Assunção — A Justiça do Paraguai bateu o martelo sobre o caso de Ronaldinho Gaúcho. Por decisão unânime, o ex-jogador foi condenado a voltar para o Brasil.
O craque foi detido em março, após entrar no país com passaporte falso, num dos momentos mais trágicos de sua carreira desde a participação no disco de Jorge Vercillo.
O fato de ter sido eleito embaixador do turismo por Jair Bolsonaro tornou o incidente ainda mais grave. “É a prova de que o Brasil é o Paraguai do Paraguai”, comentou, na época, o presidente paraguaio. Em sua defesa, Ronaldinho alegou que, ao pedirem um passaporte paraguaio, entendeu que o documento deveria ser falsificado.
Com a chegada do coronavírus, o que parecia ser um desastre se tornou um golpe de sorte. Enquanto os casos disparavam no Brasil, o ex-jogador se aproveitava do baixo número de infectados e do conforto de sua “prisão” num hotel de luxo no Paraguai. O país tem tido sucesso no controle de casos de Covid-19, com pouco mais de 200 mortos. Diferente do Brasil, que já ultrapassou 116 mil óbitos.
Os vergonhosos números brasileiros, somados a outras tragédias, como a reunião ministerial e a performance de “Asa Branca” na live de Bolsonaro, ajudaram na decisão do jogador de nunca mais voltar.
“Só maluco para voltar para o Brasil quando se pode curtir uma bela piscina de hotel, tocando um pandeirinho, com vista para o rio Paraguai?”, comentou um amigo e companheiro de rolês aleatórios.
O craque já tinha formado uma roda de samba com hóspedes do hotel, o que pode ter influenciado a decisão da Justiça de retirá-lo do país o quanto antes.
Os advogados tentaram de todas as formas recorrer da decisão. Sugeriram até que o ex-jogador passasse um mês fazendo compras nas lojas Monalisa Paraguay, considerado o maior castigo paraguaio. Mas o júri foi impiedoso e deu a sentença máxima de voltar ao Brasil.
Além do retorno, Ronaldinho foi condenado a assistir à conversa de Bolsonaro com Al Gore no modo repeat, suplício até para quem já foi bolsonarista declarado.
O ex-jogador perdeu seus patrocinadores paraguaios, Nice, Ardidas e Reboque. Logo após sua saída, o Paraguai fechou novamente as fronteiras, para impedir a entrada do coronavírus e de Ronaldinhos Gaúchos.
Texto de Flavia Boggio, na Folha de São Paulo.
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