quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Wikileaks: Comando militar de Israel diz não ter paciência com "Gandhis palestinos"


Em 4 de fevereiro de 2010, Avi Mizrachi, chefe do Comando Militar Israelense e responsável pela segurança na área central do país disse a militares americanos que iria endurecer as represálias contra os protestos pacíficos realizados por palestinos na Cisjordânia. Segundo Mizrachi, os protestos tinham como objetivo aumentar as tensões entre os palestinos e Israel, conforme informa um telegrama enviado em 12 de fevereiro de 2010 pela embaixada americana em Tel Aviv, vazado pelo site Wikileaks.
Amos Gilad, chefe de assuntos Politico-Militares do Ministério da Defesa israelense dizia não ter paciência com os “Gandhis palestinos”, maneira como os chefes de segurança de Israel se referiam aos manifestantes da Cisjordânia. Para Israel, os protestos não seriam pacíficos e também os considerava injustificados. Os locais onde ocorreram os protestos estavam longe do muro erguido por Israel e não havia problemas com os colonos e assentamentos judeus na região.
Na opinião do comandante militar de Israel, muita gente “não sabia por que estava protestando e que foram orientados a se levantar contra a ocupação israelense”. De acordo com Mizrachi, o exército iria reprimir até os protestos não violentos. Uma das maneiras de reprimir os manifestantes é enviar caminhões com a chamada “água suja” - água quimicamente tratada por Israel para reforçar o mau cheiro.
Segundo rumores ouvidos por Mizrachi, Salam Fayyad, primeiro-ministro palestino planejava estar presente em um desses protestos pacíficos. O general israelense temia que Fayyad fosse atingido pelo banho de “água suja” usado para reprimir as manifestações na Cisjordânia. Sob ordens de Mizrachi, Nitzan Alon, comandante militar na região, e Poli Mordechi, administrador civil da Cisjordânia, se encontraram com as forças de segurança palestinas e pediram a diminuição dos protestos.
Temendo repercussão ruim, Mizrachi preferia não ter que reprimir os protestos, diz o telegrama enviado por James Cunningham, embaixador na capital israelense. Entretanto, o chefe do comando militar de Israel considerava que as manifestações “pacíficas” eram organizadas por gente suspeita e planejava deter esses organizadores. Mizrachi reforça a opinião de que os protestos tinham somente o objetivo de excitar a revolta palestina contra as forças de ocupação israelenses.
De acordo com o diplomata americano, Israel estava perdendo a paciência com essas manifestações e com os “Gandhis palestinos”. Prova dessa irritação foi a detenção de vários membros de ONGs estrangeiras na Cisjordânia. Os estrangeiros tinham seus vistos expirados ou tinham apenas a permanência de turistas. Muitos desses estrangeiros participavam ou organizavam os protestos.
Para dificultar as ações dessas ONG estrangeiras, o governo de Israel cessou os vistos de trabalho para estrangeiros nos territórios ocupados por meses. À época (fevereiro de 2010), Israel permitia apenas visto de poucas semanas de duração ou de entrada única. O Ministério da Imigração Israelense se defendeu, dizendo que as prisões de ativistas foram feitas a pedido das Forças Armadas de Israel.
A Justiça israelense, no entanto, determinou que o ministério da Imigração não pode operar além da linha verde – fronteira Israel-Palestina demarcada após os acordos de paz de 1949 – e com isso, os ativistas, na maioria europeus, foram soltos pelo governo de Tel-Aviv. O Ministério da Imigração prometeu não desafiar a determinação judicial e não realizar mais operações dentro das fronteiras palestinas.


Nenhum comentário:

Postar um comentário