Abaixo o bigode do Sarney!
CUSTEI A levantar do sofá para atender o telefone.
"Não acredito que você não foi ao protesto contra a corrupção." Era o meu compadre. Ele mora há tantos anos em Londres que parece ter esquecido de que a política, da forma como nós a praticamos, é bidimensional, rasa e oca.
"Eu iria", disse-lhe. "Mas fiquei na dúvida se o desfile de cães do João Dória Jr. seria antes ou depois do ato e acabei perdendo a hora".
É um problema. Nunca se sabe quem está promovendo a passeata. E depois dizem que no Brasil as redes sociais não conseguem aglutinar para fazer protesto organizado, como se o problema fosse falta de poder de mobilização das redes. Sobre a qualidade da mobilização, ninguém diz nada.
Se não for para comprar pãozinho na padaria -sabe como a gente gosta de arrastar o pé dentro da Havaiana da geladeira para o sofá e de volta-, eu prefiro ficar em casa.
Abaixo os impostos! Abaixo as filas nos hospitais públicos! Abaixo a matança de gatos para fazer cuíca no Carnaval! Qualquer que seja a reivindicação, ela precisa conversar com a alma.
Desconfio de que o problema não tenha sido a falta de apelo do Twitter e do Facebook. As vozes que ouvimos esparsas nos protestos do feriado da Independência tem mais o design de choraminga de uma oposição cuja única agenda é querer de volta o poder que lhe escorreu pelas mãos.
Vi várias imagens das manifestações do basta à corrupção e em muitas delas apareciam bandeiras do PT chamuscadas ou ardendo. Isso faz sentido em um país que está maduro politicamente? Tem razão de ser em uma sociedade que conhece o grau de podridão que contaminou as esferas política, legislativa, administrativa e social? A corrupção é privilégio do PT em um país em que pobre rouba pobre, médico esfola paciente e padre passa a mão na carteira do defunto?
Pretendem transformar Dilma na santa Virgem Maria. A Dilma da Berenice, veja só. Na mesmíssima manobra, empurram José Dirceu para o papel de Mefistófeles. Só falta agora inventar uma cavalaria ou os boinas verdes para virem nos livrar do bigode do Sarney.
Em vez de queimar bandeira do PT em praça pública, os indignados do feriado deveriam estar empenhados em pressionar o Congresso a votar para endurecer as leis contra a corrupção. É bem simples.
A gente concentra toda a nossa capacidade neste momento em botar essa turma que só sabe legislar em causa própria para sacudir.
Veja: crime hediondo é pleonasmo, já que não existem crimes adoráveis. Mas corrupção traz consequências nefastas para a sociedade e, como tal, precisa ser tratada como crime gravíssimo e ter leis compatíveis. Nós exigimos que ela seja igualada em gravidade ao homicídio e ponto.
Isso nada tem a ver com mesquinharia partidária nem tampouco com picuinhas de classe. É uma reivindicação justa e autêntica neste momento histórico que precisa ser respeitada e plenamente atendida pelo Congresso Nacional. Estamos resolvidos? Ficamos marcados então para o dia 2 de novembro, no vão do Masp.
CUSTEI A levantar do sofá para atender o telefone.
"Não acredito que você não foi ao protesto contra a corrupção." Era o meu compadre. Ele mora há tantos anos em Londres que parece ter esquecido de que a política, da forma como nós a praticamos, é bidimensional, rasa e oca.
"Eu iria", disse-lhe. "Mas fiquei na dúvida se o desfile de cães do João Dória Jr. seria antes ou depois do ato e acabei perdendo a hora".
É um problema. Nunca se sabe quem está promovendo a passeata. E depois dizem que no Brasil as redes sociais não conseguem aglutinar para fazer protesto organizado, como se o problema fosse falta de poder de mobilização das redes. Sobre a qualidade da mobilização, ninguém diz nada.
Se não for para comprar pãozinho na padaria -sabe como a gente gosta de arrastar o pé dentro da Havaiana da geladeira para o sofá e de volta-, eu prefiro ficar em casa.
Abaixo os impostos! Abaixo as filas nos hospitais públicos! Abaixo a matança de gatos para fazer cuíca no Carnaval! Qualquer que seja a reivindicação, ela precisa conversar com a alma.
Desconfio de que o problema não tenha sido a falta de apelo do Twitter e do Facebook. As vozes que ouvimos esparsas nos protestos do feriado da Independência tem mais o design de choraminga de uma oposição cuja única agenda é querer de volta o poder que lhe escorreu pelas mãos.
Vi várias imagens das manifestações do basta à corrupção e em muitas delas apareciam bandeiras do PT chamuscadas ou ardendo. Isso faz sentido em um país que está maduro politicamente? Tem razão de ser em uma sociedade que conhece o grau de podridão que contaminou as esferas política, legislativa, administrativa e social? A corrupção é privilégio do PT em um país em que pobre rouba pobre, médico esfola paciente e padre passa a mão na carteira do defunto?
Pretendem transformar Dilma na santa Virgem Maria. A Dilma da Berenice, veja só. Na mesmíssima manobra, empurram José Dirceu para o papel de Mefistófeles. Só falta agora inventar uma cavalaria ou os boinas verdes para virem nos livrar do bigode do Sarney.
Em vez de queimar bandeira do PT em praça pública, os indignados do feriado deveriam estar empenhados em pressionar o Congresso a votar para endurecer as leis contra a corrupção. É bem simples.
A gente concentra toda a nossa capacidade neste momento em botar essa turma que só sabe legislar em causa própria para sacudir.
Veja: crime hediondo é pleonasmo, já que não existem crimes adoráveis. Mas corrupção traz consequências nefastas para a sociedade e, como tal, precisa ser tratada como crime gravíssimo e ter leis compatíveis. Nós exigimos que ela seja igualada em gravidade ao homicídio e ponto.
Isso nada tem a ver com mesquinharia partidária nem tampouco com picuinhas de classe. É uma reivindicação justa e autêntica neste momento histórico que precisa ser respeitada e plenamente atendida pelo Congresso Nacional. Estamos resolvidos? Ficamos marcados então para o dia 2 de novembro, no vão do Masp.
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