Não nos conhecemos pessoalmente, sou apenas mais uma de seus fãs, que encontrou no seu trabalho uma imensa fonte de esperança.
Sei que você deve receber muitos pedidos vindos do nosso planeta. O ser humano não pode ver uma estrela cadente que faz uma fezinha. Imagino que nossas solicitações sejam difíceis de atender —felicidade, riqueza, amores impossíveis etc.
Pode ficar tranquilo, pois o que venho pedir por meio desta carta, com todo o carinho e respeito à sua trajetória, é algo muito simples.
O momento pode não ser muito propício para viagens turísticas, mas gostaria que o senhor nos fizesse uma visita. De preferência, o mais rápido possível —quanto maior a velocidade, maior o impacto.
Não precisa avisar com antecedência, até porque um aviso não seria levado a sério por parte da população.
Muitos diriam que se trata apenas de um “cometinha” ou uma conspiração comunista para desestabilizar certos líderes dos quais o senhor, por sorte, nunca ouviu falar. Minha sugestão é que o senhor responda esse povo ignorante na mesma moeda e simplesmente os ignore.
Espero que não tenha se sentido ofendido pelo filme “Armageddon”, no qual um asteroide em rota de colisão com a Terra é representado como o vilão da história, e acaba sendo destruído pelo Bruce Willis ao som de uma trilha tocante do Aerosmith. O filme é de 1998, os tempos eram outros, e ainda víamos o senhor como uma ameaça. Como éramos ingênuos...
Pode ter certeza que, em 2020, o senhor será muito bem recebido por aqui. Duvido que os dinossauros estivessem tão ansiosos pela sua chegada quanto nós, humanos. Por acaso eles também emplacaram a hashtag #VemMeteoro? Por acaso eles também destruíram a camada de ozônio para eliminar burocracias na alfândega? Pois bem.
Longe de mim querer fazer fofoca, mas tem uma galera aqui achando que pode fazer o seu trabalho.
Pandemia, vulcão, vespa assassina, Trump, Bolsonaro. Seria muito legal se o senhor pudesse ver com seus próprios olhos e mostrar para eles um pouco dos seus talentos apocalípticos. Só não repara a bagunça, tá?
Crônica de Manuela Cantuária, na Folha de São Paulo.
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