quarta-feira, 24 de julho de 2013

O incrível senso de oportunidade do PMDB

Não há como deixar de reconhecer: o PMDB tem história.
Na ditadura, como MDB, foi a oposição aceita pelos militares, mas conseguiu se dar uma aura de resistência heroica dentro do regime, nas brechas do sistema, sem romper nem aderir.
O PMDB não responde à questão de Shakespeare: ser ou não?
O PMDB é sem ser e não é sendo.
A chamada lógica aristotélica não vale para ele. O princípio da não-contradição não o afeta. Peemedebista contraria a lei da física: ocupa dois lugares ao mesmo tempo, especialmente se forem dois ministérios. Mas, precisando, defende a redução dos ministérios que brigou para ocupar.
O PMDB é um mistério para sábios medievais, algo como o sexo dos anjos, quantos anjos cabem na cabeça de um alfinete, numa troca de cargos ou, enfim, a quadratura do círculo.
Bastou a popularidade da presidente Dilma Rousseff desabar para o PMDB pensar em ser oposição. No jargão político, com a presidente em baixa e o ano eleitoral cada vez mais próximo, o PMDB pensa em desembarcar do governo fazendo barulho de indignado contra, por exemplo, o excesso de ministérios que ajudou a criar, ocupar,  usar como cabide de empregos e defender como patrimônio.
O PMDB, que sempre está no poder, queixa-se de não ser ouvido, de não pesar, de não contar. Numa tradução rasteira, fingindo que quer deixar o governo, o PMDB está pedindo, como sempre, mais para ficar. Ou sinalizando que está aberto a negociações para sair. Quem der mais, leva.
Como se sabe, o PMDB não se entregou de corpo e alma para viabilizar o plebiscito defendido por Dilma Rousseff para emplacar a reforma política, mas, segundo a Folha de S. Paulo, está fazendo um “plebiscito” interno, no gabinete do vice-presidente Michel Temer, com seus eleitos, para saber se cabe ou não abandonar o barco já meio afundado do governo petista. Para isso, o ex-deputado Eliseu Padilha montou um questionário. As respostas de hoje poderão, claro, mudar se a flecha das pesquisas de opinião voltar a apontar o nome de Dilma acima das cabeças dos peemedebistas.
O PMDB inventou a ruptura sem desenlace. Assim como tem o chegar chegando, tem o sair não saindo e o ficar não ficando. O PMDB não casa nem se separa. Fica. Vai beijando enquanto dá e gosta.
Nada mais injusto, explica um peemedebista que chamar o partido de fisiológico.
Não se trata disso, mas de senso de oportunidade.
O senso de oportunidade do PMDB é tão aguçado que até parece oportunismo.
Partido que não seja assim, retruca a mesma fonte, que atire a primeira pedra.
Ser não sendo, eis questão.


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