No dia 12 de agosto de 1883, uma série de cometas passou perto de atingir a Terra, matando praticamente tudo em nosso planeta.
É isso que afirmam os cientistas da Universidade Nacional Autônoma do México, após reanalisar as descobertas de José Bonilla,
um astrônomo mexicano que pode ter passado perto de testemunhar a
destruição do mundo como conhecemos. Em 1883, Bonilla observou 447
objetos passando em frente ao Sol por dois dias seguidos em Zacateas, no
México; ele publicou suas descobertas em um jornal de astronomia
francês. Mas esses objetos não foram vistos em grandes observatórios de
Puebla ou da Cidade do México, onde equipes maiores de cientistas
observaram e esperaram o fenômeno dia e noite. Por quê? Na época,
ninguém sabia ao certo. O editor
do L’Astronomie, onde as descobertas de Bonilla foram publicadas,
sugeriu que pássaros, insetos ou até mesmo poeira tenha passado em
frente ao seu telescópio.
A equipe da Universidade do
México tem outra explicação. Eles afirmam que o que Bonilla observou
eram fragmentos reais de um gigantesco cometa de bilhões de toneladas, e
a razão para que ninguém tenha visto os objetos é que eles passaram tão
próximos da Terra que eles só foram visíveis para observadores
posicionados em partes muito estreitas do planeta. Mas é aqui que as
coisas ficam mais malucas: como a Cidade do México e Puebla ficam a
pouco menos de 650 kms de Zacateas, a equipe calcula que o cometa passou
entre 480 e 8 mil quilômetros da Terra. E isso provavelmente os deixou
bem próximos da extinção total.
Bonilla observou 447 objetos por 2
dias, mas ele os contou apenas em um tempo total de 3,5 horas. Para
calcular o total correto do número de fragmentos, a equipe pegou a média
dos fragmentos vistos por Bonilla por hora e os multiplicou para um dia
inteiro de evento. Total: 3.275 peças separadas, todos eles do mesmo
tamanho ou maiores do que o meteoro de Tunguska, em 1908. O impacto em Tunguska
foi, em estimativas moderadas, de cerca de 15 megatons, ou mil vezes
mais potente do que Hiroshima. 3.275 dessas bombardeando o planeta
durante dois dias seria, como dizem os autores da pesquisa, “um evento
de extinção”.
A fragmentação de cometas era um fenômeno conhecido
em 1883, mas apenas dois casos haviam sido observados. É por isso que
provavelmente Bonilla e o editor dos pássaros não fizeram a conta
simples. Algumas das trajetórias feitas por Bonilla coincidem com um dos
cometas que foi observado no mesmo ano, mas é possível que outro
cometa, tão grande assustador quanto o outro, tenha passado despercebido
e bem próximo da Terra. [Cornell University Library via Technology Review, SlashDot; Science; Crédito da imagem: Fragmento do cometa 73P/Schwassmann-Wachmann 3 de APOD]
Visto no Gizmodo Brasil.
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