quarta-feira, 24 de julho de 2013

Saúde sexagenária

Em meio a um fogo cruzado com os médicos, o Ministério da Saúde comemora amanhã 60 anos. Um dos marcos na sua história foi a criação do SUS, há 25 anos, que tornou o Brasil o único país com mais de 100 milhões de habitantes a ter um sistema gratuito e universal de saúde.
Inspirado no modelo inglês, o SUS sempre sofreu com o subfinanciamento. Enquanto a Inglaterra coloca 10% do PIB no sistema de saúde, o Brasil destina 3,5%.
Há unanimidade entre especialistas de saúde de que a União precisa investir mais na área (10% do PIB). Hoje, os Estados devem colocar 12% do Orçamento em saúde, e os municípios, 15%. Já a União permanece com a regra antiga, de aplicar de acordo com a variação nominal do PIB.
Mas o problema não é só esse. O pouco dinheiro que se tem é mal aplicado. As propostas de melhorias no modelo de gestão não decolam.
Uma das razões é a dificuldade de encontrar uma saída que contemple um gerenciamento com agilidade, lisura e eficiência sem tocar nos princípios vitais do SUS, como universalidade, gratuidade, equidade, controle e participação social.
Na assistência, os desafios são enormes. O país luta contra doenças tropicais como malária e dengue ao mesmo tempo em que lida com o crescente aumento de males crônicos, como diabetes e hipertensão. Isso tudo aliado a uma pressão pela incorporação de novas tecnologias.
É uma pena que, diante de tantas demandas urgentes na saúde, não haja sinal de trégua nessa briga em torno do programa Mais Médicos, e a população continue pagando o pato.
Ontem, médicos protestaram em várias regiões do país contra as recentes medidas do governo federal.
Em Curitiba (PR), o lavrador Sebastião dos Santos, 71, com o pé machucado e má circulação na perna, tinha consulta marcada no HC, mas teve de voltar para casa sem assistência. Chorando de dor.
Parabéns, Ministério da Saúde, nesta data pouco festiva.


Texto de Cláudia Collucci, na Folha de São Paulo

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