O que se via na madrugada de ontem ao longo dos pouco mais de três quilômetros da avenida Presidente Vargas que separam a Candelária da Prefeitura do Rio não era o resultado de uma manifestação legítima por melhorias em saúde, transportes ou educação.
Nos pontos de ônibus, pessoas que tentavam voltar para casa eram atacadas por grupos que ainda saqueavam lojas e assaltavam a população.
Nem mesmo lixeiros que tentavam limpar as ruas escaparam. Vi um grupo tentando roubar as vassouras daqueles que, na madrugada, se esforçavam para trazer de volta um pouco de normalidade à cidade. Outros ameaçavam equipes de manutenção que tentavam avaliar os estragos em paradas de ônibus e semáforos.
Dezenas de postes onde ficam radares e câmeras que controlam o trânsito --e que poderiam fornecer imagens que ajudariam a identificar os baderneiros-- foram arrancados.
Na avenida havia a consequência da ação de vândalos. Uma minoria entre os 300 mil manifestantes que, no fim da tarde de quinta-feira, iniciaram pacificamente uma passeata no mesmo local onde, há quase 30 anos, reivindicavam-se a redemocratização do país e as eleições diretas para a Presidência da República.
O saldo do vandalismo: semáforos danificados; placas de trânsito, paradas de ônibus, lixeiras e relógios de rua destruídos; placas de identificação de ruas arrancadas.
Um número ainda não contabilizado de lojas e agências bancárias foram saqueadas. Uma cabine da PM foi incendiada. O Terreirão do Samba, lugar de shows populares, e acessos ao Sambódromo foram depredados. Uma escola pública nos arredores também foi vandalizada. Imagens exibidas pela TV mostram um homem que, com um martelo, destruía vitrines de lojas, agências bancárias, orelhões.
Quem busca melhorias para o país não sai com martelo na mochila.
Texto de Cristina Grillo, na Folha de São Paulo.
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