Quase mil pessoas ficaram feridas depois de um meteoro passar sobre a região russa de Tcheliabinsk, nos montes Urais. Segundo a ministra regional de saúde, Marina Mokvicheva, 985 pessoas receberam atendimento médico e 43 foram hospitalizadas após serem atingidas por vidros estilhaçados e desabamentos decorrentes da onda de choque da explosão.
O objeto de 10 toneladas que causou o estrago passou a cerca de 80 quilômetros da cidade de Satki, no distrito de mesmo nome, por volta das 9h20 locais (1h20 de Brasília) e se desintegrou. A Academia de Ciências da Rússia, disse em uma declaração horas após a queda que o meteoroide chocou-se com a atmosfera da Terra a uma velocidade de pelo menos 54 mil quilômetros por hora e explodiu a cerca de 30-50 km acima do solo.
"Espero que não haja consequências graves, no entanto, isso é uma prova de que não apenas a economia é vulnerável, mas todo o nosso planeta", disse o primeiro-ministro russo Dimitri Medvedev, na cidade siberiana de Krasnoyarsk, onde participa de um fórum econômico internacional.
As autoridades de Tcheliabinsk, capital da região homônima, reforçaram as medidas de segurança nas estruturas e instalações vitais da cidade. Estima-se que uma área de cerca de 93 mil metros quadrados tenha sido atingida.
Os moradores da cidade foram orientados a voltar para casa e a buscar as crianças nas escolas, que foram fechadas por orientação do governo. Muitas casas e prédios de Tcheliabinsk tiveram janelas estilhaçadas. O aeroporto da cidade, no entanto, permaneceu aberto, sem interrupção no serviço.
"Eu estava dirigindo para o trabalho, estava bem escuro, mas de repente veio um clarão como se fosse dia", disse Viktor Prokofiev, 36, morador de Yekaterinburgo, nos Montes Urais. "Me senti como se estivesse ficado cego pela luz", acrescentou.
Clarão seguido de forte explosão
Testemunhas relataram aos jornais russos "Moskovskij Komsomolets" e "Kommersant Online" terem visto um forte clarão no céu sobre os montes Urais. Um morador de Tcheliabinsk chegou a descrever a imagem como a explosão de uma bomba nuclear. Ao clarão, se seguiu uma forte explosão que chegou a quebrar janelas, relatou o morador.
Segundo o Ministério do Interior, a maioria dos ferimentos foi causado pelos estilhaços dos vidro quebrados das construções. O teto de uma planta de zinco em Tcheliabinsk desabou, porém não há registro de feridos. Segundo relato de moradores, Tcheliabinsk ficou por cerca de meia hora sem comunicação.
Alguns jornais e sites chegaram a informar que uma chuva de meteoritos teria caído sobre os Urais, mas a informação foi retificada pelo governo.
"Não foi uma chuva de meteoritos, mas um meteoro que se desintegrou nas camadas baixas da atmosfera", disse à agência Interfax a porta-voz do Ministério para Situações de Emergência da Rússia, Elena Smirnij. Meteoroides se desintegram na atmosfera, antes de atingir o solo, causando luz e explosão, conhecido como meteoro, enquanto meteoritos são os restos que caem em terra.
Elena confirmou que a onda expansiva provocada pelo corpo celeste quebrou as vidraças de "algumas casas na região". A porta-voz ministerial também informou que o meteoro não alterou os níveis de radiação, que se mantêm dentro dos parâmetros frequentes para a região.
Chuvas de meteoro ocorrem a todo momento
Segundo Othon Winter, professor e pesquisador de trajetórias espaciais da Unesp (Universidade Estadual Paulista), "meteoro é um fenômeno que ocorre no céu, e deixa um rastro de luz. Quando o objeto chega a cair na superfície terrestre, aí passa a ser um meteorito. Então, nesse caso, foi uma chuva de meteoro".
"Isso ocorre todos os anos, com muita frequência. Normalmente são corpos pequenos que se desintegram na atmosfera, pois são pequenos. Então o tamanho e o tipo do material influi no efeito que eles podem provocar. Toneladas de material caem na Terra ao longo de um ano", reiterou o professor, autor do livro "Fim de milênio".
Segundo a Nasa e a ESA, agência espaciais americana e europeia, respectivamente, não há ligação com a passagem do asteroide 2012 DA 14 ainda nesta sexta-feira, em um trajeto próximo ao planeta.
Este é um dos eventos cósmicos mais impressionantes a ocorrer na Rússia desde o Tunguska, em 1908, quando um meteoroide provocou uma explosão na sibéria.
"Teste militar norte-americano"
Apesar do relato do Ministério para Situações de Emergência da Rússia confirmando a desintegração do meteoro, o vice-presidente da Duma (a Câmara dos Deputados russa), Vladimir Zhirinovsky, afirmou que a explosão tratou-se, na verdade, de um teste militar norte-americano, visando atingir a região das Urais, onde fica localizada a maior indústria de beneficiamento de combustível nuclear do país.
Representantes do Ministério da Defesa argumentaram que a emergência não afeta as unidades de combate do Comando Militar Central e que havia alvos militares entre os edifícios danificados. (Com agências internacionais)
Do UOL Notícias.
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