No episódio de hoje de "Plantão Médico", nossos emergencistas se veem diante de um diagnóstico até então considerado impossível pela comunidade científica.
"A paciente deu entrada no hospital com 80 de frequência e nove por seis de P.A. Em 14 anos de emergência, nunca tinha visto um caso assim. Estávamos diante de uma overdose de maconha."
"Entendemos que o primeiro procedimento a se fazer era oferecer um copo d’água para a jovem, que estava com a boca mais seca do que o coração de um aquariano. Mas ela implorava por uma Coca-Cola. Geralmente, eu não receitaria essa substância como tratamento, mas situações extremas requerem medidas extremas."
"Tentei usar meu estetoscópio para escutar o estômago da paciente, mas ela se contorcia muito, sentindo cócegas com o contato do metal geladinho em sua barriga. Acabou se provando desnecessário, pois era possível ouvir as contrações musculares do órgão até da sala de espera. Um quadro popularmente conhecido como ‘larica monstro’."
"Um Big Mac, rápido! Alguém abre o iFood. Não vai dar tempo. Tem uma padaria na esquina, que vende aquelas pizzas dormidas no balcão, com borda recheada de catupiry. Corre!"
"Acabamos optando por um coquetel de drogas pesadas: uma mistura de macarrão instantâneo com leite condensado. Uma de nossas enfermeiras passou mal durante o procedimento e precisou ser medicada com um Plasil intravenoso. Mas nossa equipe está sempre preparada para tudo, menos para desistir."
"Vamos fazer a contagem. Quantas risadas por minuto? Calma, vai ficar tudo bem, você vai sair dessa." Foi quando a paciente se convenceu de que estava morrendo, entrando no estágio que os paramédicos mais temiam, a bad trip."
"Eu preciso de um celular, agora. Procura vídeos de filhotes de cabra de suéter. Não, cachorro não serve, tem que ser algo mais potente. Tenta amizade interespécies. Um cachorro e uma cabra. Ambos de suéter. Coloca no campo de visão dela. Ufa. O batimento cardíaco está estabilizando."
"A paciente passa bem, mas o caso ainda me intriga. Infelizmente, nós médicos nem sempre temos todas as respostas. Onde a paciente teria conseguido uma maconha tão potente? E quanto custa? Será que a fonte dela entrega em casa? E aceita Pix?"
Texto de Manuela Cantuária, na Folha de São Paulo.
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