quinta-feira, 20 de junho de 2013

Rússia diz que demorará a estudar redução de arsenal nuclear


O vice-ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Rybakov, disse nesta quinta-feira que o país vai demorar a estudar a proposta do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, de reduzir em um terço o número de ogivas nucleares do país.
As declarações foram publicadas pelo jornal russo "Kommersant" um dia após de Obama pedir em discurso novas medidas para reduzir o arsenal atômico dos dois países. Na quarta (19), Moscou já havia anunciado que só destruiria as bombas em situação de equilíbrio de forças com os americanos.
Segundo o vice-ministro, diversos departamentos deverão fazer uma análise, o que levará tempo. Além da questão nuclear, deverão ser considerados por Moscou outros fatores, como a situação da defesa antimísseis e a criação de armas convencionais de alta precisão.
Além disso, acrescentou Ryabkov, será analisada a perspectiva do uso militar do espaço e o fato de que "uma série de países" preferem se abster de acordos sobre o controle de armamentos. A fala foi uma crítica indireta aos Estados Unidos, que planeja fazer um escudo antimísseis na Europa Ocidental, o que Moscou recusa.
Na quarta (19), o presidente russo, Vladimir Putin, assegurou que a Rússia não permitirá que se altere o equilíbrio do sistema de dissuasão nuclear e também fez críticas indiretas aos Estados Unidos por causa do aumento do arsenal de sistemas espaciais e antimísseis para uso militar.
"Não podemos permitir que se altere o equilíbrio do sistema de dissuasão estratégica ou que se reduza a eficácia de nossas forças nucleares", afirmou o chefe do Kremlin em reunião governamental sobre o desenvolvimento da indústria de defesa espacial, citado pelas agências russas.
Putin disse em muitas ocasiões que a Rússia não vai renunciar ao seu arsenal nuclear até que disponha de armamento sofisticado que cumpra a mesma função, além de defender a manutenção da paridade nuclear com os EUA, pois a considera como um elemento de estabilidade internacional.
"Que ninguém se iluda sobre esse assunto. Só renunciaremos às armas nucleares quando dispusermos de armamento similar e nem um dia antes".

CHINA

A China, outro país com armas nucleares, também se pronunciou sobre a redução dos arsenais e disse que o papel para o desarme atômico deve ser assumido pelos Estados Unidos e a Rússia. Técnicos dos dois países pediram a participação das outras nações nucleares nos programas de desarmamento.
"Os dois países devem reduzir substancialmente seu arsenal, de forma confiável e responsável, para criar condições para o completo desarmamento nuclear", disse a porta-voz da Chancelaria chinesa, Hua Chunying.
Segundo o Instituto Internacional para os Estudos da Paz, sediado na Suécia, Estados Unidos e Rússia têm juntos 16.200 armas nucleares, das quais 4.000 estão ativas. Dentre os países que assinaram o Tratado de Não Proliferação Nuclear, também possuem ogivas França (300), China (250) e Reino Unido (225).
Além deles, Índia e Paquistão têm cerca de cem bombas atômicas cada um, além da Coreia do Norte, cujo número é desconhecido. Também há suspeitas de que Israel possui esse tipo de armamento há décadas, o que nunca foi confirmado.


Reprodução da Folha de São Paulo

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