Era a última aula de um curso de empoderamento feminino, que teve apenas uma turma, em uma pequena cidade na região serrana. Eu não estava lá e jamais estaria, mas a amiga de uma amiga de uma aluna me contou esse relato.
Desde então, minha missão é transmiti-lo para o maior número de mulheres possível.
A lição mais valiosa do curso foi deixada para o final. Era algo que libertaria instantaneamente todas as alunas ali presentes da submissão ao gênero masculino. Uma técnica simples que garante, de forma permanente e irrevogável, a emancipação feminina.
Parece falcatrua, eu sei. Ouvindo a história, cheguei a achar que seria convidada para um esquema de pirâmide. Ou melhor, de "mandala da prosperidade". Mas, atenção para o spoiler, funcionou comigo, assim como funcionou com todas elas. Com essa informação, você não vai precisar de um homem nunca mais.
A professora coloca um pote de azeitonas no meio do círculo. Pede a ajuda de voluntárias para abri-lo.
Todas tentam, sem sucesso. É nessa sensação de impotência em que mora o perigo. O pote de azeitona condensa todas as nossas inseguranças. Um alimento em conserva aparentemente inofensivo, que parece nos lembrar de que não somos fortes o suficiente. Que não somos dignas de um aperitivo com excesso de sódio se não tivermos um homem por perto.
Por que perdemos tanto tempo, energia e colágeno investindo em relacionamentos com o sexo masculino? Porque eles são bons amigos, bons pais, bons amantes? Ou por que eles abrem o pote de azeitona? Ambas sabemos a resposta. E toda mulher merece saber que é capaz de abrir o pote de azeitona sozinha. É por isso que precisamos ser mais unidas do que uma tampa a um recipiente de vidro fechado a vácuo e passar esse conhecimento adiante.
Texto de Manuela Cantuária, na Folha de São Paulo.
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