terça-feira, 9 de julho de 2013

Visionário, inventor do mouse morre aos 88 anos

Visionário, inventor do mouse morre aos 88 anos
Apple e Microsoft adaptaram o acessório para uso comercial nos anos 80
A ideia do periférico ocorreu a Engelbart em conferência sobre computação gráfica da qual participou em 64
JOHN MARKOFFDO "NEW YORK TIMES"

Douglas Carl Engelbart tinha apenas 25 anos, seu noivado era recente e ele estava pensando sobre o futuro, em 1950, quando teve uma epifania que mudaria o mundo.
Ele tinha um bom emprego, em um laboratório aeroespacial do governo americano na Califórnia, mas queria fazer mais. De um só golpe ele teve o que pode ser definido como uma visão completa da era da informação.
Sua insistência o conduziu a uma série de invenções que se tornaram a base da internet e dos computadores pessoais modernos. E a mais famosa delas recebeu um nome carinhoso: mouse.
Engelbart morreu na última terça, aos 88 anos, em sua casa em Atherton, Califórnia. Karen, sua mulher, informou que a causa foi falência renal.
A computação estava na infância quando Engelbart ingressou no ramo. Os computadores eram máquinas de calcular desajeitadas, que ocupavam salas inteiras e só podiam ser usados por uma pessoa de cada vez. A computação interativa estava no futuro, na ficção científica.
Em sua epifania, ele se viu sentado diante de uma grande tela repleta de diferentes símbolos --imagem provavelmente derivada de seu trabalho em radares na marinha. A tela, ele imaginou, poderia servir como monitor de uma estação de trabalho que organizaria toda as informações de um dado projeto.
Em dezembro de 1968, ele inflamou seus colegas com uma demonstração notável diante de mais de mil dos principais cientistas da computação do planeta.
Para o evento, ele se posicionou no palanque, com um mouse, um teclado e outros controles à sua frente. A tela do computador foi projetada em um telão. Em pouco mais de uma hora, ele mostrou como um sistema interativo e em rede permitiria que dados fossem rapidamente compartilhados entre cientistas.
Ele demonstrou que o mouse, inventado por ele apenas quatro anos antes, podia ser usado para controlar um terminal. Mostrou recursos de edição de texto, videoconferências, hipertexto e trabalho em múltiplas janelas. Os participantes ficaram deslumbrados.
A tecnologia que ele desenvolveu seria mais tarde refinada no Centro de Pesquisa de Palo Alto, da Xerox, e no Laboratório de Inteligência Artificial de Stanford. A Apple e a Microsoft a transformariam para uso comercial no fim dos anos 80, mudando o curso da vida moderna.
Anos mais tarde, as pessoas do Vale do Silício continuavam a se referir à apresentação de 1968 como "a mãe de todas as demonstrações".
A ideia do mouse ocorreu a Engelbart durante uma conferência sobre computação gráfica da qual participou em 1964. Quando voltou ao trabalho, deu uma cópia de um esboço que havia desenhado a William English, engenheiro mecânico. Com a ajuda de um desenhista, ele criou um invólucro de madeira para abrigar os componentes mecânicos do aparelho.
Em apresentação na Filadélfia, em fevereiro de 1960, ele descreveu o processo industrial de encolhimento permanente do tamanho dos circuitos de computadores, que mais tarde se tornaria conhecido como "Lei de Moore", em referência a Gordon Moore, cofundador da Intel.
Falando sobre o futuro, Engelbart disse: "Rapaz, quantas surpresas ele trará".

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