Arábia Saudita entra em ação para conter Primavera Árabe
Riad usa poder para proteger monarquias e deter os iranianos
Riad usa poder para proteger monarquias e deter os iranianos
Por NEIL MacFARQUHAR
RIAD, Arábia Saudita - A Arábia Saudita está fazendo uso do seu poder financeiro e diplomático em todo o Oriente Médio para conter a maré de transformações, proteger outras monarquias contra a insatisfação popular e evitar a derrubada de mais líderes.
Desde o Egito, onde os sauditas gastaram US$ 4 bilhões em ajuda no mês passado para escorar o conselho militar que está no governo, passando pelo Iêmen, lugar em que Riad tenta levar o presidente a deixar o poder numa transição pacífica, até os reinos da Jordânia e do Marrocos, convidados a ingressar numa união de monarquias do Golfo Pérsico, a Arábia Saudita está agindo para prevenir mais mudanças e bloquear a influência do Irã.
O reino está enfatizando agressivamente a relativa estabilidade das monarquias, como parte de um esforço para prevenir qualquer mudança drástica em relação ao modelo autoritário.
A proposta saudita de incluir Jordânia e Marrocos no Conselho de Cooperação do Golfo visa a criação de uma espécie de "clube de reis". A ideia, segundo analistas, é assinalar ao xiita Irã que os monarcas árabes sunitas vão defender seus interesses.
"Estou certo de que os sauditas não gostam da onda revolucionária -eles ficaram realmente assustados", disse Khalid Dakhil, analista político e colunista saudita. A gama da intervenção saudita é extraordinária, na medida em que a turbulência está levando Riad a criar algo que comentaristas, no Egito e em outros locais, batizaram de "contrarrevolução".
No Egito, onde a revolução já derrubou um aliado saudita estreito, Hosni Mubarak, os sauditas estão fornecendo assistência e reparando laços, em parte para ajudar a impedir que a Irmandade Muçulmana apresente bons resultados nas eleições parlamentares que estão por vir. Os sauditas receiam que uma Irmandade Muçulmana fortificada possa prejudicar a legitimidade saudita ao apresentar um modelo de lei islâmica diferente da tradição wahabita de monarquia absoluta. Autoridades sauditas também temem que a política externa do Egito esteja mudando, com seus gestos em direção ao Hamas e planos de restaurar os laços com o Irã.
A Primavera Árabe começou a desfazer uma aliança de chamados Estados árabes moderados, liderados pela Arábia Saudita e pelo Egito, que se dispunham a cooperar estreitamente com os EUA e promover a paz com Israel. O apoio dos EUA aos levantes árabes tensionou as relações.
O analista saudita Nawaf Obaid escreveu um artigo recente de opinião no jornal "The Washington Post" sugerindo que Riad estaria preparada para agir sozinha, pois os EUA teriam se tornado um "parceiro pouco confiável". Mas isso parece ser, pelo menos em parte, uma manifestação de irritação saudita, já que os arranjos de troca de petróleo por assistência militar que definem as relações entre os dois países, dificilmente, mudarão no futuro próximo.
A Arábia Saudita está enfrentando cada levante por sua vez, sem recorrer a um plano de ação único. No Bahrein, enviou tropas para esmagar uma rebelião de xiitas, pois temia a criação de um governo hostil a 30 quilômetros de distância de alguns de seus principais campos de petróleo. O país vem recorrendo à diplomacia em certos levantes e, em outros, tem permanecido em cima do muro. Além disso, prometeu US$ 20 bilhões para ajudar a estabilizar Bahrein e Omã, que também vem enfrentando protestos.
No Iêmen, a Arábia Saudita se uniu à coalizão que procura afastar o ditador Ali Abdullah Saleh do poder em uma transição pacífica por considerar que a oposição pode ser vizinho meridional mais confiável e menos agitado.
Na Síria, uma declaração inicial de apoio do rei Abdullah ao ditador Bashar Assad foi seguida por silêncio. Esse silêncio, segundo analistas, reflete ambivalência profunda. A família do governante saudita nutre desafeto pessoal por Assad, ressentindo-se de seus laços estreitos com o Irã e enxergando a ação da Síria no assassinato do ex-premiê libanês Rafik Hariri, que era aliado saudita.
Na Líbia, depois de ajudar a fazer aprovar um pedido da Liga Árabe por intervenção internacional, a Arábia Saudita deixou a cargo dos seus vizinhos Qatar e Emirados Árabes Unidos a tarefa de participar da coalizão militar que apoia os rebeldes. Até agora, ela vem mantendo distância pública também da Tunísia, apesar de ter dado refúgio ao ex-ditador tunisiano Zine Ben Ali.
Desconfia-se que o reino esteja fornecendo dinheiro em segredo a grupos extremistas para que eles freiem mudanças. As autoridades sauditas negam a acusação.
Em 1952, depois de depor o rei egípcio, Gamal Abdel Nasser trabalhou para desestabilizar os monarcas, inspirando um regicídio no Iraque e, depois, a deposição do rei Idris, da Líbia. A Arábia Saudita se chocou com o Egito ao longo da década de 1960 e está determinada a não reviver esse período.
Mohammad Qahtani, um ativista político em Riad, declarou: "Estamos de volta aos anos 1950 e início dos anos 1960, quando os sauditas lideraram a oposição às revoluções daquela época, as revoluções do arabismo".
Desde o Egito, onde os sauditas gastaram US$ 4 bilhões em ajuda no mês passado para escorar o conselho militar que está no governo, passando pelo Iêmen, lugar em que Riad tenta levar o presidente a deixar o poder numa transição pacífica, até os reinos da Jordânia e do Marrocos, convidados a ingressar numa união de monarquias do Golfo Pérsico, a Arábia Saudita está agindo para prevenir mais mudanças e bloquear a influência do Irã.
O reino está enfatizando agressivamente a relativa estabilidade das monarquias, como parte de um esforço para prevenir qualquer mudança drástica em relação ao modelo autoritário.
A proposta saudita de incluir Jordânia e Marrocos no Conselho de Cooperação do Golfo visa a criação de uma espécie de "clube de reis". A ideia, segundo analistas, é assinalar ao xiita Irã que os monarcas árabes sunitas vão defender seus interesses.
"Estou certo de que os sauditas não gostam da onda revolucionária -eles ficaram realmente assustados", disse Khalid Dakhil, analista político e colunista saudita. A gama da intervenção saudita é extraordinária, na medida em que a turbulência está levando Riad a criar algo que comentaristas, no Egito e em outros locais, batizaram de "contrarrevolução".
No Egito, onde a revolução já derrubou um aliado saudita estreito, Hosni Mubarak, os sauditas estão fornecendo assistência e reparando laços, em parte para ajudar a impedir que a Irmandade Muçulmana apresente bons resultados nas eleições parlamentares que estão por vir. Os sauditas receiam que uma Irmandade Muçulmana fortificada possa prejudicar a legitimidade saudita ao apresentar um modelo de lei islâmica diferente da tradição wahabita de monarquia absoluta. Autoridades sauditas também temem que a política externa do Egito esteja mudando, com seus gestos em direção ao Hamas e planos de restaurar os laços com o Irã.
A Primavera Árabe começou a desfazer uma aliança de chamados Estados árabes moderados, liderados pela Arábia Saudita e pelo Egito, que se dispunham a cooperar estreitamente com os EUA e promover a paz com Israel. O apoio dos EUA aos levantes árabes tensionou as relações.
O analista saudita Nawaf Obaid escreveu um artigo recente de opinião no jornal "The Washington Post" sugerindo que Riad estaria preparada para agir sozinha, pois os EUA teriam se tornado um "parceiro pouco confiável". Mas isso parece ser, pelo menos em parte, uma manifestação de irritação saudita, já que os arranjos de troca de petróleo por assistência militar que definem as relações entre os dois países, dificilmente, mudarão no futuro próximo.
A Arábia Saudita está enfrentando cada levante por sua vez, sem recorrer a um plano de ação único. No Bahrein, enviou tropas para esmagar uma rebelião de xiitas, pois temia a criação de um governo hostil a 30 quilômetros de distância de alguns de seus principais campos de petróleo. O país vem recorrendo à diplomacia em certos levantes e, em outros, tem permanecido em cima do muro. Além disso, prometeu US$ 20 bilhões para ajudar a estabilizar Bahrein e Omã, que também vem enfrentando protestos.
No Iêmen, a Arábia Saudita se uniu à coalizão que procura afastar o ditador Ali Abdullah Saleh do poder em uma transição pacífica por considerar que a oposição pode ser vizinho meridional mais confiável e menos agitado.
Na Síria, uma declaração inicial de apoio do rei Abdullah ao ditador Bashar Assad foi seguida por silêncio. Esse silêncio, segundo analistas, reflete ambivalência profunda. A família do governante saudita nutre desafeto pessoal por Assad, ressentindo-se de seus laços estreitos com o Irã e enxergando a ação da Síria no assassinato do ex-premiê libanês Rafik Hariri, que era aliado saudita.
Na Líbia, depois de ajudar a fazer aprovar um pedido da Liga Árabe por intervenção internacional, a Arábia Saudita deixou a cargo dos seus vizinhos Qatar e Emirados Árabes Unidos a tarefa de participar da coalizão militar que apoia os rebeldes. Até agora, ela vem mantendo distância pública também da Tunísia, apesar de ter dado refúgio ao ex-ditador tunisiano Zine Ben Ali.
Desconfia-se que o reino esteja fornecendo dinheiro em segredo a grupos extremistas para que eles freiem mudanças. As autoridades sauditas negam a acusação.
Em 1952, depois de depor o rei egípcio, Gamal Abdel Nasser trabalhou para desestabilizar os monarcas, inspirando um regicídio no Iraque e, depois, a deposição do rei Idris, da Líbia. A Arábia Saudita se chocou com o Egito ao longo da década de 1960 e está determinada a não reviver esse período.
Mohammad Qahtani, um ativista político em Riad, declarou: "Estamos de volta aos anos 1950 e início dos anos 1960, quando os sauditas lideraram a oposição às revoluções daquela época, as revoluções do arabismo".
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