Patrícia Poeta abriu o "Jornal Nacional" com o semblante fechado, anunciando na escalada que os manifestantes "ocupam pacificamente" áreas de São Paulo, inclusive a "zona sul".
Entram as primeiras cenas ao vivo, da ponte Octavio Frias de Oliveira, "que liga alguns bairros da zona sul", segundo um repórter. "Até este momento, o protesto é pacífico."
Mais um pouco e o "JN" abriu o jogo. Relatou que os manifestantes desceram a marginal Pinheiros gritando "palavras de ordem contra a TV Globo". E Poeta leu editorial dizendo que a emissora cobre os protestos "desde o início", sem nada esconder, e que se manifestar é um "direito do cidadão".
Foi o ápice de uma cobertura que confundiu câmeras e tuítes, sem parar.
Nos "trendings topics" do Twitter, as "hashtags" --palavras-chaves que marcam cada assunto-- saltavam de minuto em minuto, seguindo a falta de rumo dos manifestantes, que caminhavam por avenidas diversas em São Paulo e surgiam onde nem sequer haviam sido anunciados, em pequenas cidades do interior, no país inteiro.
De São Paulo, foco da maior atenção on-line, destacaram "largo da Batata", depois "Faria Lima" e "Rebouças", depois "Palácio".
Na TV, a falta de direção se repetia ao vivo, com imagens de helicóptero. Canais como Globo News e telejornais como "Brasil Urgente" e "Cidade Alerta" saltavam por Minas, Brasília, Rio.
Em São Paulo, a caminhada de parte dos manifestantes à marginal Pinheiros foi noticiada por Carlos Tramontina olhando pela janela, no "SPTV": "Já podemos ver, estão na Usina de Traição".
Na Record, Marcelo Rezende entrou com o protesto já "na frente da Globo", dizendo, "espero que não façam nada, tenho amigos lá".
Texto de Nelson de Sá, na Folha de São Paulo.
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