No caso do futebol deles, é mais simples do que parece: basta carregar a bola até o outro lado sem ser derrubado. É, basicamente, um arrastão televisionado. “Ah, mas às vezes eles têm que chutar a bola pro alto.” Sim, no arrastão também: quando chega a polícia o bandido tem que dar um bico no celular pra esconder o flagrante. Só não me pergunte por que é que em vez de uma bola os americanos usam um enorme quibe.
Nas eleições, também ganha quem ficar em pé até o final. Gosto especialmente do debate deles, onde a única regra é: não há regras. Cada um fala quando quer, por cima do outro, e quem fala mais alto ganha. Basicamente o que o brasileiro chama de “Natal em família”.
A mesma simplicidade não se vê nas prévias, que parecem mais uma partida de beisebol. Demorada, confusa, impossível de entender sem uma pós-graduação em estatística.
Talvez você ache que já temos problemas demais, e as eleições americanas não importam —mas é lá que a gente descobre de quem será o saco escrotal que ocupará a boca do nosso presidente. Levando em conta que as chances da única mulher que restou na corrida são muito pequenas, já dá pra dizer com certeza: serão testículos, como de hábito, que tornarão a dicção de Bolsonaro comprometida. Resta saber qual será o varão pra quem o nosso presidente dirá “I love you”, e receberá de volta um silêncio constrangido.
Nada garante que Bernie Sanders, o Suplicy deles, será o escolhido —mesmo sendo o mais votado. Antes é preciso cruzar o número de votos com o mapa astral e o tipo sanguíneo gerando uma dízima periódica da qual nascerá a raiz quadrada de um algoritmo que indicará um nome.
Os chefes do Partido Democrata então vão jogar fora esse nome e indicar outro nome, que também pode perder mesmo que tenha mais votos. Trump teve menos votos que Hillary, Bush filho foi menos votado que Al Gore. A maior democracia do mundo escolhe o presidente mais ou menos que nem o Vasco, onde mortos saem do túmulo pra votar —duas vezes.
Tenho uma solução inovadora pra democracia americana: o placar do futebol. Não o deles, mas o nosso. É simples: ganha quem fizer mais gol. Cada voto é um gol. Mais ou menos como no resto do mundo. E que não mandem prender, como no Brasil, o artilheiro.
Texto de Gregório Duvivier, na Folha de São Paulo.
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