sábado, 22 de janeiro de 2011

A biologia do sexo no caso John / Joan

Após ler esta postagem, preocupo-me de ver que a galera segue crendo equivocadamente em teses de que gênero e a identidade sexual seriam construção social, não algo biológico. Tal ideia, em outros tempos, gerou problemas gravíssimos, como o caso do menino canadense Bruce Reimer, que teve o pênis estraçalhado por uma circuncisão e foi criado como uma menina.

E por que Bruce foi criado como uma menina? Pelo fato de os pais terem dado ouvidos a um tal de John Money, psicólogo que acreditava na tal determinação social de gênero e identidade sexual. E lá foi Bruce ser transformado em Brenda, com direito a plástica genital e remoção dos testículos aos 17 meses de idade. O tal John Money inclusive escreveu um artigo descrevendo a quantas andava Brenda ex-Bruce aos 9 anos, como se fosse um sucesso. O caso tornou-se conhecido entre os profissionais de saúde como "o caso John/Joan" e era tido como comprovação da tal teoria e de que seria possível a que se criasse alguém que nasceu de um determinado sexo como se fosse de outro.

Porém, chegou a puberdade e os próprios pais notaram que Brenda não seguia a normalidade das meninas que tinham os mesmos 13 anos. Era rebelde, considerada masculinizada e vítima de ridicularização na escola, o que gerou solidão. O psicólogo pediu para que os pais não contassem que ela tinha nascido menino, mas é de se imaginar que a situação em que aquele adolescente estava mostrou que a intuição dos progenitores era mais acertada que a dos profissionais.

Com isso, Brenda passou a ser David, casou-se e adotou crianças, vivendo uma existência feliz e, mais ainda, lutando junto com o irmão Brian para que se combatesse a tão equivocada tese de John Money, que vendia "o caso John/Joan" como um sucesso que nunca foi. Porém, sua vida nunca foi normal, sendo afetado pela morte (não se sabe se por overdose ou suicídio) de seu irmão gêmeo em 2002. Dois anos depois, David se suicidou, após período de depressão.

Antes disso, porém, é de se perguntar sobre os motivos que fizeram o tal psicólogo acreditar que gênero não é algo inato. Fala-se que ele teve sucesso ao lidar com pseudo-hermafroditas, mas isso não quer dizer absolutamente nada quando a abordagem envolve David Reimer, uma vez que aqui estamos falando de um garoto que nasceu com a genitália normal e foi vítima de um erro cirúrgico daqueles. Fico aqui crendo que é mais um daqueles casos de "se a teoria não condiz com os fatos, vamos mudar os fatos para que sejam condizentes com a teoria".

Mais recentemente, uma pesquisa sueca de morfologia cerebral, com o uso de ressonância magnética, mostrou que os cérebros são diferentes entre os sexos e também demonstrou que o cérebro dos homossexuais assemelha-se morfologicamente ao de um heterossexual de sexo oposto. Portanto, não há nada de construção social de gênero, como o próprio caso de David Reimer demonstrou muito antes, mas sim que o gênero é biológico. Isso acaba por corroborar algo que sempre ouvi dos homossexuais que conheço, sobre eles se sentirem como tais desde que eram pequenos.

Abaixo seguem vídeos sobre o caso David Reimer. Qualquer um de nós entende o motivo do olhar permanentemente triste do rapaz, mesmo sendo imagens de um tempo em que ele e Brian estavam vivos, bem como as razões dos transtornos que sofreram em suas (curtas) vidas conturbadas. Porém, vou lhes pedir que comparem com o olhar vívido de David quando voltou a ser menino e ainda não sabia que seu caso era vendido como algo positivo por um psicólogo que, para mim, nem de longe é digno de tal nome.



Visto no blog do Luís Nassif, que linca para vídeos relacionados ao caso

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