"Se fosse hoje, sabendo de como as coisas se deram, o senhor teria feito alguma coisa diferente?" Respondeu Michal Gartenkraut à Folha, em 2005: "Não, teria feito exatamente como fiz. E não me arrependo. Se o preço a pagar é ser substituído com essa deselegância, acho que valeu a pena".
O que Michal --um polonês de família judaica que veio ao Brasil aos 11 anos, formou-se em engenharia mecânica e de produção no ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica) em 1969 e lecionou na instituição de 1970 a 1993-- fez em 2005: entregou diplomas a seis ex-alunos expulsos na ditadura.
Pela primeira vez no país, por iniciativa de Michal, reitor do ITA de 2001 a 2005, uma instituição pública de ensino reconhecia a estudantes perseguidos no governo militar o direito de colar grau.
O ato de Michal, porém, desagradou as Forças Armadas. Um mês depois da entrega dos diplomas, foi substituído por um tenente-brigadeiro. Soube da troca pelo site do ITA.
Mesmo assim, continuou dando aulas na pós, voluntariamente, pagando as próprias despesas para ir à instituição, como conta sua mulher, Lena.
Mestre pelo ITA e com PhD em Stanford (EUA), Michal também presidiu o Ipea (1987-88), foi adjunto da assessoria técnica do presidente da República e secretário geral do Ministério do Planejamento.
Chamado de "Mik" pelos amigos e de Gordo pelos filhos, adorava música clássica (que punha até no banheiro de casa) e pegar o carro para viajar.
Passara por uma cirurgia cardíaca no começo do mês. Morreu na quinta (18), aos 66, após sofrer um infarto em casa. Teve três filhos, do primeiro casamento, e dois netos.
Reprodução da Folha de São Paulo.
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