Vinte sites ficaram com 69,2% do dinheiro gasto no ano passado pelo governo federal com propaganda na internet. Há 9.000 veículos virtuais cadastrados no governo para receber anúncios.
A informação foi dada pela ministra da Comunicação Social, Helena Chagas, ao site "Viomundo". O governo gastou R$ 95,6 milhões com propaganda na internet no ano passado, o equivalente a 5,3% do total investido em publicidade, R$ 1,8 bilhão.
Os valores representam todas as despesas do Executivo com publicidade, incluindo ministérios, autarquias, empresas estatais, sociedades de economia mista e fundações.
Mas as listas de sites que receberam anúncios do governo nos anos anteriores a 2012 permanecem sob sigilo. A Secretaria de Comunicação Social alega que não detém esses dados e, por isso, não tem condições de divulgá-los.
A ministra Helena Chagas disse à Folha que "o principal critério norteador" para a distribuição dos recursos é a audiência. Mas uma comparação entre os valores pagos e a audiência medida pelo Ibope revela várias distorções.
O principal destino dos recursos do governo foi o portal Terra, com R$ 9,8 milhões em 2012, mais do que o portal UOL (empresa controlada pelo Grupo Folha, que edita aFolha), que recebeu R$ 9,7 milhões, o MSN (R$ 9 milhões), o Facebook (R$ 3,3 milhões) e o Google (R$ 968 mil).
Mas a medição feita pelo Ibope aponta que o Terra teve 23 bilhões de páginas vistas em 2012, contra 55,3 bilhões do UOL, 475 bilhões do Facebook, 154 bilhões do Google e 69,5 bilhões do MSN.
O Google aparece em 12º lugar no ranking do destino dos recursos do governo. Logo abaixo vem o site "Carta Maior", que recebeu R$ 830 mil em 2012, mais que a versão eletrônica da Folha, que recebeu R$ 780 mil, e a Abril.com, que recebeu R$ 586 mil. Segundo o Ibope, o "Carta Maior" registrou apenas 9,7 milhões de páginas vistas em 2012, contra 311 milhões da Folha e 3 bilhões da Abril.
O site "Conversa Afiada", do jornalista Paulo Henrique Amorim, recebeu R$ 628 mil do governo em 2012. O site teve 48 milhões de páginas vistas em 2012, segundo o Ibope.
Na entrevista para "Viomundo", Helena Chagas respondeu às críticas de setores da esquerda de que estaria privilegiando a "mídia tradicional" em detrimento de blogs e sites "progressistas".
"Não é verdade. Os blogs/sites progressistas não pararam de receber recursos. O que há é que alguns querem mais, assim como praticamente todo os 9 mil veículos de nosso cadastro", afirmou.
"Muitas vezes o dinheiro é o mesmo para distribuir para todo mundo. Então a gente tem dificuldade às vezes de grana. [...] Todo mundo está querendo e está achando que está com pouco", relatou.
A ministra disse à Folha que não usou a expressão "progressistas", mas apenas "reproduziu" o termo usado pela repórter que a entrevistou. Helena disse que "não faz qualquer tipo de avaliação ideológica sobre os veículos que são programados para receber publicidade".
Sobre os critérios adotados pelo governo federal para a distribuição do dinheiro, a ministra disse que a audiência é o principal, mas também "pode ser influenciada pelas especificidades de cada órgão", citando como exemplos campanhas sobre saúde da mulher e crédito imobiliário.
Reprodução da Folha de São Paulo.
Comentário rápido: Obviamente o Grupo Folha acha que merece mais dinheiro do governo, apesar de falar tanto em livre iniciativa.
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