O que surpreende, mais do que uma pessoa com cérebro do tamanho de uma linhaça ser chamada de “influencer”, é como algum assessor não tenha avisado que tal festa seria uma ideia de jerico. Aliás, toda celebridade deveria contratar profissionais só para isso. Seria o Departamento Vai Dar Merda.
O Departamento Vai Dar Merda não precisa de profissionais gabaritados. O único pré-requisito é ter o mínimo de sensatez para saber que algumas atitudes vão dar merda.
A cantora Madonna causou polêmica ao publicar um vídeo dizendo que a doença “não liga se você é rico ou se é pobre”, enquanto tomava banho em uma banheira com pétalas de rosa. Isso não aconteceria se ela tivesse seu próprio Departamento Vai Dar Merda. Não seria um rombo no orçamento da diva.
Quando o apresentador Roberto Justus pensar em publicar um vídeo falando que a pandemia é uma histeria, o DVDM imediatamente entra em contato: “Boa tarde, Roberto Justus, não faça isso porque vai dar merda”.
A atriz Isis Valverde quer brindar a quarentena com uma taça de vinho, enquanto uma funcionária prepara o almoço? “Alô, dona Isis? É do Departamento Vai Dar Merda... Isso, dona Isis, vai dar merda. E libera sua funcionária para voltar para casa.”
Angélica quer postar foto para contar que, na quarentena, está aprendendo a fazer faxina? “Oi, Angélica, todo mundo sabe que sua casa tem dez quilômetros quadrados e, obviamente, você não faz a faxina. Vai dar merda.”
Um lugar onde o Departamento Vai Dar Merda trabalharia dia e noite seria no Palácio do Planalto. “Olha, seu presidente, se vossa excelência comentar o recorde de mortes pelo coronavírus com um ‘e daí?’, vai dar merda.” Mas os funcionários seriam rapidamente demitidos.
E, diferente da previsão do DVDM, o comentário só ganharia uma nota de repúdio.
Texto de Flavia Boggio, na Folha de São Paulo.
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