quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Quem fica triste no Natal, levanta a mão

Pode parecer normal, mas o fato de ir a uma igreja influi no estado emocional das pessoas. Dissemos que pode parece normal porque, hoje, são tantos os apelos que a tecnologia oferece que assistir a uma missa ou a um culto evangélico poderiam ter aumentado a distancia entre o ser humano e a simples fé.
Ao contrario. As mirabolantes opções de lazer, de informar-se, de fazer novas amizades oferecidas pelo milagre da internet, não conseguiram anular o apelo e a necessidade de paz espiritual do ser humano. Pelo menos para uma faixa de mulheres de mais de 50 anos. O fato de rezarem sustentou principalmente sua maneira de encarar o mundo. Quem frequenta igreja ou culto religioso tem uma visão existencial mais otimista. E esse é um dado científico.

Um estudo recente da Women’s Heath Iniciative mostrou que assistir a serviços religiosos com regularidade torna a pessoa menos depressiva e menos cínica.
Esse estudo vem sedo feito desde 2008 e baseou-se em entrevistas com 92.559 mulheres pós-menopáusicas de mais de 50 anos. Foi publicado esta semana no Journal of Religion and Health.
Espero que algum outro instituto de pesquisa faça o mesmo com homens com idade superior aos 50 anos (portanto na faixa de risco de câncer prostático), e que algum professor que não precisa ser dos States, pode ser da USP, tente me explicar porque, sempre que se aproxima o Natal, mês de festas e alegria, eu vou ficando cada vez mais triste, melancólico.
No ano passado, fiquei sabendo um anuncio enorme colocado tinha sido colocado junto ao Túnel Lincoln que conecta Nova York com Nova Jersey e foi fotografado por várias agencias de notícias. O anuncio dizia que o Natal era um mito e acrescentava…” este ano, celebre a razão, não o mito”.
Jornais da época calcularam que a associação American Atheists gastou uns 20 mil dólares para colocar o anúncio num dos pontos mais visíveis para quem entra na cidade. David Silverman, presidente da associação, disse que a mensagem era dirigida aos 50 milhões de ateus dos EUA.
A primeira reação, contudo, viria da Liga Católica de Nova York.
Gastou cerca de 18 mil dólares numa peça similar, colocada na entrada do túnel de Manhattan.
O problema é que, por mais apelo que contenham, nenhum dos dois anúncios me atingem.
Primeiro porque, embora batizado na Igreja Católica, nunca renunciei ao título, muito comum no Brasil, de “católico não praticante”.
Segundo, porque eu jamais me inscreveria numa associação de ateus militantes. Deus me livre (oops …).
Mas sei que não estou sozinho nessa onda de melancolia natalina, tenho certeza que não estou.
E não tem nada a ver com a mercantilização do Natal. Se alguém disser que eu acabo de ver Papai Noel montado numa rena voadora, eu desminto no ato. E ponho a culpa num certo exagero no uísque.
O problema é uma tristeza indefinida, que vem não sei de qual parte da alma. Lembro de um Natal – já faz alguns anos, muitos anos,  na hora do brinde, notei a falta de um dos meus queridos amigos, o Franz. Fui encontra-lo na cozinha, chorando como criança.
Abracei-o e choramos os dois.  Por que, diabos (oops…) ?


Texto da Tão Gomes, no sítio da CartaCapital

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