguia obter índices de fertilização inigualáveis, o espertíssimo calculou que se safaria só mais esta vez.
Ou terá sido ele acometido por desespero nu e cru? Convenhamos, até para um sujeito capaz da sordidez pela qual o dr. Roger acabou sentenciado a pena tão expressiva, a opção pela fuga não parece ser uma via fácil.
Ao contrário. A existência do foragido vem a ser um suplício. Muitos se entregam no fim das forças por não suportar mais viver de atalaia, impossibilitados de ir a um dentista sequer, de manter residência, de fazer qualquer transação monetária que não seja em dinheiro vivo.
Para um Tommaso Buscetta, mafioso foragido e depois arrependido, viver na clandestinidade deve ter sido algo bem diferente do que seria para um médico.
O siciliano tinha intimidade com a via ilegal desde sempre, sabia a quem acionar, como se portar, o que esperar. E ainda possuía estômago de kevlar.
Na hora de um aperto maior, quem viveu na bandidagem a vida toda dá um golpe, pratica um assalto, coage alguém e está resolvido. No caso do dr. Roger, além de ser novato no dia a dia do crime, ele ainda tem as feições conhecidas de todos os telespectadores do "Jornal Nacional". Que tipo de rotina estabelecerá na vida sem volta que parece ter escolhido?
Debutar como fora da lei na idade avançada não pode ser um passeio no parque. É um engano pensar que, ao dar no pé, o doutor se livrou do pior. O que mudou foi o viés. Em vez de velhinho insaciável, eu agora faço a imagem de uma tirolesa de longas tranças esfregando o chão do "bierhalle" ou carregando baldes de leite montanha acima.
Ué? A Áustria não é um país com excelente qualidade de vida sem tratado de extradição com o Brasil nem voo direto da TAM?



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