Grécia, tome a iniciativa
Muitos analistas criticam os líderes europeus, particularmente a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, pela timidez e hesitação que têm caracterizado suas ações.
Estou de acordo com essa avaliação, mas eu nunca vi credor tomar a iniciativa de perdoar parte da dívida do devedor. Por isso, minha crítica maior é ao primeiro-ministro da Grécia, George Papandreou.
Quando vejo sua imagem na mídia, não posso deixar de me sentir solidário com ele, dado o tamanho da crise que está enfrentando.
Mas não posso também deixar de compará-lo com o presidente argentino Fernando de la Rúa, um político tão correto e bem-intencionado como Papandreou, que, em 2001, diante da crise gravíssima da Argentina, revelou-se um fraco, ficou imobilizado, sem coragem de tomar medidas excepcionais para enfrentar uma conjuntura excepcional.
E não posso deixar de lembrar que foi preciso que um novo presidente, Eduardo Duhalde, assumisse e chamasse Roberto Lavagna para o Ministério da Economia, para que a crise fosse enfrentada com determinação e superada.
Agora, enquanto Papandreou se limita a pedir ajuda e a prometer o que não pode cumprir, pede-se aos líderes europeus que decidam por um grande socorro à Grécia e outros países em crise que envolva a reestruturação e a monetização de suas dívidas e a criação de eurobônus.
Essa é a única solução possível, é condição para que a União Europeia salve o euro e proteja seus bancos. Porque a crise maior é dos grandes bancos europeus, dada sua alta exposição nos países já insolventes ou que caminham para a insolvência.
O Fundo Europeu de Estabilidade Financeira foi um bom passo na direção do equacionamento da crise, mas sabemos que não tranquilizou o mercado financeiro porque é insuficiente. O fundo terá que ser muito maior, e para isso será preciso que sua necessidade se torne evidente para os cidadãos europeus.
Nesse momento, quem devia estar tomando a iniciativa, quem devia estar cuidando de sua própria casa é o governo grego.
Caberia a ele fazer um plano heroico que envolvesse a declaração da moratória, a exigência de amplo desconto de sua dívida pública e a disposição de a Grécia sair do euro e desvalorizar sua moeda.
Essa é uma política arriscada? Sim, mas não creio que o custo envolvido seja maior do que o que se está pedindo da Grécia.
Pede-se um imenso corte fiscal associado a uma política altamente recessiva que baixe salários através do desemprego. Por meio do plano grego, o desconto seria maior, e o corte fiscal, menor, e o reequilíbrio da conta corrente do país seria obtido pela desvalorização da moeda nacional e não via desemprego.
Diante dessa iniciativa grega, os líderes europeus terão duas alternativas. Ou ficarão indignados, mas isso não resolverá o problema de seus bancos e de sua Europa, ou ficará mais claro para os eleitores o que está em jogo. Não é só a Grécia mas toda a Europa e seus bancos.
Assim, seus governos adquirirão a legitimidade política que hoje não têm para tomar as medidas necessárias para conservar a Grécia no euro e para promover a reestruturação da sua dívida de maneira administrada.
Estou de acordo com essa avaliação, mas eu nunca vi credor tomar a iniciativa de perdoar parte da dívida do devedor. Por isso, minha crítica maior é ao primeiro-ministro da Grécia, George Papandreou.
Quando vejo sua imagem na mídia, não posso deixar de me sentir solidário com ele, dado o tamanho da crise que está enfrentando.
Mas não posso também deixar de compará-lo com o presidente argentino Fernando de la Rúa, um político tão correto e bem-intencionado como Papandreou, que, em 2001, diante da crise gravíssima da Argentina, revelou-se um fraco, ficou imobilizado, sem coragem de tomar medidas excepcionais para enfrentar uma conjuntura excepcional.
E não posso deixar de lembrar que foi preciso que um novo presidente, Eduardo Duhalde, assumisse e chamasse Roberto Lavagna para o Ministério da Economia, para que a crise fosse enfrentada com determinação e superada.
Agora, enquanto Papandreou se limita a pedir ajuda e a prometer o que não pode cumprir, pede-se aos líderes europeus que decidam por um grande socorro à Grécia e outros países em crise que envolva a reestruturação e a monetização de suas dívidas e a criação de eurobônus.
Essa é a única solução possível, é condição para que a União Europeia salve o euro e proteja seus bancos. Porque a crise maior é dos grandes bancos europeus, dada sua alta exposição nos países já insolventes ou que caminham para a insolvência.
O Fundo Europeu de Estabilidade Financeira foi um bom passo na direção do equacionamento da crise, mas sabemos que não tranquilizou o mercado financeiro porque é insuficiente. O fundo terá que ser muito maior, e para isso será preciso que sua necessidade se torne evidente para os cidadãos europeus.
Nesse momento, quem devia estar tomando a iniciativa, quem devia estar cuidando de sua própria casa é o governo grego.
Caberia a ele fazer um plano heroico que envolvesse a declaração da moratória, a exigência de amplo desconto de sua dívida pública e a disposição de a Grécia sair do euro e desvalorizar sua moeda.
Essa é uma política arriscada? Sim, mas não creio que o custo envolvido seja maior do que o que se está pedindo da Grécia.
Pede-se um imenso corte fiscal associado a uma política altamente recessiva que baixe salários através do desemprego. Por meio do plano grego, o desconto seria maior, e o corte fiscal, menor, e o reequilíbrio da conta corrente do país seria obtido pela desvalorização da moeda nacional e não via desemprego.
Diante dessa iniciativa grega, os líderes europeus terão duas alternativas. Ou ficarão indignados, mas isso não resolverá o problema de seus bancos e de sua Europa, ou ficará mais claro para os eleitores o que está em jogo. Não é só a Grécia mas toda a Europa e seus bancos.
Assim, seus governos adquirirão a legitimidade política que hoje não têm para tomar as medidas necessárias para conservar a Grécia no euro e para promover a reestruturação da sua dívida de maneira administrada.
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