domingo, 7 de abril de 2013

O Cinquentenário de 1964


Daqui a um ano vai-se chegar ao cinquentenário da instalação da ditadura de 1964. Da "revolução", como disse o senador Aécio Neves, ou do "golpe militar", na expressão do ministro do Exército, general Sylvio Frota, nas suas memórias (página 75), justificando-o e defendendo-o.
Ao contrário do que sucedeu em outras rupturas, passado meio século, 1964 continua divisivo. Em 1872 ninguém discutia 1822, assim como em 1939 não mais se debatia se a Proclamação da República fora uma quartelada. Em 1980, a deposição de Washington Luís, em 1930, já saíra da agenda.
Os comandantes militares relutam em reconhecer publicamente os crimes cometidos por oficiais que cumpriam as ordens dos senhores da época. Outra banda recusa-se a admitir que durante a ditadura o país teve um período inédito de progresso. (Em 1979, falar em crescimento de 2% do PIB era sinônimo de defesa de uma recessão.)
Essa divisão pode durar mais 50 anos, mas se o próximo ano estimular discussões em busca da origem dessa divisão, todo mundo ganha. 1964 encruou.
Por quê?


Trecho da coluna de Elio Gaspari, na Folha de São Paulo.

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