quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Freakonomics entrevista Ron Paul, pré-candidato à presidência dos Estados Unidos


Pré-candidato Ron Paul responde perguntas de leitores da Freakonomics

Stephen J. Dubner e Steven D. LevittFreakonomics

Em 2008, pouco depois das eleições presidenciais dos EUA, solicitamos aos leitores perguntas para o deputado do Texas Ron Paul, que havia concorrido à presidência naquele ano. Agora ele está concorrendo novamente e, diante de seu forte segundo lugar na primária de New Hampshire em 10 de janeiro, pensamos que seria interessante republicar suas respostas. Elas são interessantes e bem ponderadas do início ao fim, e é especialmente fascinante lê-las quatro anos mais tarde, depois de ver como as circunstâncias políticas mudaram (ou não mudaram).

P: Qual foi a primeira coisa que você pensou quando descobriu que o candidato republicano John McCain havia escolhido a governadora do Alaska Sarah Palin como sua colega na disputa?
R: Primeiro achei que foi uma escolha muito astuta, de uma perspectiva política. Eu também sabia que ela havia dito algumas coisas boas sobre mim no passado. Ao mesmo tempo, eu sabia que para estar na cédula presidencial, ela teria que aceitar as posições sobre política externa e a guerra, então isso neutralizou muito o meu entusiasmo.

P: Quem no Congresso você consideraria seu(s) colega(s) mais próximo(s)?
R: Há muitos colegas com quem eu trabalho numa série de assuntos. Walter Jones, um republicano que representa a Carolina do Norte, é um bom amigo e trabalha comigo em política externa. Com frequência no orçamento, se há uma votação de 423-3 votos, os outros dois congressistas republicanos que votam comigo na câmara são Jeff Flake do Arizona e Paul Broun da Geórgia. Muitas vezes eu trabalho com democratas em questões de liberdades civis. Meu ponto é que pessoas de todo o espectro político podem ficar do lado da liberdade e da Constituição. O objetivo é conseguir que uma maioria vote desta forma a maior parte do tempo.

P: Foi dito que você é a favor de se livrar do Departamento de Educação. Isso é verdade, e se for, como você acha que isso beneficiaria os Estados Unidos?
R: Acredito em eliminar o Departamento de Educação. Primeiro, a constituição não autoriza a existência do departamento – os fundadores da constituição norte-americana nunca vislumbraram que o governo federal ditasse as políticas educacionais dos EUA. Em segundo lugar, o departamento é uma burocracia imensa que desperdiça nosso dinheiro. Nós enviamos bilhões de dólares para Washington e recebemos menos do que o valor que colocamos lá. Deveríamos deixar esse dinheiro para os estados e comunidades locais em vez de deixar que ele seja desperdiçado em Washington.
Por fim, acho que as necessidades de educação de nosso país são mais bem atendidas pelo menor nível de governo possível. Professores, pais e líderes comunitários locais deveriam tomar as decisões sobre como exatamente nossos filhos devem ser ensinados – e não os burocratas de Washington. O Departamento de Educação criou a lei “Nenhuma Criança Deixada para Trás”, ordens sem financiamento, doutrinação e, em alguns casos, medicação psicotrópica obrigatória para nossas crianças. Deveríamos nos livrar de tudo isso e devolver essas escolhas para a população.

P: Que medidas você tomaria para reduzir o tamanho do governo?
R: A primeira coisa que eu faria, que poderia ser feita rapidamente, é mudar nossa política externa. De acordo com minhas estimativas, se você somar todos nossos gastos fora do país, gastamos quase US$ 1 trilhão por ano. De acordo com um relatório do Departamento de Defesa de 2008, temos bases militares em mais de 130 países e bem mais de 50 mil soldados na Alemanha, e nossos corajosos militares, homens e mulheres, estão presos em duas guerras no Oriente Médio. Ao anunciar que os EUA terão uma política externa de não-intervenção com foco no comércio, diplomacia e viagens – e que não policiaremos um mundo, e ficaremos fora das questões internas de outras nações – poderíamos cortar esse US$ 1 trilhão pela metade e ainda ter uma forte defesa nacional para nos manter seguros. Todo o dinheiro que pouparíamos poderia ser usado para os programas de benefícios dos EUA, garantindo que haja financiamento suficiente para pessoas que se tornaram dependentes, e ajudando os jovens a saírem do sistema.
Em segundo lugar, eu reafirmaria o respeito pela 10ª Emenda – que reduz o poder do governo federal. A constituição não autoriza muitas das coisas que Washington faz atualmente. Eu eliminaria gradualmente departamentos inteiros e devolveria essas funções aos estados como a constituição pretendia. Os departamentos de Educação e Energia estariam no topo da minha lista.
Finalmente, eu olharia para o nosso sistema monetário. Um governo só pode cobrar tantos impostos de seu povo antes que ele diga não. Quando isso acontece, e o governo já emprestou tudo o que podia, ele simplesmente expande a quantidade de dinheiro. Esta inflação é um imposto escondido que cai diretamente sobre a classe média. Um dinheiro forte e honesto iria muito mais longe na direção de impedir os políticos que gastam muito.

P: Como você estimularia nossa fraca economia?
R: Vamos começar com o que eu não faria, que é tornar o problema pior. Nós não podemos resolver nossos problemas continuando a fazer o que vínhamos fazendo – emprestar dinheiro do exterior enquanto criamos mais dinheiro e crédito do nada. Distorcer taxas de juros e inflar a quantidade de moeda pode às vezes fornecer um alívio momentâneo. Mas isso só piora a dor a longo prazo.
Durante a campanha presidencial, eu divulguei um plano de quatro pontos, e enquanto presidente eu o seguiria à risca, enquanto também pediria conselhos a especialistas para melhorá-lo. Meu plano de quatro pontos consiste em: 1) reforma dos impostos: reduzir o fardo de impostos e eliminar impostos que punem o investimento e a poupança, incluindo impostos corporativos que matam os empregos; 2) reforma nos gastos: eliminar os gastos exagerados, reduzir os compromissos no exterior e congelar todos os gastos que não são de direito e para defesa nos níveis atuais; 3) reforma da política monetária: tornar o Federal Reserve mais transparente, por exemplo, exigindo que ele transmita suas reuniões pela televisão; e 4) reforma regulatória: repelir regulações como o Ato Sarbanes-Oxley que obriga companhias a buscar capital fora dos mercados dos EUA, e liberar os bancos comunitários para alimentar o crescimento econômico local.


Tradutor: Eloise De Vylder

Reprodução de conteúdo do UOL.

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