terça-feira, 29 de maio de 2012

Brasil tem 4ª maior população carcerária do mundo e deficit de 200 mil vagas


Com cerca de 500 mil presos, o Brasil tem a quarta maior população carcerária do mundo e um sistema prisional superlotado. O deficit de vagas (quase 200 mil) é um dos principais focos das críticas da ONU sobre desrespeito a direitos humanos no país.

Ao ser submetido na semana passada pela Revisão Periódica Universal - instrumento de fiscalização do Alto Comissariado de Direitos Humanos da ONU -, o Brasil recebeu como recomendação "melhorar as condições das prisões e enfrentar o problema da superlotação".

Segundo a organização não-governamental Centro Internacional para Estudos Prisionais (ICPS, na sigla em inglês), o Brasil só fica atrás em número de presos para os Estados Unidos (2,2 milhões), China (1,6 milhão) e Rússia (740 mil).

De acordo com os dados mais recentes do Depen (Departamento Penitenciário Nacional), de 2010, o Brasil tem um número de presos 66% superior à sua capacidade de abrigá-los (deficit de 198 mil).

"Pela lei brasileira, cada preso tem que ter no mínimo seis metros quadrados de espaço (na unidade prisional). Encontramos situações em que cada um tinha só 70 cm quadrados", disse o deputado federal Domingos Dutra (PT-MA), que foi relator da CPI do Sistema Carcerário, em 2008.

Falta de condições

Segundo ele, a superlotação é inconstitucional e causa torturas físicas e psicológicas.

"No verão, faz um calor insuportável e no inverno, muito frio. Além disso, imagine ter que fazer suas necessidades com os outros 49 pesos da cela observando ou ter que dormir sobre o vaso sanitário".

De acordo com ele, durante a CPI, foram encontradas situações onde os presos dormiam junto com porcos, no Mato Grosso do Sul, e em meio a esgoto e ratos, no Rio Grande do Sul.

Segundo o defensor público Patrick Cacicedo, do Núcleo de Sistema Carcerário da Defensoria de São Paulo, algumas unidades prisionais estão hoje funcionando com o triplo de sua capacidade.

Em algumas delas, os presos têm de se revezar para dormir, pois não há espaço na cela para que todos se deitem ao mesmo tempo.

"A superlotação provoca um quadro geral de escassez. Em São Paulo, por exemplo, o que mais faz falta é atendimento médico, mas também há (denúncias de) racionamento de produtos de higiene, roupas e remédios", disse o defensor.

Vigilância

Porém, abusos de direitos humanos não ocorrem somente devido ao deficit de vagas.

Em todo país, há denúncias de agressões físicas e até tortura contra detentos praticadas tanto por outros presos quanto por agentes penitenciários.

"No dia a dia, recebemos muitas denúncias de agressões físicas, mas é muito difícil provar, pelo próprio ambiente (de isolamento). Quando a denúncia chega e você vai apurar, as marcas (da agressão na vítima) já sumiram e não há testemunhas", disse.

O número de mortes de detentos nos sistemas prisionais não é divulgado pelos Estados, segundo o assessor jurídico da Pastoral Carcerária, José de Jesus Filho.

"O sistema penitenciário é opaco, uma organização (não-governamental) já tentou fazer esse levantamento, mas não conseguiu", disse.

Segundo o deputado Dutra, o ambiente geral desfavorável aos direitos humanos no sistema prisional do país foi o que possibilitou o surgimento de facções criminosas.

Entre elas estão o Comando Vermelho e o Terceiro Comando, no Rio de Janeiro, e o Primeiro Comando da Capital, em São Paulo, que hoje operam as ações do crime organizado dentro e fora dos presídios.

Defensores

Outra recomendação explícita feita pelo grupo de 78 países-membros durante a sabatina na ONU foi a disponibilização permanente de defensores públicos em todas as unidades prisionais do país.

Uma das funções deles seria acelerar a apuração de abusos de direitos humanos contra presos.

Outros papeis seriam oferecer assistência jurídica para que os detentos não fiquem encarcerados após acabar de cumprir suas penas ou tenham acesso mais rápido ao sistema de progressão penitenciária (regime semiaberto ou liberdade assistida) - o que ajudaria a reduzir a superlotação.

Mas o país ainda está longe dessa realidade. Só em São Paulo, um dos três Estados com maior número de defensores, o atendimento a presos nas unidades prisionais é feito por meio de visitas esporádicas.

Segundo Cacicedo, apenas 29 das 300 comarcas do Estado têm defensoria. Além disso, só 50 dos 500 defensores se dedicam ao atendimento dos presos.

O Estado, no entanto, possui 151 unidades prisionais da Secretaria de Administração Penitenciária (sem contar as cadeias públicas subordinadas à Secretaria de Segurança Pública).

Soluções

Segundo Jesus Filho, os problemas não são resolvidos em parte devido ao perfil da maioria dos detentos.

Um levantamento da Pastoral Carcerária mostra que a maior parte tem baixa escolaridade, é formada por negros ou pardos, não possuía emprego formal e é usuária de drogas.

Segundo o deputado Dutra, uma possível solução para reduzir a população carcerária seria o emprego de detentos em obras públicas e estímulo para que eles estudem durante a permanência na prisão.

A legislação já permite que a cada três dias de trabalho um dia seja reduzido da pena total. Mas, segundo Dutra, nem todos os governos estaduais exploram essa possibilidade.

Esta é a primeira de uma série de reportagens da BBC Brasil sobre as deficiências do país na área de direitos humanos que serão publicadas ao longo desta semana.

segunda-feira, 28 de maio de 2012

A guerrilha da direita em 1964

A Comissão da Verdade tem mexido com os nervos de militares, que se horrorizam com a possibilidade de os torturadores terem, enfim, de pagar pelo que fizeram.
As Forças Armadas Brasileiras estão acima deles.
Alguns, apresentam sempre os mesmos argumentos: a esquerda cometeu atrocidades. Todo mundo sabe disso.
A questão é de ovo e de galinha.
Quem começou tudo? Quem deu o pontapé inicial?
A resposta é cristalina: a direita. Foi ela que deu o golpe militar, em março de 1964, e começou a repressão.
Dado o golpe, todas as resistências armadas a ele tornaram-se imediatamente legítimas. O golpe derrubou um presidente legítimo. Implantou o arbítrio, o inaceitável.
A maioria esmagadora, conforme o clichê, dos que resistiram foi punida com exílio, tortura, morte, prisão, cassação, etc. Alguns ícones da resistência, como Carlos Marighela e Carlos Lamarca, foram executados.
Qual torturador foi punido?
Quem descreve os crimes da esquerda jamais cita os crimes hediondos da ditadura. Por que será mesmo?
Qual crime de Estado, o mais hediondo dos crimes, foi julgado? Até hoje só os torturadores escaparam.
A repressão não esperou o AI-5, desfechado em 1968, para ceifar cabeças. Jorge Ferreira, na biografia de Jango, relembra: “Entre 1964 e 1966, cálculos apontam para 5 mil detidos, 2 mil funcionários públicos demitidos ou aposentados compulsoriamente; 386 pessoas perderam o mandato parlamentar e/ou tiveram os direitos políticos suspensos por dez anos, enquanto 421 oficiais militares foram punidos com a passagem compulsória para a reserva – sem contar os suboficiais. Os maus tratos físicos tornaram-se prática comum nos quarteis. Gregório Bezerra, por exemplo, foi arrastado por um jipe pelas ruas do Recife e, depois, surrado com uma barra de ferro. O almirante Aragão foi brutalmente espancado”. Um começo.
O pau cantou. Thomas Skidmore resume o promissor começo da ditadura em termos de violência: “Quais foram as dimensões globais da repressão? Talvez em sua maior parte tenha ocorrido nos dez dias entre a deposição de Goulart e a eleição de Castelo Branco, embora no Nordeste tenha continuado até junho”. Entre dez mil e 50 mil presos, mortes, expurgos. Na primeira leva de cassados, 441: três ex-presidentes da república, seis governadores, 55 deputados federais e mais uma amostragem de intelectuais, líderes sindicais e outros suspeitos de “subversão”. Mais dados citados por Skidmore extraídos de várias obras, inclusive de americanos como o famoso John Fuster Dulles: até 9 de outubro de 1964, fase ainda de implantação de Castelo, 4.454 aposentadorias forçadas, 1408 demissões do serviço público, 2985 punidos, etc.
A “Operação Limpeza” passou o rastilho no Nordeste.
Não havia guerrilha instalada antes de 1964.
Não me venham com pretensas informações bombásticas.
Peso cada palavra que escrevo.
Segundo o historiador Moniz Bandeira, o mais completo estudioso do governo João Goulart, “os grupos dos onze, ainda embrionários, não dispunham de armas e não chegavam sequer a constituir uma organização política e militar, com um programa de revolução social. As Ligas Camponesas tampouco”. Moniz diz mais. Precisa ser lido.
Sim, havia guerrilha, de direita: “A direita, sim, formava organizações paramilitares, dentro de uma estratégia de guerra civil, a fim de fomentar arruaças, dissolver comícios, promover sabotagens e até desencadear guerrilhas, caso as Forças Armadas se dispusessem a sustentar a implantação de uma república sindicalista no Brasil, proposito este que se atribuía a Goulart. Elementos vinculados ao marechal Odylio Denys armavam os fazendeiros, no sul do país, e o mesmo o almirante Silvio Heck fazia no Estado do Rio de Janeiro e em Minas Gerais, distribuindo petrechos bélicos, conseguidos por intermédio do governador de São Paulo, Adhemar de Barros, e do jornalista Júlio de Mesquita Filho, diretor de O Estado de S. Paulo. Em vários pontos do território nacional havia campos de treinamento para guerrilha, montados, clandestinamente, pelos militares que conspiravam contra Goulart desde 1961”. É mole? Mais?
Tem mais: “Em Alagoas comerciantes e latifundiários mobilizaram um exército particular de dez mil homens”.
Para ajudar, conta Moniz Bandeira, “cinco mil –norte-americanos, ‘fantasiados de civis’, desenvolviam, no Nordeste, intenso trabalho de espionagem e desagregação do Brasil, para dividir o território”.
Por que tudo isso?
Por que, explica Bandeira, Jango “estendeu aos trabalhadores do campo os benefícios da previdência social, assistência médica, auxílio-doença e aposentadoria tanto por invalidez como por idade, assinou decreto obrigando as empresas industriais, comerciais e agrícolas com mais de cem empregados a proporcionar-lhes ensino elementar gratuito e enviou ao Congresso mensagem que concedia ao funcionalismo público o 13º salário e instituía a escala-móvel para o reajuste dos seus rendimentos”. Era mesmo muito perigoso esse tal Jango.
Para piorar, combateu a especulação, regulamentou a remessa de lucros para o estrangeiro e decidiu fazer a reforma agrária. Segundo Bandeira, um diretor da Associação Comercial do Rio de Janeiro, Jorge Behring de Mattos, reagiu assim: “Armai-vos uns aos outros, porque nós já estamos armados”. O horror, rotulado de comunista, resumia-se às reformas de base: “Reforma agrária, com emenda do artigo da Constituição que previa a indenização prévia em dinheiro; reforma política, com extensão do direito de voto aos analfabetos e praças de pré, segundo a doutrina de que ‘os alistáveis devem ser elegíveis’; reforma universitária, assegurando plena liberdade de ensino e abolindo a vitaliciedade de cátedra; reforma da Constituição para delegação de poderes legislativos ao presidente da República; consulta à vontade popular, através de plebiscitos, para referendo das reformas de base”. Era realmente um monstro comunista esse Jango!
O Brasil, fulmina Bandeira, numa população de 70  milhões de habitantes, tinha apenas 3.350 milhões de proprietários de terra, “sendo que 2,2%, i. e., 73.737 proprietários ocupavam 58% da área total de hectares”.
Jango ousou dizer que o uso da propriedade deveria estar condicionado ao bem-estar social. Traidor!
Comunista!
Quando Jango foi derrubado, segundo pesquisa do IBOPE, tinha aprovação de 76% da população, sendo que, oito meses antes do golpe, apenas 19% dos consultados achavam o seu governo mau ou péssimo. Em contrapartida, o Partido da Imprensa Golpista estava todo contra ele.
Por que se rebelavam os marinheiros?
Por razões intoleráveis. Por exemplo, o direito de casar. Jorge Ferreira sintetiza: “A situação na Marinha de Guerra era explosiva, sobretudo devido às péssimas condições profissionais dos marinheiros: além dos salários miseráveis, regulamentos absurdos impediam os subalternos de se casarem, impossibilitando-os de, legalmente, constituir família”. Comunistas! Queriam constituir coletivos familiares em vez de ficar com a pátria”. Outros, queriam o direito de ser eleitos.
Em 1962, os Estados Unidos financiaram ilegalmente campanhas eleitorais no Brasil. IPES e IBAD eram fachadas para a lavagem cerebral. Havia a Bancada Americana.
E o comunismo? Onde estava? Comendo crianças? Moniz Bandeira responde: “Sovietes havia no Rio de Janeiro ou em São Paulo? Não. Propunha-se Goulart a abolir a propriedade privada dos meios de produção? Não. O comunismo era a CGT, esse esforço de organização e unificação do movimentação sindical, que as classes empresariais, pretendendo comprimir os salários, queriam interceptar. Era a sindicalização rural. Era a reforma agrária. Era a lei que limitava as remessas de lucros”.
Chega de lorota.
Leio tudo.
Li mais tudo que pude sobre os anos 1960 no Brasil.
Recomendo “Como eles agiam”, do historiador Carlos Fico, sobre os bastidores da tortura no Brasil.
Na apresentação, o historiador Jacob Gorender informa como quem conhece o riscado de cor e salteado: “Com os dados hoje disponíveis, pode-se estimar que cerca de cinquenta mil pessoas tiveram, no período ditatorial, a experência traumática da passagem pelos ‘porões’ e, destas, não menos de vinte mil foram submetidas à violência da tortura. Nos cerca de oitocentos processos por crimes contra a segurança nacional, e encaminhados à Justiça Militar, figuraram onze mil indiciados e oito mil acusados, resultando em alguns milhares de condenações”.
Nossos militares agiram por reacionarismo puro, por cumplicidade com os civis conservadores nacionais e por manipulação dos Estados Unidos, o senhor do golpe.
Vale repetir que tudo começou, ainda em 1962, com esta mensagem edificante de Lincoln Gordon: “Goulart está fomentando um perigoso movimento de esquerda, estimulando o nacionalismo. Duas companhias americanas, a ITT e a Amforp, foram recentemente desapropriadas pelo governador Leonel Brizola. Tais ações representam uma ameaça aos interesses econômicos dos Estados Unidos”.
Os Estados Unidos apoiaram o golpe desde Kennedy.
O IPÊS disseminou a campanha de mídia contra o governo associando-o ao comunismo. O IBAD, também com dinheiro americano, financiou candidaturas a rodo. Já próximo do golpe de 1964, um comunicado ao Departamento de Estados americano entrega tudo: “Estamos adotando medidas para favorecer a resistência a Goulart. Ações secretas estão em curso para organizar passeatas a fim de criar um sentimento anticomunista no Congresso, nas Forças Armadas, na imprensa e nos grupos católicos”. Assim surgem as Marchas da Família com Deus pela Liberdade.
Em 1979, o Brasil todo pediu a anistia. Mas o texto aprovado foi imposto pela ditadura como uma autoanistia. É o que mostra, como já contei aqui, o livro de Luciana Genro (radical não é ela, mas quem justifica a ditadura), “O Brasil no banco dos réus”. Luciana cita parte do discurso do deputado Airton Soares (MDB/SP) na sessão de aprovação da Lei da Autoanistia: “Não podemos concordar com este projeto, e todo o MDB se manifestou contra. Não vamos participar de farsa alguma montada por um regime que até então torturava, e hoje usa outras maneiras para se afirmar no poder”. Cita também a fala do deputado gaúcho Jorge Uequed (MDB): “Aqui nesta Casa, o projeto vai ser aprovado como o governo quer! Sim, porque o governo conhece as suas lideranças da ARENA, ele as tem na mão, quase que totalmente”. Teotônio Vilella, presidente da comissão especial encarregada de analisar o projeto a ser votado: “A oposição procurou (…) meios de entendimento. Tudo nos foi negado, até a humildade honrada de pedir para insistir”. Luciana resume: “Em uma votação preliminar, o substitutivo do MDB foi derrotado, e a aprovação do substitutivo do relator aconteceu sem votação nominal, apenas com os votos dos líderes”. Qualquer outra possibilidade seria revertida pelos senadores biônicos ou vetada pelo ditador de plantão.
Pode ser que algum guerrilheiro tenha cometido barbaridades e escapado sem punição.
Não é a regra.
A falta de punição é a regra para os torturadores.
Param de tapar o sol com a peneira, de tentar dar lições de História e de vomitar ideologia fazendo de conta que é o contrário. Assumam-se como xiitas, fundamentalistas, radicais, extremistas de direita.
Quanto aos requintes da tortura, pela qual ninguém foi punido, uma sugestão: “Memórias de uma guerra suja”, depoimento do torturador arrependido Cláudio Guerra.
Aviso aos navegantes: não sou nem nunca fui comunista.
Sou contra o marxismo corsário, expressão que me foi cedida por um amigo carioca, que defende o fim do direito autoral.


Do blog do Juremir Machado da Silva.
 

sexta-feira, 25 de maio de 2012

Operação contra crimes ambientais aplica R$ 750 mil em multas


Operação contra crimes ambientais aplica R$ 750 mil em multas

Em quatro dias foram apreendidas 15,5 toneladas de pescado na costa gaúcha


Entre segunda e quinta-feira, a Polícia Federal e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) deflagraram a Operação Mar em Fúria II, de repressão à pesca ilegal na costa gaúcha. Foram fiscalizadas 48 embarcações e 150 veículos, e aplicadas multas que somam R$ 750 mil. Além disso, houve apreensão de 15,5 toneladas de tainha e três traineiras - que tiveram suas atividades de pesca embargadas. 

O objetivo da ação foi fiscalizar barcos que atuavam sem a licença específica para a captura da tainha ou em situação irregular. O patrulhamento utilizou três embarcações da PF, uma lancha e um helicóptero do Ibama e ocorreu nas águas internas entre a Barra de Rio Grande e São José do Norte, e no litoral entre Rio Grande e Mostardas. 

Equipes chegaram a abordar barcos pesqueiros de grande porte que atuavam a 17 milhas da costa. Por terra, foram feitas barreiras na rodovia entre a estação ecológica do Taim e a fronteira com o Uruguai. Ao final, a Operação totalizou 48 horas na água e cinco horas de voo.

A ação foi precedida de levantamentos aéreos feitos pelo helicóptero do Ibama, além de monitoramento e informações fornecidas por sistemas cadastrais e de navegação. Parte do pescado apreendido já foi doado ao programa Mesa Brasil. 

A operação integra um cronograma de ações conjuntas que estão sendo implementadas pela PF em parceria com o Ibama. AOperação Mar em Fúria I foi deflagrada entre os dias 5 e 8 de março deste ano e apreendeu três toneladas de camarão.

Notícia do Correio do Povo.

Pergunta rápida: e a Marinha com isso? 

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Hoje na História: 1738 - John Wesley sente seu coração esquentar e dá início à fé metodista

No dia 24 de maio de 1738, o padre anglicano John Wesley sentiu seu coração estranhamente aquecido no curso de uma reunião de orações. Desta experiência mística iria nascer a Igreja Metodista.



À época, a Inglaterra vivia uma profunda crise social. Operários e mineiros trabalhando 16 horas por dia por um salário de fome. Crianças em idade escolar, trabalhando feridas e morrendo de frio. Isso tudo ao mesmo tempo em que uma casta de nobres detinha os meios de produção e o controle sobre a massa de trabalhadores.
Nesse contexto surgiu o Movimento Metodista, quando um grupo de estudantes da Universidade de Oxford, sob a liderança dos irmãos John e Carlos Wesley, passaram a se reunir para o cultivo da piedade cristã, por meio da leitura da Bíblia, da prática da oração, do jejum, da visita aos presos e aos enfermos.
John Wesley fundou o Metodismo com o intuito de fortalecer e renovar o espírito cristão daqueles que comungavam a religião oficial Anglicana. O grupo, conhecido inicialmente como "Clube Santo", marcou sua identidade por seus rituais de fé. Dias fixos para praticar o jejum, hora certa para a leitura da Bíblia, e visitas rigorosas aos presos. Devido a essa organização, o grupo foi intitulado de Metodista, isto é, aqueles que têm método.
Comprometido com os fundamentos da fé cristã, Wesley dedicou todos os dias de sua vida aos estudos da Bíblia, relacionando-os a sua própria experiência com Cristo. Por isso sua teologia é uma experiência de Deus, antes de um "entendimento" de Deus.
Costumava dizer que "o evangelho de Cristo não conhece religião que não seja religião social; Não conhece santidade, que não seja santidade social". Wesley tentou sempre exercer na prática o que dizia. Esse compromisso o levou a renunciar aos poucos trocados que tinha para se aquecer no inverno a fim de pagar uma professora que atendia crianças de rua.
Registrou em seu diário, na data de 24 de maio de 1738, a experiência mística de ter seu coração estranhamente aquecido, ou seja, uma manifestação emocional sinalizadora de sua comunhão com Deus. Essa data tem servido como referência para os metodistas, em geral, por demonstrar que a integração entre religiosidade individual e desenvolvimento de ações concretas na sociedade é entendida como a proposta de Deus para sua Igreja.

Trecho de texto que está publicado completo no Opera Mundi

A nova batalha


A nova batalha

Militares já investigaram a esquerda, mas com métodos que não tiveram a coragem de reconhecer

A DIVERGÊNCIA em torno da Comissão Nacional da Verdade, sobre investigar os crimes e criminosos da ditadura ou também as mortes e outras violências cometidas por oposicionistas, é o primeiro ato da série de problemas e contestações que se deve esperar dos investigáveis e seus associados.
Militares do Exército e da Marinha, aparentemente todos da reserva, participantes da ditadura, organizam-se para acompanhamento dos trabalhos da Comissão. Os seus centros serão (ou já são), na tradição das agitações contra a estabilidade institucional do país, os respectivos clubes Militar e Naval.
A probabilidade é de que aos dois se junte o Clube da Aeronáutica, porque a FAB teve participação, intensa por certo período, na repressão mais brutal. A propósito é suficiente lembrar, inclusive à comissão, o brigadeiro João Paulo Burnier e seu plano de lançar oposicionistas (estudantes, jornalistas e políticos) no mar, conforme a denúncia do então capitão Sérgio Miranda de Carvalho, um bravo falecido precocemente.
Presença ativa na confrontação inaugural, Nelson Jobim cobra a investigação das ações da oposição armada, tema que "discutiu com o então ministro da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência, Paulo Vannuchi, e que ficou acertado", com o duplo alvo da comissão (Folha de ontem).
O persistente Paulo Vanucchi foi o executivo da Presidência no processo que levou à Comissão da Verdade. Mas os "acertos" e decisões finais só poderiam firmar-se, é claro, com a autoridade presidencial. No caso, de Lula -que era quem estava dando a marretada na cortina de ferro da resistência militar.
E, cá para nós, se Paulo Vannuchi saiu ileso do governo, Nelson Jobim deixou pegadas desde antes, com a adulteração do texto da Constituinte e, para encurtar, com depoimentos à Câmara (governo Lula), sobre aparelhos e compras do Exército e da Abin, muito longe de verdadeiros.
Mas, enquanto se trata de investigar, para descobrir ou comprovar, as ações e autorias pessoais da ditadura, as ações da esquerda não exigem mais do que as recuperar. Hoje ainda é preciso investigar crimes da ditadura justamente porque seus militares e policiais investigaram as ações da esquerda desarmada e da esquerda armada.
Fizeram-no com os métodos que depois não tiveram a hombridade e a coragem de reconhecer, motivo real da Comissão da Verdade. Os processos, porém, com os atos oposicionistas descritos e suas autorias, são encontráveis nos arquivos da Justiça Militar. Nela mesma, aliás, não se perca a oportunidade de lembrar, houve atitudes de dignidade militar e pessoal de homens como o general Pery Bevilacqua e o almirante Júlio de Sá Bierrenbach.
É isso, sim: como pensam os coronéis Ustra, o do DOI-Codi, e Wilson Machado, o da bomba no Riocentro, a luta continua.


quarta-feira, 23 de maio de 2012

Pesquisa da FGV aponta que 63% da população não confia na polícia


Pesquisa da FGV aponta que 63% da população não confia na polícia

DE SÃO PAULO - Pesquisa feita pela Fundação Getulio Vargas no primeiro trimestre deste ano apontou que 63% da população de seis Estados brasileiros e do Distrito Federal não confiam na polícia.
Além do DF, os 1.550 entrevistados moram nos seis Estados mais populosos do país: São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Bahia, Rio Grande do Sul e Pernambuco.
Conforme o levantamento, a população mais pobre, com renda inferior a dois salários mínimos (R$ 1.244), é a que mais desconfia das polícias. Nesse estrato pesquisado, 77% disseram estar muito insatisfeitos ou um pouco insatisfeitos com os policiais.
"São as pessoas que estão mais expostas às áreas de risco e à violência. São as que sofrem mais discriminação e preconceito da polícia", disse a coordenadora da pesquisa, Luciana Gross Cunha.
Doutora em ciência política, Luciana diz que apesar do alto índice de desconfiança da polícia, é possível reverter esse quadro investido em policiamento comunitário e valorização dos policiais.


sexta-feira, 18 de maio de 2012

Donna Summer morre aos 63 anos; os céus sabem como vamos sentir sua falta


A cantora Donna Summer morreu hoje aos 63 anos de idade; ela estava lutando contra o câncer de mama e algumas fontes dizem que ela mantinha isso em sigilo. Summer foi a primeira artista a ter três álbuns duplos consecutivos no topo da Billboard. Provavelmente “a” voz da disco music, entre os hits de Donna Summer estão “Last Dance”, “Hot Stuff”, “She Works Hard for the Money” e “Bad Girls.”
Quando eu era criança, no verão dos anos 70 eu me mudei de Atlanta para Nova Iorque e Donna Summer era a trilha sonora daquele verão. Eu tinha um maiô da Mulher Maravilha, patins e um tocador de discos da Fisher Price que tovaca “Love To Love You Baby” no repeat. Eu gostava de forçar meus irmãos a ficar fazendo as luzes do quarto piscarem pressionando o interruptor sem parar para reproduzir uma discoteca no meu quarto.
Eu estava fazendo ginástica para valer e chegava para aulas onde tínhamos ensaios das coreografias de “Bad Girls”. Eu não tinha me dado conta até anos depois o quanto sexualizadas eram aquelas músicas: o orgasmo em “Love To Love You” e os tons de prostituição em “Bad Girls” (Toot toot ah, beep beep).
Nunca entendi a atitude “disco sucks” ou qualquer outra afirmação de que a disco music estava ultrapassada: a voz emocionante de Donna Summer foi uma das mais belas já gravadas e suas músicas não foram só para dançar; eram hinos. Cheio de dor, esperança, sonhos, amor. Sentiremos sua falta.


Este texto veio do Jezebel

Donna Summer morre aos 63 anos

A cantora Donna Summer morreu na madrugada desta quinta-feira (17), aos 63 anos, após batalha contra o câncer de pulmão. Chamada de rainha da disco music, embora não gostasse do rótulo, ela vendeu aproximadamente 130 milhões de discos em todo o mundo.



Summer ganhou cinco prêmios Grammy e fez sucesso, principalmente nos anos 70, com músicas como "Last Dance," "Hot Stuff", "She Works Hard for the Money" e "Bad Girls".
Nascida em Boston no dia 31 de dezembro de 1948, LaDonna Adrian Gaines (nome real da cantora) começou sua carreira como vocalista de apoio do trio Three Dog Night. Segundo o jornal "The New York Times", ela aprendeu a cantar na igreja em um coral gospel. Ainda adolescente, integrou um grupo de rock psicodélico chamado The Crow. A estreia solo em disco foi lançada em 1974, "Lady of the Night". Seu primeiro grande hit foi "Love to Love You Baby", que chegou ao segundo lugar na parada da revista americana "Billboard", em 1976.
Com o sucesso, passou a lançar pelo menos um LP por ano até 1984. Summer lançou 17 álbuns de estúdio. Entre os trabalhos mais importantes estão "Bad Girls" e "On the Radio, Volume I & II".
Ela já liderou a principal parada nos EUA com canções como "Hot Stuff" e "MacArthur Park". O disco mais recente é "Crayons", de 2008, com músicas como "I'm a fire", "Stamp your feet", "It's only love" e "Fame (the game)". O álbum ficou na 17ª posição do ranking de mais vendidos nos EUA. Ela veio ao Brasil em 2009 para divulgar o CD, lançado após hiato de 17 anos.

Este texto é parte da cobertura feita pelo G1

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Porto Alegre Antiga - Construção da Avenida Ipiranga



Construção da Avenida Ipiranga, na altura da Azenha, na década de 1940, em foto sem autor identificado.  Reprodução do calendário Sindilojas de Porto Alegre de 2010, a partir do acervo da Fototeca Sioma Breitman, do Museu Joaquim José Felizardo.

terça-feira, 15 de maio de 2012

Neimar de Barros (1943-2012)


NEIMAR MACHADO DE BARROS (1943-2012)

Das produções de TV às pregações
ESTÊVÃO BERTONI

DE SÃO PAULO

Neimar de Barros arrastava multidões. Em 1985, o ginásio do Gigantinho, em Porto Alegre, ficou abarrotado de pessoas querendo ouvi-lo. Era o mais popular pregador leigo católico daquela época.
Filho de um militar, nasceu em Corumbá (MS) e veio a São Paulo aos seis anos, depois que o pai foi transferido.
Aos 16, teve sua primeira tuberculose. Nos seis meses em que ficou de cama, aproveitou para ler tudo o que conseguia. Aos 21, tornou-se redator na rádio Nacional.
Conheceu Sílvio Santos no período e começou a trabalhar com o apresentador.
Ateu até 1971, converteu-se ao catolicismo após participar de um encontro. Escreveu então seu primeiro livro, misto de religião e autoajuda -foi autor de mais de dez obras.
Após dois anos de conflito no emprego, desligou-se e foi se dedicar às pregações. Ótimo orador, visitou mais de 4.000 cidades. Fundou o Missionários para Evangelização e Animação de Comunidades.
Em 1975, outra tuberculose o fez ir para Campos do Jordão. Em 1986, separou-se da mulher e deu uma entrevista bombástica à revista "Veja", dizendo ter sido um espião da maçonaria infiltrado na igreja para descobrir seus podres.
Para o filho Edmar, o episódio foi um delírio do pai num momento de estresse e desilusões. Por causa da repercussão negativa da reportagem, foi viver na Argentina.
Nunca recuperou a popularidade. Nos anos 90, virou protestante, trabalhou para a Prefeitura de Osasco e voltou ao SBT, onde ficou até 2006.
Sofria de alzheimer desde 2004. Morreu no domingo (6), aos 69, de falência de órgãos. Teve cinco filhos e seis netos.




Informação complementar rápida: Quem participou de movimentos de jovens católicos no final da década de 1970 e início da seguinte, ouviu falar de livrinho, ou mesmo o leu. Ele se chamva "Deus Negro".

Israelense desafia fama de direitista


Israelense desafia fama de direitista

Por ETHAN BRONNER

PETAH TIKVAH, Israel - Quando Shaul Mofaz assumiu no mês passado a liderança do partido oposicionista Kadima, isso foi visto como mais uma prova da guinada de Israel para a direita. Ex-chefe do Estado-Maior das Forças Armadas e ex-ministro da Defesa, Mofaz era visto por muitos como uma pálida réplica do premiê Binyamin Netanyahu e como um belicista interessado em aderir à coalizão governista do Likud.
Por isso, foi surpreendente escutar de Mofaz propostas geralmente associadas à esquerda.
Ele disse que o foco de Netanyahu no programa nuclear iraniano desviou as atenções de prioridades mais importantes, como a paz com os palestinos, o fim da construção de assentamentos na Cisjordânia e a redução das desigualdades socioeconômicas de Israel. "Deixe que o presidente Obama lide com o Irã", afirmou. "Podemos confiar nele".
"Pretendo substituir Netanyahu", disse Mofaz, 63. "Não vou aderir ao governo dele."
Para ele, "a maior ameaça ao Estado de Israel não é um Irã nuclear", e sim o risco de Israel eventualmente deixar de ser um Estado judaico, por ter tantos palestinos quanto judeus. "Por isso, é do interesse de Israel que um Estado palestino seja criado."
Mofaz disse que a aliança com Washington é o maior patrimônio estratégico de Israel e que é necessário alinhar mais a política do país com os EUA. Além disso, segundo ele, Netanyahu fala demais sobre o Irã. Se chegar o momento em que apenas um ataque puder conter o programa nuclear iraniano (e "Deus nos livre de o presidente americano decidir não atacar"), então ele promete apoiar Netanyahu nessa decisão. Mas ele não espera que isso aconteça.
As pesquisas indicam que, se as eleições fossem hoje (elas só estão previstas para o segundo semestre de 2013), Netanyahu venceria com facilidade. Mas, com Mofaz à frente do Kadima, surgiu uma discussão resumida por um artigo no jornal "Maariv", sob o título: "Não subestimem Mofaz".
Mofaz planeja transformar sua origem modesta em um trunfo num momento em que muitos se sentem alienados por líderes como o ministro da Defesa, Ehud Barak, que acabou de vender um apartamento por milhões de dólares.
Mofaz nasceu em Teerã e se mudou, aos 9 anos, com a família para o sul de Israel, onde se estabeleceram na cidade portuária de Eilat. Seu pai havia sido diretor de escola no Irã, mas sua tentativa de abrir um negócio em Eilat na década de 1950 fracassou e ele foi obrigado a buscar trabalhos de baixa qualificação. Aos 10 anos, Mofaz já trabalhava na construção.
Aos 14, seu pai o enviou a um colégio interno agrícola no norte do país. Ele se levantava às 4h para ordenhar vacas, estudava com afinco e percebeu que o caminho mais curto para fincar raízes aqui seria se tornando paraquedista. Acabou virando chefe do Estado-Maior de Israel.
As credenciais de segurança de Mofaz, junto com sua história de superação da adversidade como israelense com origens no Irã, podem lhe oferecer fortes vantagens políticas. Vai depender da sua capacidade de se conectar aos eleitores.
O parlamentar Yohanan Plesner, do Kadima, disse que não é exagero imaginar uma vitória sobre Netanyahu.
"Nossas pesquisas mostram que só precisamos capturar 4% da direita moderada para bloquear o domínio de Netanyahu", disse. "Com suas credenciais de segurança e seu foco na reconstrução das relações com os EUA, Mofaz é capaz de fazer isso. Ele pode não ter carisma, mas sabe como estabelecer um objetivo e formar uma equipe para governar."



Atualização: O deputado Shaul Mofaz entrou em acordo com o primeiro ministro Netanyahu, para que seu partido, o Kadima, passasse a fazer parte do atual gabinete de Israel.

O debate sobre o Irã


O debate sobre o Irã

Para estabelecer confiança, EUA e Irã têm de negociar

Londres

Nenhum outro relacionamento internacional chega perto da paranoia do confronto iraniano-americano. Qualquer pessoa que ensine diplomacia e deseje ilustrar os perigos de mais de 30 anos de falta de comunicação não precisa procurar mais.
O melhor resumo que conheço do impasse foi dado por John Limbert, um ex-refém americano no Irã que há muito tempo defende o diálogo. Os Estados Unidos, ele escreveu, veem os iranianos como "perversos, fanáticos, violentos e incompreensíveis". O Irã, por outro lado, vê os americanos como "beligerantes, hipócritas, ateus e imorais, materialistas, calculistas, prepotentes, exploradores, arrogantes e intrometidos".
Se essa rixa envolvesse, por exemplo, Luxemburgo e Bélgica, ninguém se preocuparia. Mas a disputa envolve o país mais poderoso do mundo e uma potência pivô no Oriente Médio. Enquanto persistir a ameaça de guerra entre eles, a região continuará instável. A distensão, por outro lado, teria implicações estratégicas tão abrangentes quanto a superação do impasse entre EUA e China em 1972.
É importante ter em mente a palavra "paranoia". Oferecer uma visão matizada do Irã -por exemplo, dizer que sua revolução sobreviveu através do pragmatismo, que seu sistema é brutal, mas não monolítico como o Iraque de Saddam, que o objetivo de seu programa nuclear não é claro, que sua comunidade judia continua sendo a maior do Oriente Médio muçulmano- é convidar a ira dos falcões iranianos nos EUA, que começam a gritar "Chamberlain" assim que alguém sugere que a Teerã dos mulás não é a Berlim de Hitler.
Romper tabus do outro lado -sugerir que "morte à América" está ultrapassado e que a república islâmica se enfraquece através do desafio barato sob um líder, o aiatolá Ali Khamenei, que perdeu o contato com o mundo- é igualmente perigoso.
Todo conflito bloqueado tem seus interesses entrincheirados e todo dogma morto tem seus defensores empedernidos: o conflito iraniano-americano e os slogans da revolução iraniana de 1979 não são exceção.
Por isso, o simples fato de que as negociações entre o Irã e as grandes potências mundiais, que começaram em Istambul no mês passado e deverão continuar em Bagdá em 23 de maio, deve ser comemorado. A única maneira de dissipar a desconfiança entre o Irã e os EUA é sentar-se a uma mesa, frente a frente. Isso não é garantia de sucesso, mas é a condição mínima para tanto.
Outra condição mínima é que Israel se abstenha de atacar o Irã -uma medida muito ameaçada durante vários anos que levaria a lugar nenhum, inflamaria a região, reforçaria as facções mais reacionárias da república islâmica, colocaria o Irã na busca acelerada da bomba nuclear, colocaria em perigo as forças americanas na região, faria os preços do petróleo disparar, uniria iranianos e árabes como inimigos violentos de Israel, radicalizaria a região e aumentaria as ameaças de terrorismo.
Eu nunca acreditei, apesar de toda a retórica incendiária do premiê israelense, Benjamim Netanyahu, que Israel atacaria o Irã sem apoio americano -e esse apoio em um ano eleitoral não virá do presidente Obama. Os EUA tropeçaram em muitas guerras na última década.
Não, Israel não está louco. Assim como o Irã, ele mede seus atos. O programa nuclear iraniano continua em uma zona de ambiguidade, inexplicável por seu objetivo confesso de produzir energia, mas também inconvincente como exercício militar. É preocupante sem ser imediatamente ameaçador. Há tempo para explorar a negociação.
Mas negociar em que base? O Irã quer o levantamento das sanções como gesto de boa vontade. Os membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU mais a Alemanha querem que o Irã pare o enriquecimento (em particular o enriquecimento a 20%, nível mais alto que o necessário para a energia nuclear civil). Talvez algumas concessões mútuas pudessem ser coreografadas em torno dessas exigências. Mas duvido que algum progresso real possa ocorrer até que o programa nuclear -um programa político que afirma o orgulho iraniano- seja colocado em um contexto mais amplo.
O Irã tem várias coisas em sua lista de desejos: o fim das sanções; a volta dos ativos congelados, o reconhecimento de seu direito à produção pacífica e o uso de energia nuclear, o fim da interferência americana e israelense em seus assuntos internos, a aceitação de seus interesses de segurança legítimos na região, incluindo o golfo Pérsico; e sua retirada da lista de países que patrocinam o terrorismo.
Os EUA e seus parceiros também têm uma longa lista: o fim do programa de enriquecimento de urânio a 20% e permitir a vigorosa inspeção do enriquecimento de baixo grau, o fim da retórica inflamada contra Israel e os EUA, o comprometimento com a busca de uma solução pacífica para o conflito palestino-israelense, a promoção da estabilidade no Iraque e no Afeganistão; e a restauração das relações diplomáticas com os EUA.
São questões duras. Elas exigem debate, mais do que o que Limbert chamou de "bater no peito". Tratada isoladamente, a questão nuclear é insolúvel. Vista em um contexto mais amplo, nem tanto. Quando restabeleceram os laços, EUA e China concordaram em apenas um ponto: que o isolamento mútuo era perigoso e não servia a nenhum objetivo. Vale a pena ter isso em mente para Teerã e Washington.



Escritor mexicano Carlos Fuentes morre aos 83 anos


O escritor Carlos Fuentes morreu nesta terça (15) aos 83 anos em um hospital na Cidade do México. A notícia foi confirmada pelo ministério da Cultura mexicano.

Nascido em 1928, Fuentes escreveu mais de 20 livros. Vencedor do Prêmio Cervantes em 1987 e do Príncipe de Astúrias em 1994, era considerado um dos escritores mexicanos de maior reconhecimento.


Mais na Folha.com . 

terça-feira, 8 de maio de 2012

José Simão vê as mudanças na remuneração da caderneta de poupança


Ueba! Dilma balança a poupança!

Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República!
A Dilma vai mexer na poupança. Da Valesca Popozuda!? A única que rende! Rarará! Eles vão fazer uma confusão com essa poupança.
E notícia econômica é a coisa mais democrática que existe: ninguém entende nada!
E o meu contador já gritou: "Tira da poupança e bota no fundo". Isso. Vou tirar da poupança e botar no fundo! Mas com Mantega! Aplica no fundo com Mantega!
E os políticos só aplicam em dois fundos: Fundo da Cueca e Fundo da Mala! E adoro os nomes da equipe econômica: Mantega e Tombini! Escorregou no Mantega e levou um Tombini! Rarará!
E a única poupança atraente é a da Valesca Popozuda. Que é tão polpuda que, quando chove, só molha a parte de cima, parece uma marquise! Parece o Pão de Açúcar!
Mas diz que eles só vão mexer em poupança nova. O Mantega só gosta de poupança nova. Poupança velha fica como tá. A da Gretchen, por exemplo!
E eu sei como eles vão calcular os rendimentos da nova poupança: multiplica o número de neurônios da Ana Maria Braga pelo número de vitórias do Rubinho e divide pelo número de assaltos em São Paulo! Pronto, esse vai ser o rendimento! Rarará!
E as dúvidas dos leitores: com as novas regras, a poupança continua atraente? Se for a da sua mulher, não. Se for a da Mulher Melancia, sim! Devo aplicar nos fundos? Sim, mas com Mantega! Rarará! Aplica nos fundos, mas com Mantega!
E falam tanto em poupança que eu resolvi trocar a "Exame" pela "Playboy"!
E tinha uma propaganda antiga da poupança, um cofre porquinho, e o povo gritava: "O que importa é o porquinho!". A Dilma vai torcer o rabo do porquinho. Rarará! É mole? É mole, mas sobe!



Faust moderno


Faust moderno

Faz tempo que sonho em escrever e montar um "Faust". A peça aproveitaria as ideias das melhores versões do mito, desde as de Christopher Marlowe e de Goethe até a mais recente, que está em cartaz em São Paulo, no Sesc Santana: "Fogo-Fátuo", de Samir Yazbek (coautoria de Helio Cícero e montagem bonita de Antônio Januzelli).
Numa hora intensa, inteligente e, às vezes, francamente engraçada, a peça apresenta o encontro entre um Faust escritor em crise (disposto talvez a vender sua alma) e um Mefisto que se pergunta qual função ainda tem o diabo num mundo em que os homens não precisam dele para fazer o pior. Se você estiver em São Paulo ou passar por aqui até 27 de maio, confira como Faust e Mefisto encontram uma solução original aos males de ambos.
Volto ao meu sonho. Por que a história do homem que vende sua alma ao diabo me parece ser um mito crucial da modernidade?
Só topo vender a alma em troca de sucesso em minhas empreitadas terrenas se meu breve tempo de vida for, para mim, mais importante do que a eternidade no céu. Ou seja, Faust, para assinar o pacto, deve ser, se não ateu, suficientemente agnóstico para se preocupar mais com os homens do que com Deus.
Paradoxo: a aparição de Mefisto, interessado em comprar minha alma, confirma indiretamente a existência de Deus e torna o contrato impossível: eu venderia a alma ao Diabo à condição de não acreditar realmente nem na alma nem no Diabo.
Várias soluções desse paradoxo são possíveis. Será que Mefisto se daria o trabalho de oferecer mares e montes a Faust só pelo prazer de lhe infligir as penas do inferno? Talvez Mefisto compre almas não para aumentar o rebanho dos pecadores (para isso, mal é necessário pagar), mas para alistar novos diabos. E ser diabo, mesmo de segunda linha, pode ser uma séria tentação.
Outra possibilidade é que Faust seja um vigarista, capaz de enganar até Mefisto. Já ao assinar o pacto, ele saberia que Mefisto será privado de sua "justa" recompensa: bastará, para isso, que Faust se arrependa, na última hora.
De qualquer forma (nisto concordo com o Mefisto de Yzbek), o Faust que frequenta hoje os consultórios dos psicoterapeutas não precisa de diabo. Explico.
Hoje (mas a observação já começa a valer na época romântica, quando Goethe escreve seu "Faust"), o sentimento é frequente, em adolescentes e adultos, de ter vendido a alma, sem que por isso Mefisto tenha tentado comprá-la.
Diante de qualquer sucesso (inclusive nosso) agimos como se fosse coisa de empreiteira de obras públicas: levantamos a suspeita de que foi o fruto da venda da alma de quem se deu bem. Se conseguimos algum conforto (mesmo espiritual), é porque a gente se vendeu: traímos a nós mesmos.
Temos um casamento feliz? É porque renunciamos a procurar o amor de nossa vida. Somos prósperos? É porque topamos aquele emprego, em vez de tentar empreender por nossa conta. Temos paz de espírito? É porque desistimos de procurar a pedra filosofal -que era a única coisa que nos importava de verdade.
O Faust de hoje já vendeu sua alma: ele vive com o sentimento de que seu sucesso, por modesto que seja, custou-lhe a renúncia à sua vocação, ao seu desejo, ao seu ser.
As más línguas dirão que preferimos parecer covardes e vendidos a fracassarmos por incompetência na tentativa de realizar "nosso desejo". "Desisto da procura do Santo Graal para que meus filhos possam comer a cada dia" soa muito melhor do que "desisto porque cansei ou não sei procurar direito".
Mas não é só isso: o desejo, na nossa cultura, aparece quase sempre como uma coisa da qual desistimos, que fugimos, que reprimimos, ao menos em parte.
Claro, Freud tem razão: a vida em sociedade exige repressão e renúncias. Mas talvez a sensação constante de ter traído nosso desejo (sabe-se lá qual) expresse sobretudo a nostalgia de um mundo passado, em que era mais fácil saber quem éramos e por que estávamos no mundo.
Cada vez mais, somos livres para inventar nossas vidas. E o preço inevitável dessa liberdade é nossa indefinição. "Quem sou eu? Veremos: o futuro mostrará de que sou capaz." Quando o futuro chegar, a pergunta mudará: "Tudo bem, fiz isso e aquilo, até que me dei bem, mas será que fiz mesmo o que eu queria? Será que preenchi todo meu destino?".
Pois é, amigo, nunca vamos saber. Pois, justamente, o destino estava escrito naquela alma que a gente vendeu.


Aumento de suicídios por causa da crise angustia a Europa


Aumento de suicídios por causa da crise angustia a 
Europa

Por ELISABETTA POVOLEDO e DOREEN CARVAJAL

TREVISO, Itália - Antonio Tamiozzo, 53, enforcou-se na véspera do Ano-Novo no depósito de sua construtora nas proximidades de Vicenza, depois de vários devedores não terem lhe pagado.
Três semanas antes, Giovanni Schiavon, 59, de Pádua, se matou com um tiro na cabeça. Confrontado com a perspectiva de ordenar demissões no Natal na firma que é de sua família há duas gerações, deixou um bilhete: "Me desculpem. Não suporto mais."
A recessão econômica que abala a Europa há três anos levou a um aumento alarmante no índice de suicídios. Especialmente nos países mais frágeis, como Grécia, Irlanda e Itália, vêm aumentando as chances de pequenos empresários e empreendedores se matarem, num fenômeno descrito por alguns jornais como "suicídio por crise econômica".
Embora alguns países demorem a informar estatísticas, e os legistas -para proteger os sobreviventes- relutem em classificar mortes como suicídios, está claro que os países na linha de frente da crise econômica são os mais atingidos.
Na Grécia, o índice de suicídio entre homens aumentou mais de 24% entre 2007 e 2009. Na Irlanda, no mesmo período, houve um aumento de mais de 16% nos suicídios de homens. Na Itália, os suicídios motivados por dificuldades econômicas subiram de 123 em 2005 para 187 em 2010.
Especialistas dizem que a tendência está se intensificando este ano, à medida que os governos implementam medidas de austeridade.
"A crise financeira coloca em risco a vida de pessoas comuns, mas é muito mais perigoso quando são feitos cortes radicais na proteção social", disse David Stuckler, sociólogo da Universidade Cambridge que liderou um estudo publicado no "Lancet" que constatou um aumento acentuado nos suicídios na Europa entre 2007 e 2009, especialmente na Grécia e na Irlanda. "A austeridade pode converter uma crise em uma epidemia", afirmou.
Cientistas sociais afirmam que alguns países, como Suécia ou Finlândia, evitaram um aumento nos índices de suicídio porque, em vez de fazer doações de dinheiro, investiram em iniciativas para ajudar as pessoas a se recolocarem em pé.
A região italiana de Vêneto vem sendo especialmente atingida. Mais de 30 pequenos empresários daqui cometeram suicídio nos últimos três anos, durante os quais a região sofreu uma queda nas encomendas industriais, a concorrência da China e o arrocho do crédito bancário. Mais recentemente o fenômeno vem se espalhando para Bolonha, Catânia e Roma.
Na Irlanda, os suicídios são vinculados à chamada "depressão do tigre celta" do período pós-2008, após o ciclo de "boom e bust" (expansão e crise) do mercado imobiliário.
Pesquisadores em Cork que entrevistaram familiares de 190 pessoas que cometeram suicídio entre 2008 e março de 2011 constataram que as vítimas foram em sua maioria homens, com idade média de 36 anos. Quase 40% estavam desempregados e 32% trabalhavam na construção.
De maneira geral, eles enfrentavam uma constelação de problemas: dificuldades financeiras, desemprego, relacionamentos rompidos e solidão.
Na Itália, às vezes é o governo que não paga suas dívidas com empresários em dificuldades. A legislação nacional que visa limitar os gastos públicos vem levando administrações estaduais e municipais a acumular bilhões de dólares em contas não pagas a credores, com isso dificultando a vida de muitas pequenas empresas.
"Esta é a loucura desta crise: que as pessoas se matam porque não foram pagas por instituições públicas", disse Massimo Nardin, porta-voz da Câmara de Comércio de Pádua.
"O problema é o sistema, ninguém mais está pagando: privado, público, tudo está bloqueado", falou Salvatore Federico, secretário-geral de um sindicato local de trabalhadores na construção.
Alguns atribuem os suicídios ao enfraquecimento dos laços religiosos. "O trabalho virou a religião aqui. Com o tempo, isso foi enfraquecendo a família, porque se você só faz trabalhar, trabalhar, quando o trabalho falha você não tem mais ao que recorrer", disse o padre Davide Schiavon, que dirige a seção de Treviso da organização católica Caritas.
Grupos comunitários e entidades beneficentes procuram oferecer alguma ajuda. Linhas telefônicas do tipo "SOS suicídio" são divulgados em postos de gasolina e personalidades vêm falando em público sobre o assunto.
No dia 26 de abril o baixista do U2, Adam Clayton, vai levantar dinheiro para serviços gratuitos de saúde mental com um dia nacional de solidariedade. George Mordaunt, 44, de Clonmel, Irlanda, pensou em cometer suicídio quando sua revendedora de carros faliu. Acabou por fundar um serviço de apoio que oferece aconselhamento a pessoas em situações semelhantes.
Elisabetta Povoledo escreveu de Trevis e Doreen Carvajal de Laharane, na Irlanda


O direito de morrer, em debate na Holanda


O direito de morrer, em debate na Holanda

Polêmica envolve a solicitação de eutanásia

Por DAVID JOLLY

AMSTERDÃ - Era 1989, e um paciente em estado terminal, com muitas dores por causa de um grande câncer na traqueia, pediu ajuda à pneumologista holandesa Petra de Jong. Ele queria se matar.
Ela lhe administrou o poderoso barbitúrico pentobarbital, mas não na dose suficiente. Ele levou nove horas para morrer.
"Percebo agora que fiz as coisas erradas", disse De Jong, 58, em entrevista no seu consultório. "Hoje, a gente pode procurar no Google, mas antes não sabíamos."
Seu jeito caloroso e sincero oculta a sua vocação ou talvez a ateste. O homem foi o primeiro de 16 pacientes a quem De Jong -atual diretora da entidade pró-eutanásia Right to Die-NL- ajudou a ter "uma morte digna", como ela descreve.
Fundada em 1973, a Right to Die-NL está na linha de frente do movimento para tornar a eutanásia acessível ao grande público na Holanda. Pesquisas mostram que a maioria dos holandeses acredita que a eutanásia deveria estar disponível para pacientes que a desejarem e milhares a solicitam todos os anos.
Mas alguns acham que a Right to Die-NL está indo longe demais. A organização propõe que todas as pessoas a partir dos 70 anos tenham o direito à morte assistida, mesmo sem sofrerem de doenças terminais. O governo conservador do premiê Mark Rutte diz que a lei não será mudada no seu mandato.
A Right to Die-NL, que diz ter 124 mil membros, virou notícia em março ao criar equipes móveis para ajudar os pacientes a morrerem em suas casas.
"Internacionalmente, os holandeses têm conduzido a conversa em termos da sabedoria (de deixar as pessoas escolherem como e quando morrerem quando estão sob grande sofrimento) e da natureza da compaixão ao morrer", disse Paul Root Wolpe, diretor do Centro para a Ética da Universidade Emory, em Atlanta.
Uma lei holandesa de 2002 diz que os médicos podem atender aos pedidos de pacientes que desejam morrer, desde que observem certas diretrizes.
A solicitação deve ser feita voluntariamente por um paciente devidamente informado, que esteja passando por um sofrimento duradouro e intolerável. Um segundo médico deve atestar que o caso atende aos requisitos e a morte precisa ser relatada para uma análise.
De Jong disse que os médicos holandeses geralmente realizam a eutanásia injetando um barbitúrico que induz ao sono, seguido por um potente relaxante muscular que faz o coração parar.
Para o suicídio assistido, o médico prescreve uma droga para impedir vômitos, seguida por barbitúricos. Quase 80% dessas mortes ocorrem nas casas dos pacientes, segundo a Real Associação Médica Holandesa.
Em 2010, os médicos relataram 3.135 notificações de "pedidos de encerramento da vida".
Eric van Wijlick, consultor político da entidade, disse que a eutanásia costuma ser realizada por clínicos gerais. Ele afirmou também que a lei da eutanásia seria difícil de ser aplicada em outro lugar, porque todos na Holanda têm acesso a atendimento médico, renda e moradia.
"Não há razões econômicas para pedir a eutanásia", disse ele. Talvez não fosse assim nos Estados Unidos, onde o sistema de saúde é baseado no lucro.
As equipes móveis são necessárias, disse De Jong, porque muitos clínicos gerais, por razões médicas ou por incerteza quanto à lei, recusam-se a ajudar na morte de pacientes em sofrimento quando já é tarde demais para encontrar outro médico.
"Achamos que os idosos podem sofrer com a vida", afirmou De Jong. "A tecnologia médica está tão avançada que as pessoas vivem cada vez mais e às vezes elas dizem: 'Já chega'."
Wijlick disse que a Real Associação Médica Holandesa está "desconfortável" com as equipes móveis e que é contra a eutanásia para quem "sofre com a vida". Apesar disso, observou ele, um médico ainda pode explicar aos pacientes como se privarem de comer e beber e assisti-los acerca de qualquer sofrimento que isso acarrete.
A organização cristã NPV, que tem 66 mil membros e representa pacientes holandeses, critica a atual aplicação da lei, argumentando que a prática da eutanásia tem sido ampliada para abranger pacientes que podem não ter capacidade para solicitar ajuda para morrer.
Elise van Hoek-Burgerhart, porta-voz do NPV, acrescentou por e-mail que uma preocupação é que os médicos das equipes móveis não sejam capazes de conhecer bem um paciente em poucos dias.
Wolpe, da Universidade Emory, disse ser "em geral favorável" a que as pessoas optem por morrer, mas que fica preocupado com algumas tendências, como a de estender a eutanásia a pessoas que não estão sofrendo fisicamente.
"Quando você passa dos critérios puramente fisiológicos para um conjunto de critérios psicológicos, você está abrindo as portas ao abuso e ao terror."