sábado, 16 de abril de 2022

Seria Jair Bolsonaro agente secreto de Satanás?


Paulo Guedes, ministro Arrelia da Economia, sustenta que o governo Bolsonaro realizou reforma administrativa profunda, porém invisível.

Sim, tão invisível quanto a honestidade de Jair Bolsonaro (PL), que queria esconder as 35 visitas dos amigos pastores, investigados por corrupção, entre eles o que trocava verbas do Ministério da Educação por barrinhas de ouro, ao Palácio do Planalto.

Ciro Nogueira (PP), ministro da Casa (in) Civil da Presidência da República, com extensa folha corrida de pilantragens políticas, sustenta que na administração federal a corrupção é só virtual, sem desvios reais, ainda que o governo de Jair Bolsonaro esteja virtualmente corrompido.

Licitações genéricas. Critérios fictícios. Obras nas coxas. Estradas esburacadas. Firmas de fachada. Reuniões (sem ata) com representantes de empreiteira que venceu 53 de 99 concorrências promovidas por estatal, que não faz parte dos planos de privatização do liberalíssimo Paulo Guedes (pelo menos em relação à drenagem de recursos públicos para aliados suspeitos e socorrer Bolsonaro em ano de eleições), para discutir "temas de interesse institucional".

O modelo Bolsonaro de desperdício tem tido aparente aval do Tribunal de Contas da União, que, evidentemente, sempre leva em conta "o interesse público de populações carentes", o bloco dos desvalidos.

Enquanto Jair Bolsonaro "acalma" o Parlamento, sempre excitado e em busca de calmantes, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP), ostenta a fantasia honorífica do cangaceiro: observa o fornecimento de "kit robótica" (com sobrepreço) para escola pública sem água encanada e internet, entre outros desperdícios de verbas originariamente destinadas à educação, e já idealiza um jeito de faturar alguma coisa com a privatização da megera Petrobras, que, evidentemente, nas mãos da iniciativa privada, vai parar com essa história de aumentar o preço da gasolina –na guerra e na paz.

Os blocos de Carnaval estarão nas ruas em abril. A Defensoria Pública de São Paulo protocolou requerimento à Polícia Militar para que os "festejos" não sejam reprimidos, lembrando o "histórico de violações dos Direitos Humanos".

Jair Bolsonaro, mestre-sala do bloco "Brasil Sinistro", faz emergir do esgoto político, além dos próprios filhos, outrora aprendizes da modalidade "rachadinha" de peculato, homens públicos fantasiados de Flordelis (Deus acima de todos), Daniel Silveira (o que ri do assassinato de Marielle Franco), Gabriel Monteiro (tarado por meninas novinhas), Tarcísio de Freitas (fantoche da infraestrutura), Fred Wassef (advogado do Diabo) e Fabricio Queiroz (o laranja-mor).

A explicação mais lógica que há para a existência de tantos pastores no mundo do crime (a lista de delitos é de fato quase infinita, da lavagem de dinheiro à pedofilia, da corrupção ao charlatanismo, da sonegação fiscal ao estupro) é a de que Satanás, incansável inimigo da fé cristã, instiga ministros de Jesus Cristo sempre voltados para o bem, agentes da luz, à prática do mal.

Seria Jair Bolsonaro, iletrado, malandro e beligerante, falsário da Bíblia e da luta do bem contra o mal, um agente secreto de Satanás? Fica a dica de samba-enredo.

E para a alegria geral dos compositores e amantes de marchinhas carnavalescas, o Brasil descobre que, em tempos de paz, e muito além da cloroquina, as Forças Armadas, impávido colosso, investem na aquisição de Viagra e prótese peniana.


Texto de Luís Francisco Carvalho Filho, na Folha de São Paulo

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