terça-feira, 6 de agosto de 2013

Fechar embaixadas serve para justificar ação de agência espiã

Fechar embaixadas serve para justificar ação de agência espiã
RICHARD NORTON-TAYLORDO "GUARDIAN"

Há pouco tempo, uma decisão dos EUA de fechar embaixadas devido ao risco de ataques terroristas, citando comunicações interceptadas entre jihadistas, teria sido recebida com respeito e não teria sido questionada.
O fato de que a reação possa ser diferente agora é reconhecido por membros do comitê de inteligência do Senado. Para eles, o fechamento de embaixadas na África e no Oriente Médio revela o quão importante são para a segurança dos americanos a Agência Nacional de Segurança (NSA) e a sua capacidade de interceptar volumes enormes de comunicações.
O fato de eles terem tido que ir tão longe para defender a NSA comprova a preocupação que há entre muitos outros congressistas e entre o público americano desde a revelação feita por Edward Snowden ao "Guardian" e ao "Washington Post" da extensão em que a NSA vem interceptando as comunicações pessoais de cidadãos.
O Departamento de Estado disse que a decisão de prorrogar o fechamento das embaixadas foi tomada por "uma abundância de cautela". Pode ser compreensível, em vista das consequências políticas do ataque ao consulado dos EUA em Benghazi em setembro passado e da morte do embaixador Chris Stephens.
O ceticismo é saudável. Por muito tempo, as agências de inteligência dos EUA e do Reino Unido foram autorizadas a se esconder por trás de um muro de sigilo, enquanto hasteavam a bandeira da "segurança nacional".
Talvez os detalhes de operações devam ser protegidos pelo sigilo, mas os EUA, em sua abordagem ao sigilo e em especial em sua atitude em relação ao WikiLeaks e a Bradley Manning, não têm conseguido fazer distinção entre os tripulantes de um helicóptero americano disparando contra homens desarmados no Iraque e a exposição de operações que podem pôr em risco a vida de americanos inocentes.
As "segurancracias" dos EUA e do Reino Unido não têm conseguido distinguir invasão de privacidade da necessidade legítima de proteger o público das ameaças terroristas.


Reprodução da Folha de São Paulo

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