O Alto Comissariado dos Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas afirmou ontem que "nunca é aceitável" alimentar ninguém à força, em um momento em que detentos da prisão na base militar americana de Guantánamo, Cuba, em greve de fome, são submetidos a tal tratamento.
"A alimentação acompanhada por ameaças, coerção e com o recurso da força ou da imobilização física é uma forma de tratamento desumano e degradante", afirmou Rupert Colville, porta-voz da Alta Comissária do organismo, Navi Pillay, citando um documento da Associação Médica Mundial.
Os militares responsáveis pela base afirmaram que o tratamento era "seguro, humano, legal e transparente."
A greve conta com a adesão de cem dos 166 detentos, segundo as autoridades da prisão, e de 130, segundo os advogados. Na segunda-feira, o protesto entrou na 12ª semana.
Anteontem, o presidente americano, Barack Obama, prometeu intensificar os esforços para fechar a prisão militar.
Obama disse que não deseja que nenhum prisioneiro morra e pediu a ajuda do Congresso para encontrar uma solução legal, a longo prazo, para a questão do julgamento de combatentes inimigos.
"É importante que compreendamos que Guantánamo não é necessário para a segurança dos Estados Unidos", afirmou o presidente. "A ideia de manter para sempre um grupo de pessoas sem julgamento é contrária ao que somos" acrescentou.
O ministro das Relações Exteriores de Cuba, Bruno Rodríguez Parrilla, disse ontem no Conselho dos Direitos Humanos da ONU que os EUA devem fechar a base militar instalada em Guantánamo e devolver o território ao país.
"Preocupa profundamente o limbo jurídico que sustenta a permanente e atroz violação dos direitos humanos que transcorre na ilegal base naval de Guantánamo", afirmou Parrilla.
Na base, há um "centro de torturas, onde estão detentos há dez anos, sem garantias, julgamento ou defesa", disse o chanceler cubano.
Notícia publicada na Folha de São Paulo.
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