Sei que a vida é muito curta para ficar falando mal de homem. Mas quem acompanha essa coluna já entendeu que não consigo evitá-lo.
Hoje não será diferente. Acredito que o levantamento a seguir seja de utilidade pública. Alguém precisa alertar as mulheres heterossexuais solteiras a respeito de novas categorias de golpes que estão rolando na praça. Ou na pista de dança.
O boy Césio 137. Homens tóxicos existem desde os tempos das cavernas. A diferença é que, hoje, as mulheres falam abertamente sobre isso. Por isso, a subcategoria dos cancelados cresce a cada dia. À noite, todos os gatos são pardos e, à primeira vista, é impossível reconhecer um cancelado na multidão. Converse com suas amigas em comum. Desperte a detetive do prédio azul que mora dentro de você. E jamais volte para casa com um cara antes de devidamente jogar o nome dele no Twitter.
O boy campeonato brasileiro, que adota aquele sistema de pontos corridos. É aquele cara que, na intenção de elogiar, diz que você ganhou pontos com ele. Legal, mas o que isso significa? O que fazer com esses pontos? São cumulativos? É uma espécie de cartão fidelidade? Você pode trocá-los por milhas?
O comprometido, pero no mucho. Um fenômeno cada vez mais comum entre as redes sociais. Se ele costuma postar fotos supostamente conceituais com pedaços de uma mulher no Instagram, desconfie. Ele namora um saci? Uma mula sem cabeça? O que ninguém sabe ninguém estraga —é o que ele alega à sua musa fragmentada.
Boy IML, aquele que só aparece quando você mostra o corpo. Usa táticas avançadas de flerte virtual, como curtir 30 fotos suas de biquíni em uma talagada só. Fico pensando se essa estratégia já funcionou em algum momento na face da Terra. Se, no futuro, uma criança perguntará a seu avô como ele conheceu a vovó, e a resposta será: respondi todas as stories dela com "linda" até ela me notar e hoje estamos fazendo bodas de ouro.
Tem ainda aquele conhecido como desconstruído de Taubaté: ele pinta as unhas e usa saia. Dá mais pinta do que uma moto com escapamento adulterado. Sabe também que todo relacionamento heteronormativo é opressor e evita assumir compromissos. Por isso, nunca manda a famigerada mensagem do dia seguinte como um ato de responsabilidade afetiva.
Texto de Manuela Cantuária, na Folha de São Paulo.
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