Amanda Berry, Gina DeJesus e Michelle Knight passaram todos esses anos presas em uma casa no oeste de Cleveland, boa parte do tempo em um porão. Após a fuga de Amanda, elas foram resgatadas da casa de Ariel Castro, de 52 anos. Ele e seus dois irmãos, Pedro e Onil, foram presos.
As três foram resgatadas graças a um vizinho, Charles Ramsey, que ouviu os gritos de Amanda e arrombou a porta da casa para que ela pudesse sair e avisar a polícia.
"Eu sabia que tinha alguma coisa errada quando uma garotinha bonita e branca correu para os braços de um homem negro. Algo estava errado aqui", declarou Ramsey, que é negro.
A declaração de Ramsey funciona como um comentário irônico a uma tendência da mídia local, conhecido como a Síndrome da Mulher Branca Desaparecida.
Charlton McIlwain, professor da Universidade de Nova York e autor do livro Race Appeal: How Candidates Invoke Race in US Political Campaigns ("Encanto da Raça: Como Candidatos Invocam a Raça em Campanhas Políticas nos Estados Unidos", em tradução livre), diz que "mulheres brancas ocupam um papel privilegiado na mídia como vítimas de crimes violentos".
"Nossas vítimas são codificadas por cores", afirmou o professor, acrescentando que uma vítima "apropriada" para a mídia é aquela que parece com um jornalista.
Segundo o acadêmico, pesquisas sugerem que as pessoas se identificam com vítimas que são como elas.
"O nosso ideal de pessoa vulnerável, a vítima, é da pessoa branca e do sexo feminino".
Essa percepção sobre a vítima foi criada, em parte, pela mídia.
A verdade é que cerca de metade das pessoas que desaparecem nos Estados Unidos não são brancas, apesar de este fato não ser muito divulgado pela imprensa.
Amanda Berry, branca, foi sequestrada em abril de 2003 e Gina DeJesus, hispânica, um ano depois. Elas eram crianças e desapareceram, as famílias ficaram desesperadas.
Mas, a cobertura dos dois sequestros foi muito diferente.
Em Cleveland, os jornais deram notícias principalmente sobre a menina branca.
Nos dez anos em que Berry ficou desaparecida, o jornal Cleveland Plain Dealer publicou 36 artigos sobre ela, segundo uma busca eletrônica no arquivo de notícias online Lexis-Nexis.
Durante o período de nove anos em que DeJesus ficou desaparecida, o jornal publicou 19 artigos sobre o caso.
A declaração de Ramsey funciona como um comentário irônico a uma tendência da mídia local, conhecido como a Síndrome da Mulher Branca Desaparecida.
Charlton McIlwain, professor da Universidade de Nova York e autor do livro Race Appeal: How Candidates Invoke Race in US Political Campaigns ("Encanto da Raça: Como Candidatos Invocam a Raça em Campanhas Políticas nos Estados Unidos", em tradução livre), diz que "mulheres brancas ocupam um papel privilegiado na mídia como vítimas de crimes violentos".
"Nossas vítimas são codificadas por cores", afirmou o professor, acrescentando que uma vítima "apropriada" para a mídia é aquela que parece com um jornalista.
Segundo o acadêmico, pesquisas sugerem que as pessoas se identificam com vítimas que são como elas.
"O nosso ideal de pessoa vulnerável, a vítima, é da pessoa branca e do sexo feminino".
Essa percepção sobre a vítima foi criada, em parte, pela mídia.
A verdade é que cerca de metade das pessoas que desaparecem nos Estados Unidos não são brancas, apesar de este fato não ser muito divulgado pela imprensa.
Amanda Berry, branca, foi sequestrada em abril de 2003 e Gina DeJesus, hispânica, um ano depois. Elas eram crianças e desapareceram, as famílias ficaram desesperadas.
Mas, a cobertura dos dois sequestros foi muito diferente.
Em Cleveland, os jornais deram notícias principalmente sobre a menina branca.
Nos dez anos em que Berry ficou desaparecida, o jornal Cleveland Plain Dealer publicou 36 artigos sobre ela, segundo uma busca eletrônica no arquivo de notícias online Lexis-Nexis.
Durante o período de nove anos em que DeJesus ficou desaparecida, o jornal publicou 19 artigos sobre o caso.
Tendência geral
A cobertura destes dois casos reflete uma tendência geral na mídia do país.
Segundo um estudo de 2010 da Universidade Rowan, na Pensilvânia, cerca de 80% da cobertura de notícias sobre crianças desaparecidas é voltada para vítimas que não são negras, enquanto apenas 20% se concentra em crianças negras.
"Nós temos uma espécie de hierarquia racial", diz McIlwain.
Para Natalie Wilson, cofundadora da fundação Black and Missing (Negro e Desaparecido, em tradução livre), que combate estereótipos raciais na mídia, a cobertura de um crime violento e de pessoas que desapareceram é tendenciosa e nociva.
Wilson notou pela primeira vez este problema quando soube do caso de uma mulher negra de 24 anos, Tamika Huston, que desapareceu em Spartanburg, Carolina do Sul, em 2004.
A imprensa parecia não ligar para o caso.
"A família lutou muito para conseguir qualquer tipo de cobertura", disse.
Mais de um ano depois do desaparecimento, um ex-namorado alegou ser culpado pelo assassinato da jovem. A notícia foi publicada e, pelo menos, a família sabe o que aconteceu com Tamika.
Em alguns casos, são necessários muitos anos para descobrir a verdade e a família só consegue ajuda com organizações como a de Wilson ou com ativistas importantes.
Especialistas afirmam que crimes contra pessoas que não são brancas frequentemente ficam sem resolução e ninguém, exceto a família, parece se importar.
O caso de Cleveland voltou as atenções do país para os casos de crianças desaparecidas e os especialistas esperam que este caso faça com que as pessoas prestem mais atenção em desaparecimentos, independente da cor da pele.
Segundo um estudo de 2010 da Universidade Rowan, na Pensilvânia, cerca de 80% da cobertura de notícias sobre crianças desaparecidas é voltada para vítimas que não são negras, enquanto apenas 20% se concentra em crianças negras.
"Nós temos uma espécie de hierarquia racial", diz McIlwain.
Para Natalie Wilson, cofundadora da fundação Black and Missing (Negro e Desaparecido, em tradução livre), que combate estereótipos raciais na mídia, a cobertura de um crime violento e de pessoas que desapareceram é tendenciosa e nociva.
Wilson notou pela primeira vez este problema quando soube do caso de uma mulher negra de 24 anos, Tamika Huston, que desapareceu em Spartanburg, Carolina do Sul, em 2004.
A imprensa parecia não ligar para o caso.
"A família lutou muito para conseguir qualquer tipo de cobertura", disse.
Mais de um ano depois do desaparecimento, um ex-namorado alegou ser culpado pelo assassinato da jovem. A notícia foi publicada e, pelo menos, a família sabe o que aconteceu com Tamika.
Em alguns casos, são necessários muitos anos para descobrir a verdade e a família só consegue ajuda com organizações como a de Wilson ou com ativistas importantes.
Especialistas afirmam que crimes contra pessoas que não são brancas frequentemente ficam sem resolução e ninguém, exceto a família, parece se importar.
O caso de Cleveland voltou as atenções do país para os casos de crianças desaparecidas e os especialistas esperam que este caso faça com que as pessoas prestem mais atenção em desaparecimentos, independente da cor da pele.
Reportagem da BBC Brasil, reproduzida no UOL Notícias.
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