terça-feira, 26 de junho de 2012

Woody Allen admite não gostar de qualquer um de seus filmes


Woody Allen admite não gostar de qualquer um de seus filmes

Em seu novo filme, "Para Roma, com Amor" o cineasta criticou o título


O cineasta americano Woody Allen, que está em Los Angeles para promover o seu mais recente filme Para Roma, com Amor, confidenciou que "nunca ficou satisfeito" e "nunca apreciou qualquer filme (seu)", comparando-se a um chef de cozinha revoltado com a comida que prepara.
Para Roma, com Amor, primeira viagem do cineasta de 76 anos na Cidade Eterna, estreia na próxima sexta-feira nos cinemas brasileiros, depois de ter sido exibido na Itália em abril.
Em Los Angeles para promover seu filme, uma viagem incomum para os nova-iorquinos que nunca esconderam seu desprezo pela Califórnia em geral e pela fauna de Hollywood em particular, Woody Allen falou de sua filmografia com o humor e a auto-depreciação que o caracterizam.
— Quando você faz um filme é como um chef que trabalha em um prato. Depois de passar o dia na cozinha cortando, picando e adicionando molhos, você não quer mais comê-lo. Isto é o que sinto em relação a um filme — disse ele aos repórteres.
— Eu trabalho em um filme por um ano. Eu escrevo, trabalho com os atores, eu monto, coloco a música e depois não tenho absolutamente desejo algum de vê-lo novamente —prosseguiu.
— Eu nunca fiquei satisfeito e eu nunca gostei de nenhum dos meus filmes. Eu fiz o primeiro em 1968, Take the Money and Run (Um assaltante bem trapalhão), e eu nunca o assisti depois — disse.
— Eu sou eternamente grato ao público por amar alguns, apesar do meu próprio desapontamento. Para mim, (o resultado) sempre está longe de ser a obra-prima que eu tinha certeza de realizar — declarou.
Apesar de não amar toda a sua enorme filmografia, o cineasta não nutre pelo menos um pouco de afeição por Annie Hall (1977) ou Hannah e suas Irmãs (1986)?
— Em Annie Hall, a relação entre mim e Diane Keaton não era tudo o que me interessava. Era uma pequena parte de um projeto maior. E no final, eu tive que reduzir o filme a esta relação — conta.
Quanto à Hannah e suas Irmãs,  — foi uma grande decepção porque eu tive que fazer concessões significativas em relação a minha intenção original para assegurar a sobrevivência do filme — afirma.
O cineasta também criticou Para Roma, com Amor, sobretudo por seu "terrível título".
— Meu título original era Bob Decameron, mas ninguém sabia quem era o Decameron, mesmo na Itália — explica.
— Então eu mudei para Nero Fiddled (primeiras palavras, em inglês, de uma expressão que descreve o imperador Nero tocando lira enquanto Roma ardia), mas metade dos países do mundo dizia: 'não compreendemos o que isso quer dizer, nós não conhecemos esta expressão'. Então optei por um título genérico como Para Roma, com Amor para que todo mundo entendesse — admite, um pouco abatido.
O filme segue as histórias paralelas - e muitas vezes sentimentais - de vários casais, italianos e americanos, e conta com a presença de Penélope Cruz, Jesse Eisenberg, Ellen Page e Roberto Benigni. Woody Allen, que não aparecia em um de seus filmes desde Scoop em 2006, também retorna à tela no papel do pai de uma jovem americana a ponto de se casar com um italiano.
— Quando eu escrevo um script, se há um papel para mim, eu aceito. Mas à medida que eu fico mais velho, os papéis estão se tornando mais raros — disse.
— Quando eu era jovem, podia ter o papel principal e fazer cenas românticas com mulheres, era engraçado e eu gostava. Mas agora que estou mais velho, estou reduzido à papéis de porteiro ou de velho tio, o que não é realmente a minha praia.

Texto originário de Zero Hora

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