sexta-feira, 15 de junho de 2012

O PIG e os blogues chapas brancas no julgamento do mensalão


Merval Pereira é um escritor medíocre.
Melhor: nem escritor é.
Mas tem grande influência como imortal do conservadorismo do Partido da Imprensa Golpista.
Ele tem denunciado os blogues chapas brancas financiados com dinheiro público.
Como se a grande imprensa, da qual ele é cacique, também não recebesse dinheiro público.
Todo grande veículo de comunicação recebe dinheiro de publicidade oficial.
Nada de anormal. Nem de ilegal.
O PIG, porém, lamenta perder uma fatia do bolo para, como se dizia antigamente, os nanicos.
Merval está no campo de batalha na guerra do mensalão.
Não se interessa por perguntas que não calam:
Por que o mensalão do PT atrai mais a mídia do que os mensalões do DEM de Brasília e do PSDB de Minas Gerais?
O mensalão do PT causa furor por quatro razões: 1) como vingança contra a arrogância do PT, que se construiu como rei da moralidade e como dono da verdade (nada melhor do que pegar o inimigo em contradições e fazê-lo sangrar pela boca), desarrumando momentaneamente um sistema secular de troca de favores. 2) Como estratégia política para enfraquecer o petismo triunfante (toda vez que a esquerda chega ao poder a direita se torna defensora da proibidade moral e, na falta de argumentos melhores contra as reformas que abomina, denuncia a maior corrupção de todos os tempos). 3) Como maneira de a direita encontrar uma nova identidade no combate ao suposto inimigo comum. 4) Por ser uma maneira fácil de manipular a opinião da classe média moralista ou moralizante através de uma cruzada midiática com pretensões de defesa de altos valores.
Por outro lado, o lado da esquerda, parece evidente que aconteceu a tradicional artiminha da ação em nome da “causa”, uma espécie de manobra consistindo em “tirar deles”, da “burguesia”, para dar ao “proletariado” ou seja lá como são chamados agora os que devem ser beneficiados pela ação do partido autoencarregado de mudar o mundo.
Até mesmos os petistas sabem que caixa dois é crime, mas, no fundo, pensam assim, “que mal tem, se for pela causa?”
Tem mal, no entender do petismo puro e duro, quando é praticado por  “eles”, em nossos dos seus “interesses”.
Para a esquerda, a direita tem interesses.
Para a direita, a a esquerda é sempre ideológica.
Para a esquerda, a esquerda tem projetos.
Para a direita, a direita é sempre realista.
O olhar distanciado de quem, como eu, nunca teve partido nem pretende ter, obriga a explicitar paradoxos:
– Marcar o julgamento do mensalão para antes das eleições é jogada política. Sim.
– Tentar adiar o julgamento do mensalão até a prescrição dos crimes é calhordice.
Um julgamento técnico terá de dar respostas a perguntas como estas:
– Houve enriquecimento pessoal no mensalão?
– Houve caixa dois?
Como diria o filósofo Heidegger, a essência da técnica não é técnica.
O julgamento do mensalão é político.
Mas, numa democracia que se respeite ou pretenda ser respeitada, o judiciário precisa, em certas ocasiões, simular que é técnico e, claro, agir dentro de limites técnicos para não ser acusado de, escancaradamente, tomar decisões políticas.
O mensalão é a cara da política brasileira: a direita, que sempre o praticou, trata de exagerá-lo.
A esquerda, que não se constrageu em praticá-lo, trata de diminuí-lo.
O que se espera do julgamento: que ele prove o que realmente aconteceu.
E puna, conforme a letra da lei, quem pisou na bola.


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