Reestruturação negociada para a crise
A União Europeia é uma maravilhosa e bem-sucedida obra de engenharia política, mas o mesmo não se pode dizer da criação do euro, e muito menos da forma pela qual a Europa vem se comportando quando a insolvência da Grécia a levou à sua primeira grande crise.
Em vez de tratar de resolver o problema surgido, está tentando adiá-lo e, assim, vê o problema agravar-se.
A crise da Grécia teve quatro responsáveis: o governo grego anterior, que não soube administrar suas contas; a Alemanha, que aumentou a produtividade sem aumentar os salários e assim desequilibrou as economias dos países mais fracos, endividando-as; os bancos, que alegremente emprestaram para a Grécia e para outros países; e a teoria econômica ortodoxa, que defende o crescimento com "poupança externa". Ou seja, tentar crescer à custa de déficits em conta corrente esquecendo que estão geralmente associados a déficits públicos.
A crise surgiu há um ano, e logo ficou claro que era uma crise de insolvência do Estado grego. A solução nessas situações é "reestruturar" a dívida: o país se dispor a pagar apenas uma parte dela.
A alternativa de empréstimos adicionais combinados com medidas de austeridade que provoquem recessão e reduzam os salários é ineficaz porque a dívida é grande demais para poder ser paga.
No caso grego, é ainda mais inadequada porque o país não tem a possibilidade de combinar austeridade com a depreciação da moeda, que causaria a redução dos salários sem muita dor e reequilibraria as contas externas.
Em vez de entender qual é o real interesse da Grécia e começar a discutir com o resto da Europa como viabilizar uma reestruturação negociada, o primeiro-ministro George Papandreou preferiu o caminho mais fácil de subordinar-se às burocracias internacionais envolvidas: o Banco Central Europeu, a Comunidade Europeia e o FMI.
Estas, sempre conservadoras, decidiram empurrar o problema com a barriga em vez de resolvê-lo. Apenas a Alemanha agiu de forma consequente: propôs a reestruturação negociada, obrigando, assim, os credores a assumirem parte das perdas.
Mas há duas semanas o presidente Nicolas Sarkozy logrou convencer a primeira ministra Angela Merkel a continuar a postergar a solução do problema. Em um primeiro momento, um ano atrás, essa política era razoável, porque era preciso dar algum tempo aos bancos credores para se prevenir da perda inevitável. Mas repeti-la agora é apenas agravar o problema.
Os dois argumentos geralmente levantados contra a reestruturação são que ela obrigará a Grécia a sair do euro e que terá um efeito-dominó sobre os demais países frágeis da Europa. A primeira consequência, definitivamente, não é verdadeira.
Quanto à segunda, é preciso considerar que o quadro dos outros países é substancialmente melhor. Por outro lado, não é pospondo a solução de um problema que se evitam o agravamento e o risco para os demais. É hora de resolver a crise -e não é isso o que se está fazendo, em prejuízo da Grécia e da Europa.
A União Europeia é uma maravilhosa e bem-sucedida obra de engenharia política, mas o mesmo não se pode dizer da criação do euro, e muito menos da forma pela qual a Europa vem se comportando quando a insolvência da Grécia a levou à sua primeira grande crise.
Em vez de tratar de resolver o problema surgido, está tentando adiá-lo e, assim, vê o problema agravar-se.
A crise da Grécia teve quatro responsáveis: o governo grego anterior, que não soube administrar suas contas; a Alemanha, que aumentou a produtividade sem aumentar os salários e assim desequilibrou as economias dos países mais fracos, endividando-as; os bancos, que alegremente emprestaram para a Grécia e para outros países; e a teoria econômica ortodoxa, que defende o crescimento com "poupança externa". Ou seja, tentar crescer à custa de déficits em conta corrente esquecendo que estão geralmente associados a déficits públicos.
A crise surgiu há um ano, e logo ficou claro que era uma crise de insolvência do Estado grego. A solução nessas situações é "reestruturar" a dívida: o país se dispor a pagar apenas uma parte dela.
A alternativa de empréstimos adicionais combinados com medidas de austeridade que provoquem recessão e reduzam os salários é ineficaz porque a dívida é grande demais para poder ser paga.
No caso grego, é ainda mais inadequada porque o país não tem a possibilidade de combinar austeridade com a depreciação da moeda, que causaria a redução dos salários sem muita dor e reequilibraria as contas externas.
Em vez de entender qual é o real interesse da Grécia e começar a discutir com o resto da Europa como viabilizar uma reestruturação negociada, o primeiro-ministro George Papandreou preferiu o caminho mais fácil de subordinar-se às burocracias internacionais envolvidas: o Banco Central Europeu, a Comunidade Europeia e o FMI.
Estas, sempre conservadoras, decidiram empurrar o problema com a barriga em vez de resolvê-lo. Apenas a Alemanha agiu de forma consequente: propôs a reestruturação negociada, obrigando, assim, os credores a assumirem parte das perdas.
Mas há duas semanas o presidente Nicolas Sarkozy logrou convencer a primeira ministra Angela Merkel a continuar a postergar a solução do problema. Em um primeiro momento, um ano atrás, essa política era razoável, porque era preciso dar algum tempo aos bancos credores para se prevenir da perda inevitável. Mas repeti-la agora é apenas agravar o problema.
Os dois argumentos geralmente levantados contra a reestruturação são que ela obrigará a Grécia a sair do euro e que terá um efeito-dominó sobre os demais países frágeis da Europa. A primeira consequência, definitivamente, não é verdadeira.
Quanto à segunda, é preciso considerar que o quadro dos outros países é substancialmente melhor. Por outro lado, não é pospondo a solução de um problema que se evitam o agravamento e o risco para os demais. É hora de resolver a crise -e não é isso o que se está fazendo, em prejuízo da Grécia e da Europa.
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